Rumo à Ásia para testemunhar de Jesus por meio dos negócios

A história inspiradora de um cristão brasileiro que se prepara para mudar com a família para a Indonésia

Isaque (o nome foi alterado por precaução pelo contexto sensível da região para onde vai se mudar em breve) – casado há 15 anos e pai de dois filhos (8 e 9 anos) – está hoje nos EUA se preparando para ser testemunha do Senhor Jesus e de todo seu ensinamento em um contexto majoritariamente muçulmano. Como? Investindo em um negócio transformacional inspirado pelo movimento cristão global de Negócios como Missão (do inglês Business as Mission ou BAM).

Confira seu testemunho a seguir.

Não nasci em um lar cristão, e hoje percebo que Jesus sempre me buscou de forma discreta e amorosa (creio que isso vale para todos, aliás). A decisão de me tornar seu discípulo, contudo, aconteceu em junho de 1992, quando eu cursava a faculdade de Direito da USP, mas me sentia profundamente vazio. Convidado a participar de uma reunião do movimento católico carismático, ali experimentei a presença do Espírito Santo de Deus e o profundo amor de Jesus. Um ano depois, Deus me levou a frequentar uma igreja batista em São Paulo.

Aprendi a apreciar a Palavra de Deus nessa comunidade, só que não fui discipulado de forma adequada, tanto que só me batizei em 1997 numa temporada de estudos no exterior. (Precisamos de cristãos maduros acompanhando a vida de novos cristãos de forma mais próxima e sistemática. A gente se perde no meio do rebanho.) Meu primeiro contato com um muçulmano, que se tornou meu amigo, foi durante essa temporada no exterior.

Com base em minha jornada com Cristo, recomendo dois discipulados independentes: o da prática da Lectio Divina[1] (o pastor Osmar Ludovico tem um ótimo programa de orientação valendo-se dessa metodologia); e o baseado na obra Conhecendo Deus e Fazendo a Sua Vontade, de Henry T. Blackaby & Claude V. King. A Lectio Divina me ajudou muito a aprofundar minha intimidade com Cristo: aprendendi a ouvir a voz do Espírito ao meditar na Bíblia, a Palavra do Deus vivo. Com Blackaby & King, tenho experimentado que a vontade de Deus se manifesta quando sua Palavra (sobre a qual meditamos em solitude e nos púlpitos), nossas orações, circunstâncias pessoais e o gemido do sofrimento humano convergem numa só direção. O que veio em seguida foi apenas consequência disso.

Passei a aspirar pela expansão do reino de Deus e a servir com meus dons e talentos na igreja local. Integrei o presbitério em minha comunidade de fé de 2013 a 2016, quando assessorei um projeto de missões urbanas para adolescentes em situação de vulnerabilidade: uma escola de jovens aprendizes em uma ONG que os treina e insere no primeiro emprego. Que alegria divina senti quando, no terceiro mês, conseguimos emprego para 300 desses adolescentes em 2017. Marcaram-me profundamente os pais de um jovem aprendiz nosso. Ambos estavam desempregados e, naquele momento, o filho era quem sustentava a casa. Vieram agradecer à liderança do projeto. Comecei a discernir que meu chamado estava ligado a demonstrar o amor de Deus por meio de projetos de desenvolvimento socioeconômico. Ao mesmo tempo, Deus foi me dando ciência dos desafios globais – como a pobreza extrema e o tráfico e a escravidão humanos – em lugares em que o evangelho é pouco ou nada conhecido. Participei de uma viagem missionária de curto prazo para o Líbano, onde tive contato com a realidade de refugiados sírios. Meu coração foi tomado por compaixão.

Conheci Paulo Humaitá, CEO da Bluefields Aceleradora, ONG cristã que impulsiona negócios de tecnologia e impacto social. Ele me apresentou o conceito de Negócios como Missão (do inglês Business as Mission ou BAM), e me colocou em contato com a rede BAM Global e a Open Network, organização global que mentoreia empresários cristãos entre povos não alcançados[2] e à qual sou afiliado. Deus falou também por meio de pregações dominicais em minha Igreja local sobre a necessidade de cristãos em contextos transculturais em que o evangelho é pouco conhecido e onde há carência de riqueza e de empregos.

Sou advogado e servi ao Senhor com minha profissão por cerca de 25 anos. Sempre fui apaixonado pelo Direito: escrevi alguns livros, ganhei causas importantes e lecionei em boas faculdades por anos a fio. Mas, em 2016/17, então com 44 anos, vieram os questionamentos naturais da meia idade numa fase em que eu já tinha alcançado todos os meus sonhos como advogado. Já era tempo de sonhar os sonhos de Deus.

Todo esse processo de três anos discernindo a vontade de Deus culminou em 2018, quando Deus literalmente vendeu nossa casa por nós, encerrei minhas atividades como advogado e fui aprovado em um Mestrado on-line em Missiologia em um seminário norte-americano que iniciei já no Brasil. Em 2019, fomos enviados em missão por nossa igreja local e mudamos para os Estados Unidos para aprofundar nossa preparação, mas sem saber ainda para onde Deus nos enviaria. Esposa e filhos precisavam aperfeiçoar o inglês, idioma básico para aprender, posteriormente, outros idiomas. Atualmente, termino o Mestrado em Missiologia e curso outro Mestrado em Negócios Sociais. Em 2022, salvo restrições devido à pandemia de Covid-19, devemos nos mudar para a Indonésia, outra convergência divina que não cabe contar aqui. O próximo ano será um período de aculturação, aprendizado da língua e sondagem das oportunidades de negócios na Indonésia, país com a maior população muçulmana do mundo. Atuaremos, posteriormente, junto a amigos muçulmanos que têm pouco ou nenhum contato com o evangelho por meio da abertura de um negócio que possa abençoar a comunidade local.

Destaco a crucial importância de meus mentores da Open Network especializados em Negócios como Missão. O trabalho é resultado de um esforço não apenas individual, envolve minha igreja local e toda a igreja (comunidade) global de Jesus representada no movimento BAM, hoje presente em todos os continentes.

Que o Senhor use nossas vidas e nossos recursos financeiros para a glória dele! E que esse breve testemunho seja usado pelo Espírito para inspirar você! Amém!

 

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Leia também o blogpost Empresários, missionários ou ambos?

 

[1] A Lectio Divina, também conhecida como leitura orante, é um método de oração, reflexão e contemplação praticado por cristãos há séculos, especialmente nos mosteiros beneditinos. É nada mais que orar e ler as Escrituras em um tempo de comunhão com Deus.

[2] De acordo com a Associação de Missões Transculturais Brasileiras (AMTB), um povo não alcançado (PNA) é um povo sem comunidade cristã autóctone, com insuficientes números, recursos e visão para fazer discípulos de Jesus entre seu próprio povo sem apoio externo, em geral com menos de 2% de cristãos. O termo correlato em inglês é Unreached People Group (UPG).

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