O Evangelho da Prosperidade: uma crítica ao modo de usar a Bíblia por Femi Adeleye

Texto cedido para publicação online pelo Movimento de Lausanne

Introdução

O “evangelho da prosperidade” também chamado “evangelho da saúde e da riqueza”, “evangelho do determine e reivindique” ou “evangelho da ganância” é uma das ênfases que mais cresce na igreja contemporânea. Inicialmente proeminente em igrejas pentecostais e carismáticas, agora está disseminada por várias denominações e tradições eclesiásticas. O evangelho concentra-se basicamente em posses materiais, bem-estar físico e sucesso nesta vida: que inclui principalmente recursos materiais abundantes, saúde, roupas, casas, carros, promoções no trabalho, sucesso nos negócios, bem como outras ambições da vida. Esse evangelho afirma que os crentes têm direito às bênçãos da saúde e da riqueza e que podem obter essas bênçãos mediante confissões positivas de fé e do “semear e colher” pelo pagamento fiel dos dízimos e ofertas. O volume da aquisição material e do bem-estar é muitas vezes equiparado à aprovação divina. Embora a Bíblia afirme que Deus se importa com seu povo, abençoando-o e suprindo suas necessidades — e embora haja formas legítimas de trabalhar para suprir essas necessidades — esse evangelho muitas vezes faz da busca por bens materiais e do bem-estar físico um fim em si. As Escrituras são sempre aplicadas e, às vezes, mal interpretadas ou manipuladas para promover a ênfase central do “evangelho da prosperidade”.

1. Alguns proponentes pioneiros da ênfase:

Antes de entrar na hermenêutica do “evangelho”, é bom examinar alguns dos que promoveram sua ênfase principal. É fácil encontrar as raízes do evangelho da prosperidade nos Estados Unidos. Não há dúvidas de que muitas coisas positivas tiveram origem nos Estados Unidos da América, incluindo-se a rica herança cristã dos avivamentos do século XVIII e a tradição evangélica do século XX. Entretanto, foram principalmente os televangelistas americanos que deram proeminência à busca do materialismo e da ascensão social por meio do “evangelho da prosperidade”. Muitos americanos concordarão que esse evangelho nada mais é do que o velho sonho americano renovado com roupagem bíblica. De acordo com Don McConnell, “a doutrina da prosperidade é um exemplo grosseiro da acomodação cultural da igreja aos valores mundanos”.1 Warren Wiersbe identifica o “evangelho do sucesso” como aquele que se harmoniza perfeitamente com a sociedade americana que “cultua a saúde, a riqueza e a felicidade”.2 De acordo com Gordon Fee,

O cristianismo americano está sendo rapidamente infectado por uma doença insidiosa, o chamado evangelho da “riqueza e da saúde” — embora contenha bem pouco do caráter do evangelho. Em sua formas mais descaradas… simplesmente diz: “Sirva a Deus e fique rico”… nas mais respeitáveis — mas perniciosas — constroem catedrais de cristal de quinze milhões de dólares para a glória do cristianismo suburbano afluente.3

No livro, Defeating the Dragons of the World [Derrotando os dragões do mundo], Stephen D. Eyre identifica corretamente essa tendência cultural que invadiu a igreja como o “dragão do materialismo”. A respeito de seus efeitos ele escreve:

O Dragão do Materialismo nos leva à preocupação com o lado material da vida. Todo o nosso tempo, energia e pensamentos ficam concentrados nos aspectos físicos da vida. Nós nos tornamos materialistas na prática. Sabemos que a vida é mais que isso, mas nosso modo de viver mostra que adotamos o credo do Dragão do Materialismo: “Tudo o que importa são as coisas.4

Enquanto o Americano médio conquista sua prosperidade, com toda honestidade, com o suor do trabalho duro — com exceção daqueles que acertam na loteria —, os televangelistas desejam riqueza instantânea pela manipulação de outras pessoas. O evangelho da prosperidade que emerge de seu contexto cultural e é potencializado por meio da televisão deve ser visto como nada menos que um materialismo que se transformou num dragão e ídolo que escraviza seus criadores. Jim Bakker, fundador do ministério PTL e Heritage USA, cujo império entrou em colapso em 1987, mas se arrependeu depois, deu a entender isso numa entrevista à revista Charisma. Ele admitiu que o PTL se havia transformado numa torre de Babel. Além disso, em suas palavras, “permiti que o ministério PTL crescesse de tal maneira que os prédios no Heritage USA tornassem quase mais importantes que a mensagem de Jesus Cristo. Minha visão era tão importante que eu trabalhava dia e noite para manter vivo esse monstro”.5 Dessas raízes, hoje a prosperidade se espalha praticamente pelo mundo todo.

