Pregar o evangelho para quem se declara cristão?
- 09/11/2021
- Postado por: Martureo
- Categorias: Blog, Especial Mulheres & Missão
Missão para cristãos nominais em geral não é incluída nos planos da igreja mundial
Fernanda Schimenes
Cerca de um terço da população mundial declara-se cristã, sendo que desses:
- 50% são católicos;
- 37% são protestantes;
- 12% são ortodoxos;
- 1% são de alguma outra tradição.[1]
No entanto, “muitos desapareceram de nossas igrejas, não estão participando da alegria de verdadeiramente conhecer e seguir a Cristo”, como alerta o “Parecer de Lausanne de Roma 2018 sobre Nominalismo Cristão”. O documento chama a atenção para o fato de que a “missão para cristãos nominais não é frequentemente incluída nos planos da igreja mundial e de seus líderes”.
Há consenso entre teólogos, missiólogos e líderes cristãos sobre os seguintes pontos, como mostra a série de 10 vídeos curtos (em inglês) sobre nominalismo produzida também pelo Movimento de Lausanne.
- O nominalismo é algo complexo de se definir;
- A fé nominal existe desde o Antigo Testamento;
- Está presente em todas as denominações cristãs (e em outras religiões), gerações, correntes teológicas e em todo o globo;
- Não é possível quantificar o número de cristãos nominais;
- Costuma ser mais presente onde o cristianismo é dominante ou majoritário;
- Contribui com a reputação negativa da igreja cristã.
Como definir nominalismo?
Amos Kimera, capelão-assistente na Universidade Cristã de Uganda, diz: “Se você se identifica como cristão, mas age de modo diferente do que professa ser, você é um nominal”. Olaf Edsinger, secretário-geral da Aliança Evangélica Sueca, completa: “É alguém que afirma ser cristão, mas não experimentou de fato o que é ter um relacionamento com Deus”.
Segundo o parecer de Lausanne, de um ponto de vista sociológico, o cristianismo nominal é descrito de forma negativa: não afiliados, não praticantes, não convertidos ou não compromissados. Como descreveríamos, então, um cristão? O Pacto de Lausanne se refere ao cristão como alguém com as seguintes características, valendo a ressalva de que o relacionamento entre a conversão a Cristo e as ordenanças (sacramentos) e participação na igreja continua em discussão mesmo entre nós evangélicos:
- Fé no Cristo histórico e bíblico como salvador e Senhor;
- Arrependimento perante e reconciliação com Deus;
- Compromisso com o discipulado ao seguir Cristo, pelo poder do Espírito Santo, negando a si próprio e carregando a cruz;
- Incorporação na comunidade de Cristo, na igreja local;
- Envolvimento no serviço de Cristo no mundo de forma responsável.
O nominalismo e a missão de Deus
Em primeiro lugar, devemos reconhecer, como igreja que se envolve na missão de Deus, que negligenciamos os cristãos nominais – aqueles que se declaram cristãos e nunca entenderam completamente ou aceitaram “as boas novas da graça de Deus” (At 20.24) – em nosso meio, na sociedade como um todo e em nossas próprias igrejas evangélicas. A seguir, estão algumas sugestões para a igreja mundial que constam do documento produzido em Roma no intuito de buscar e salvar os milhões que sumiram de nossas igrejas e os que, ainda que presentes, não experimentaram a salvação e a completude da vida em Cristo.
- Orar pelos que são cristãos somente em nome para que venham à fé salvadora de Jesus Cristo.
- Refletir de forma honesta sobre as razões de as pessoas se distanciaram das várias formas do cristianismo (católicos, ortodoxos, protestantes/evangélicos).
- Promover mais pesquisas sobre a possível contribuição da teologia evangélica contemporânea para a prática da secularização e do nominalismo.
- Priorizar o discipulado integral que traz todos os crentes à maturidade em Cristo.
- Julgar menos e ouvir mais as histórias dos cristãos nominais, especialmente quando eles vêm de uma tradição eclesiástica diferente da nossa.
- Proclamar o evangelho bíblico com clareza e ousadia, mas sempre atentos ao contexto, para que a mensagem de Cristo seja compreendida de forma correta.
- Plantar novas igrejas e trabalhar pela renovação das igrejas existentes.
- Fomentar movimentos de formação de discípulos que possam inspirar uma nova geração de líderes usados por Deus para acordar a fé cristã dormente.
- Revisar o treinamento teológico, especialmente o da liderança.
Quer saber mais sobre o tema? Leia os seguintes textos:
Europa ocidental: cresce número de “não religiosos”
É cringe ser cristão e se engajar na missão de Deus?