Entre os americanos proeminentes cujo evangelho da prosperidade tem influenciado a igreja na África estão Oral Roberts e seu filho, Richard Roberts, com seu evangelho “sementes de fé”. Depois temos Kenneth e Gloria Copeland, com a heresia evangelho da “recompensa cem vezes maior”; John Avanzini, que apregoa um Jesus riquíssimo; bem como Frederick Price, que afirma que dirige um Rolls Royce porque está seguindo os passos de Jesus.6 Depois há Morris Cerullo e Robert Tilton. A maioria é da tradição televangelista. Outros mestres da fé estreitamente associados com a tradição deles são Kenneth Hagin, Fred Price e Paul Couch. E, mais recentemente, outros incontáveis.

Oral Roberts e seu filho Richard Roberts: O Comboio “Sementes de Fé”

Não há influência maior no surgimento do evangelho da prosperidade na Nigéria que Oral Roberts, cujo ensino foi acolhido e ensinado pelo Bispo Benson Idahosa — o indiscutível pai do evangelho da prosperidade na Nigéria. O princípio da semente de fé de Oral Roberts é baseado num pensamento que ficou claro como cristal para ele no início da década de 1950. O pensamento é: “qualquer coisa que você conseguir conceber, e crer, você pode fazer”.7 De acordo com Roberts,

Senti meu interior começando a se agitar. Sentia-me levantar por dentro. Fiquei entusiasmado quando comecei a ver o significado da ideia que Deus trouxe à minha mente: qualquer coisa que você conseguir conceber, e crer,você pode fazer! Vi que Deus primeiro concebeu o mundo e o homem. Vi que ele creu. E que fé! Deus acreditou no homem o suficiente para criá-lo com o poder de escolher o bem e o mal, de viver de modo positivo ou negativo, de crer ou duvidar, de aceitar Deus ou denunciá-lo.8

Só nesse início Roberts desconsiderou pelo menos dois pontos. Primeiro, não viu que ele não era Deus para conceber “qualquer coisa”. Segundo, fé bíblica não é “conceber qualquer coisa”: é confiar em Deus. Mas foi essa ideia que convenceu Roberts de que “tudo o que Deus faz começa com uma semente plantada”.9 Assim, convenceu-se de que “Deus só pode multiplicar o que você dá. Se você não dá nada, mesmo que Deus queira multiplicar, ainda será nada”.10 Nossos dízimos ou ofertas a Deus são, portanto, SEMENTES DE FÉ. A partir disso Oral Roberts construiu sua doutrina das sementes de fé, com base em “Enquanto durar a terra, plantio e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite jamais cessarão” (Gn 8.22).11 Deus só nos dará de volta o tanto que tivermos plantado como sementes. Na semeadura da fé a semente é a oferta. Para Roberts, a oferta semeada é multiplicada e devolvida a nós para que tenhamos “carne” em casa — ou mais do que o necessário para nossas necessidades pessoais. Disso Oral Roberts desenvolveu seu princípio “Espere por um Milagre”, salientando que, por meio da oferta semeada, todos os problemas intransponíveis podem ser solucionados. Em essência, Deus se torna um agente de seguros em quem investimos com expectativas de lucros.

É desse modo que Oral Roberts usou as mídias do rádio e da TV para atrair pessoas para seu ministério. Por meio de seu programa “Expect a Miracle” [Espere um milagre], Oral Roberts divulgou seu princípio de sementes de fé, vendeu lenços especiais como “tecidos de oração” e também “pontos de contato” para milagres. Os que necessitam deles, claro, precisam enviar uma doação. De acordo com Peter Elvy em Buying Time [Tempo de Compras], Oral Roberts também publicou uma edição especial da Bíblia com um comentário de 259 páginas. “Não está à venda. Deus me inspirou a enviá-la como presente a todos os que fizerem um compromisso de semente de fé de US$120 para o trabalho que está em andamento na cidade do Faith Medical e Research Centre [Centro de Medicina e Pesquisa Fé], onde medicina e orações se combinam para a cura de milhões”.12

Em seu livro Ashes to Gold [De Cinza para Ouro], Patti Roberts comparou as táticas do ex-sogro à prática de venda de indulgências de João Tetzel.13 Em contraste com Tetzel, que oferecia salvação em troca de dinheiro, Oral Roberts apelava às necessidades das pessoas por meio de seu princípio de sementes de fé.

Aconteceu de eu estar vivendo nos Estados Unidos no auge dos escândalos dos televangelistas na década de 1980. Ali, em janeiro de 1987, Oral Roberts disse a seus seguidores que se não levantasse um total de 8 milhões de dólares até março, Deus tomaria sua vida até 1º. de abril. Mídias cristãs e seculares divulgaram isso. Um jogador acabou salvando-o de ser levado por Deus. Oral Roberts é tão controlado por seus métodos para levantar fundos que às vezes recorre a ameaças. Numa conferência em 1992, diz-se que ele teria pronunciado estas palavras:

Alguns que estão assistindo este ministério no ar prometeram uma grande soma [de dinheiro] para Deus. E vocês agem como se tivessem ofertado, mas não pagaram. Vocês estão tão perto de mentir para o Espírito Santo, que em poucos dias estarão mortos, a menos que paguem o valor que Deus disse. E alguém aqui está captando a mensagem. Você está no limiar de mentir para o Espírito Santo. Não minta para o Espírito Santo. Falou o profeta.14

O Problema da Teologia das Sementes de Fé:

Ainda que Oral Roberts e outros que seguem essa doutrina da semente de fé nos façam acreditar que Deus tem obrigação de reembolsar uma versão multiplicada do “investimento” da pessoa, eles impõem várias pressuposições à Bíblia. Houve várias pessoas abençoadas e providas por Deus na Bíblia, não por causa de uma semente de fé ofertada a ele. Que sementes de fé Abraão ou Salomão ofereceram a Deus? Deus certamente abençoou Abraão e o tornou próspero antes de lhe pedir que sacrificasse Isaque. Salomão também não pediu riquezas materiais a Deus antes de Deus lhe dar riquezas desmedidas.

O comboio da semente de fé falha ao não perceber que nossa oferta a Deus é em primeiro lugar e acima de tudo um ato de adoração. Adoramos Deus oferecendo-lhe nossa vida e recursos sem obrigações. Deus não é um agente de seguros que precisa de nossos investimentos de sementes de fé.

Além disso, o uso que Oral Roberts faz de Gálatas 6.7 como base para sua doutrina das sementes de fé está completamente fora do contexto. Ele disse: “Vocês são produtos de sementes; eu também. Até Jesus é chamado semente de Davi. Jesus falou de uma lei eterna. ‘O que o homem semear isso também colherá’ (Gálatas 6.7). Vocês plantam uma semente e têm uma colheita. Você dá como semente e recebe de volta multiplicada muitas vezes”.15

Primeiro, Jesus não estava apresentando uma lei eternal das ofertas. A discussão de Paulo sobre plantio e colheita aqui não tem relação alguma com ofertas. Oral Roberts devia ter lido o versículo logo abaixo para saber do que Paulo estava falando. Ele diz claramente: “Quem semeia para a sua carne da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito do Espírito colherá a vida eternal” (Gálatas 6.8).

Gloria e Kenneth Copeland. O ensino da “recompensa cem vezes maior”:

Superando as sementes de fé de Oral Roberts, existe a heresia da recompensa “cem vezes maior”. Essa heresia é uma distorção da promessa de Cristo de compensar “cem vezes” os que deixarem tudo pelo reino de Deus. Os principais expoentes disso são Gloria e Kenneth Copeland. Em seu livro, “God’s Will is Prosperity”, Gloria Copeland escreve:

Você dá 1 dólar em favor do evangelho e 100 lhe pertencem; dá 10 e recebe 1.000; dá 1.000 e recebe 100.000. Eu sei que você consegue multiplicar, mas quero que você veja, preto no branco, como é tremenda a recompensa cem vezes maior. Dê uma casa e receba centenas de casas ou uma casa que vale cem vezes mais. Dê um avião e receba cem vezes o valor do avião. Dê um carro e o retorno o proverá de carros a vida inteira. Resumindo, Marcos 10.30 é um ótimo negócio.16

O marido dela, Kenneth Copeland, acredita numa lei espiritual da prosperidade. Essa lei é universal e funciona para qualquer um que a compreenda. A pessoa precisa acreditar nela e aplicá-la. É uma lei acionada por atitude mental positiva e confissão positiva. A lei da prosperidade está relacionada com a “força da fé” de Copeland, sobre a qual ele também escreveu um livro, Force of Faith [Força da Fé]. Para ele, “é essa força da fé que faz as leis do mundo espiritual funcionarem”.17 É essa força da fé que faz Copeland acreditar que a pessoa pode ter tudo aquilo que confessar. De acordo com ele,

Você pode ter o que diz! Aliás, o que você está dizendo é exatamente o que você está conseguindo agora. Se você está vivendo em pobreza, carência e necessidade, mude sua fala. Isso vai mudar o que você tem […] Discipline seu vocabulário. Discipline tudo o que você faz, tudo o que você diz e tudo o que você pensa para concordar com o que Deus faz, Deus diz e Deus pensa. Deus será obrigado a suprir suas necessidades por causa de Sua Palavra […] Se você permanecer firme nisso, suas necessidades serão supridas.18

A heresia do “cem vezes” dos Copelands é baseada na interpretação literal que fazem de Marcos 10.29-30: “Respondeu Jesus: ‘Digo a verdade: Ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, ou campos, por causa de mim e do evangelho, deixará de receber cem vezes mais, já no tempo presente, casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, e com eles perseguição; e, na era futura, a vida eterna”. Mas desconsideram a menção de perseguições e o alerta em Marcos 10.25 (“É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”) que não pode ser interpretado do mesmo modo literal. Como muitos outros mestres da prosperidade, constroem doutrinas em textos fora do contexto e os manipulam para que atendam seus interesses.

Escrevendo sobre prosperidade material, Gloria Copeland afirma:

A prosperidade é de vocês! Não se trata de algo pelo qual precisam se esforçar para conseguir. Vocês têm um título de direito à prosperidade. Jesus comprou e pagou a prosperidade para vocês assim como comprou e pagou a cura e a salvação de vocês.19

John Avanzini e Morris Cerullo:

Quem se baseia na heresia das cem vezes de Copeland são John Avanzini e Morris Cerullo. Em seu livro, Cristianismo em Crise, Hank Hanegraff escreve como a parceria entre Cerullo e Avanzini os impeliu para a heresia das cem vezes. De acordo com ele,

Cerullo chamou Avanzini a Aba, Nigéria. Ali, num quarto de hotel, Deus teria aparecido a Avanzini, dizendo: “Farei com que sinais e maravilhas sigam seu ministério. Depois de conceder a Avanzini um discurso mundano sobre técnicas de levantamento de fundos, Deus o instruiu a levar uma oferta a Cerullo. Alega-se que Deus teria dito: “Quero que você imponha as mãos sobre essa oferta e quero que você pronuncie um aumento de cem vezes sobre ela — que ela será multiplicada cem vezes em retorno para o doador.20

Acontecendo tantas e tantas vezes, ouvintes nigerianos ingênuos ofertaram generosamente esperando retornos em forma de dinheiro, carros, casas, etc. multiplicados por cem. As ofertas se avolumaram de tal maneira que o próprio Cerullo teve de impedir que as pessoas dessem mais. Cerullo e Avanzini voltaram para casa muito mais ricos do que eram antes de embarcarem na viagem.

Avanzini em sua interpretação de Lucas 9.58 afirmou que quando Jesus disse “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça”. De acordo com Avanzini, “Naqueles dias não havia hotéis Holiday Inn em qualquer esquina. Assim, Jesus era forçado a voltar para sua casa boa e grande em Jerusalém”.21

Desse modo, muitos outros mestres da prosperidade promovem a própria ascensão social. Pessoas como Robert Tilton, Marilyn Hickey e outros construíram a própria riqueza, mas não vamos examiná-las neste ponto.

Tanto Don McConnell como Hank Hanegraaff encontram as raízes de muitos desses mestres da prosperidade e fé nos cultos metafísicos. De acordo com McConnell,

Os cultos metafísicos, especialmente o Novo Pensamento e a Escola da Unidade do Cristianismo, foram os primeiros que propagaram a ideia de que Deus dará riquezas a todos quantos conhecem “as leis da prosperidade” que governam o universo. Por intermédio de Kenyon, essa crença cultual entrou no movimento da fé e foi expandida por Kenneth Hagin e os mestres da Fé a um nível que ele mesmo jamais aprovaria.22

Ralph Waldo Trine, parceiro de E.W. Kenyon, defendeu a prática mágica da visualização como meios para a prosperidade. De acordo com ele,

Evoque prosperidade para si. Veja-se numa condição próspera. Afirme que logo você estará numa condição próspera. Afirme isso de modo calmo e tranquilo, mas forte e confiante. Acredite, acredite de maneira absoluta. Fique na expectativa — mantenha-a continuamente regado de expectativa. Você precisa se transformar num ímã para atrair as coisas que deseja.23

Hank Hanegraaff também afirma que a vida e o ministério de Kenyon foram “enormemente influenciados por cultos como Ciência da Mente, a Escola de Unidade do Cristianismo, Ciência Cristã e a metafísica do Novo Pensamento”.24 Esse é o pano de fundo do evangelho da prosperidade que se tornou tão popular em muitas outras partes do mundo.

Um estudo de caso africano — David Oyedepo:

Um promotor destacado do evangelho da prosperidade é David O. Oyedepo. Ele vem sendo um ótimo discípulo de Oral Roberts, John Avanzini e Benson Idahosa. Combinando tudo o que aprende deles com sua criativamente, seu Winners Chapel Enterprise [Empreendimento Capela dos Vencedores] está se expandindo além da Nigéria para outras partes da África. Ele mesmo admite crer num “sucesso sem suor” e ensina a seus seguidores que “o conhecimento e a prática da verdade fazem de você um vencedor sem suor”.25 Sua filosofia essencial é que a vida deve ser uma jornada suave, livre de todas as lutas e repleta de riquezas materiais. “Nem todos os vencedores suam para vencer. O suor é uma maldição. Ele simboliza as lutas”. Oyedepo acredita que a pobreza é uma maldição, sendo produzida pela própria pessoa. Ele usa Malaquias 3.6-9 para estabelecer isso. De acordo com ele, “ela resulta em grande medida de um ato voluntário de desobediência à lei da abundância por parte dos crentes”.26

Devemos, portanto, entender que todos aqueles que vivem em pobreza abjeta em várias partes da África estão colhendo os prêmios de sua desobediência voluntária? Oyedepo diz que Deus lhe deu a missão de erradicá-la. Ele acredita que sua principal vocação e missão é tornar as pessoas ricas. De acordo com ele, Deus lhe deu o martelo da aliança para quebrar todas as correntes da pobreza. “Eu a agarrei e declarei: ‘Eu jamais poderia ser pobre!’ Aquilo não foi uma confissão vazia. Eu sabia o que estava dizendo e o que me tinha sido entregue. Ele nunca me desapontou! Amigo, é hora de começar a ter fome e sede de ver esse mesmo martelo lhe ser entregue”.27 Ele relembra como recebeu esse chamado:

Eu me lembro muito nitidamente, em 1987, estava nos Estados Unidos, participando de um encontro quando o Senhor me disse: “Volte para casa logo e faça meu povo enriquecer”. Elas palavras muito fortes, imperiosas e vigorosas. Então abandonei tudo o que estava fazendo, cancelei todos os compromissos e corri imediatamente para casa.28

Talvez não fique muito claro o número de pessoas que Oyedepo deixou ricas, mas não há dúvidas de que ele mesmo ficou riquíssimo. Oyedepo é um arquiteto que se tornou pastor. Ele começou sua Capela dos Vencedores com os Living Faith Ministries [Ministérios da Fé Viva] em Kaduna e depois mudou-se para Lagos onde seu Centro de Missão Mundial foi erguido por pelo menos 400 milhões de nairas (5 milhões de dólares). O primeiro prédio de sua igreja acomodava pelo menos 8.000 pessoas por sessão. Ele costumava promover três cultos principais aos domingos, atraindo pelo menos 30.000 pessoas. Agora ele construiu a maior igreja da África (e provavelmente do mundo) com assentos para mais de 50.000 pessoas de uma vez. Ele possui uma editora de milhões de nairas chamada Dominion Publishing House [Casa Publicadora Dominion]. Além de uma frota de carros caros, ele possui um jatinho que diz ter comprado para fins evangelísticos. A maioria foi comprada com dízimos e ofertas regulares, arrecadados meticulosamente de seus adoradores. Eles são levados a acreditar que quanto mais se dá, tanto mais Deus oferece em troca.

Oyedeto acredita em ser grandiloquente em relação a dinheiro e riquezas. Ele escreveu pelo menos 40 livros, a maioria deles sobre prosperidade material e saúde. Entre eles Covenant Wealth, Breaking Financial Hardship, Success Buttons, Born to Win, The Miracle Seed, Keys to Divine Health, Anointing for breakthrough e Mystery of the Anointing Oil. A maior parte deles incentiva seus seguidores a prosperarem material e fisicamente. Em Breaking Financial Hardship [Rompendo dificuldades financeiras], ele diz:

Amigo, não há lugar para onde sua boca não pode levá-lo. Quando você fala mediocridade, ela se torna sua vestimenta e sua fala deficiente vai dominá-lo até você mesmo se tornar deficiente […] Se você quer ter uma experiência financeira viva, fale vida para suas finanças.29

Oyedepo abraçou completamente o conceito de semente de fé de Oral Roberts. Ofertar é investir no próprio futuro.30 Ele diz que dar o dízimo é seguro divino. “O dízimo é a cobertura de seu seguro contra qualquer forma de destruição.” Ele garante a seus seguidores que, se não pagarem o dízimo, ratos devoradores virão numa missão de assediá-los. “Ocorrências frequentes de carro enguiçado, perdas, doenças e assim por diante são, todas, manifestações do devorador.”31

Para Oyedepo, o dinheiro é resposta para tudo. É uma defesa contra detenções por pregar o evangelho. Ele diz: “Alguns pregadores na Nigéria têm sido presos vezes seguidas por pregarem em certos lugares. Mas alguns vão aos mesmos lugares e recebem proteção da polícia. Por quê? Um tem defesa, enquanto o outro, não. O dinheiro resolve todas as coisas. É por isso que projetou riqueza para seu povo, para ele poder estabelecê-los no domínio”.32

Oyedepo não esconde a fonte de suas convicções. Em seus livros, refere-se com frequência aos “sucessos” e ensinos de seus heróis. Além de Oral Roberts, menciona Kenneth Copeland, que possui uma pista onde seu jato aterrissa todos os dias e recebeu três jatos. John Avanzini também é seu herói. Não há dúvidas de que, com essa combinação de pensamento e confissão positiva, ele almeja ser tão rico quanto seus heróis americanos!

Como Avanzini, Oyedepo propaga um Jesus rico. Seu Jesus “possui tanto que precisa de uma tesouraria para guardar o dinheiro. Ele comia o que queria sempre que queria. Ele gerou inveja, porque os discípulos de João que foram ver onde ele vivia nunca voltaram para o mestre deles”.33 Além disso, a venda de “azeite” que ele crê ser uma chave ungida para a riqueza e a saúde, bem como de “mantos sagrados” etc. fazem parte do ministério do Winners Chapel.

O que Oyedepo e vários outros como ele fizeram é desviar o olhar de seus seguidores do verdadeiro evangelho. Eles fizeram da busca da saúde e da riqueza um fim em si e se desviaram da verdadeira missão de Jesus Cristo. Divulgando o evangelho como um atalho para as coisas boas da vida, não é nada estranho que seus métodos atraiam as massas, especialmente em países africanos com economias em crise. Foi em 1987 que, com o declínio econômico em Quênia, o Winners Chapel ganhou terreno em Nairóbi. Eles têm tido crescimento semelhante na Tanzânia e em Uganda. Zimbábue ainda não está com as portas abertas por causa da estabilidade econômica. Pelo menos por enquanto. Com o atual declínio da economia, há terreno fértil para explosão do Winners Chapel.

Deificação de Objetos:

Por exemplo, é comum os membros da Fé Viva (Winners Chapel) deificar objetos: acredita-se que lenços, mantos do Bispo e o “óleo para unção” possuem poderes espirituais próprios. O líder, David Oyedepo, em uma de suas publicações, afirma que:

O óleo para unção não é um produto químico. É o Espírito de Deus misteriosamente colocado num vidro, misteriosamente designado para comunicar o poder de Deus fisicamente. É o poder de Deus em sua mão, na pessoa do Espírito Santo, para humilhar Satanás. É o poder de Deus colocado em forma tangível na mão do homem, para fazer manifestar abertamente o diabo.34

Muitos seguidores de Oyedepo creem nisso e consideram o óleo (em geral de oliva) solução para seus problemas. Acreditando que o óleo de unção é poderoso em si, muitos seguidores o empregam como dispositivo protetor. Por exemplo, muitos ungem o aparelho de televisão, carros e os quatro cantos da casa para se protegerem de ladrões. Esse ensino se espalhou rapidamente da Nigéria para Serra Leoa, Uganda e outras partes da África. Em 1996, eu estava em Dar Es Sallam, Tanzânia, e alguns amigos me convidaram para ouvir uma doutrinas estranhas ensinadas por visitantes nigerianos. Fui a esse auditório superlotado na hora do almoço e vi os “homens de Deus” ensinando segredos de sucesso e promoção, bem como vitória sobre a pobreza e as doenças, tudo baseado no poder do óleo de unção. Um dos preletores afirmava que a pessoa podia escrever sua carta de promoção, ungi-la com óleo, proclamar a palavra de fé e colocá-la sorrateiramente na mesa do chefe, que a promoção certamente viria.

Bem ligada a isso está a crença de que quando se coloca groselha preta na água e o pastor ora por aquilo, ele se transforma no sangue de Jesus. Isso pode ser colocado em pontos estratégicos da casa, especialmente nas portas e janelas para servirem de proteção contra ataques demoníacos. Também é usado para livrar de opressão, pobreza, doenças e assim por diante.

Eles acreditam que lenços brancos, às vezes chamados mantos, abençoados pelo bispo são tão poderosos, que podem suprir todas as suas necessidades. Alguns membros os penduram na entrada do escritório ou loja para atrair consumidores. Outros, junto à porta para afastar demônios.

2. A Hermenêutica do “Evangelho da Prosperidade”:

Em vários lugares do mundo, a parte central do culto de uma ou duas horas costumava ser a proclamação da Palavra. Esse é o momento para pregação da palavra com toda a solenidade. Hoje, em muitas igrejas, a parte central é a “hora das ofertas” e não poucas têm pessoas capacitadas e escolhidas para serem mestres dessa cerimônia significativa. O dito popular é “A hora das ofertas é a hora das bênçãos”, principalmente porque para muitos é hora de investimento. Muitas vezes é considerada a hora da semeadura que prenuncia retornos significativos. A própria Palavra tem sido severamente distorcida para fundamentar a centralidade da hora das ofertas e, em algumas igrejas, há um mini sermão para “instar” a congregação a doar. Não haveria muita preocupação se isso ocorresse só uma vez durante o culto. Entretanto, com muita frequência, pode haver até cinco ou seis coletas diferentes num único culto. Não se pode evitar a sensação de que o rebanho está sendo completamente tosquiado.35

Um dia perguntei a meu sobrinho por que ele não tinha ido à igreja no domingo. Ele respondeu dizendo que, atendendo à pregação do pastor, ele havia doado seu Volks para a igreja, esperando que Deus o substituísse por um Mercedes. Depois de alguns meses, quando o carro milagroso não se materializou, ele achou que Deus o havia desapontado e parou de ir à igreja. Eu lhe disse que Deus não o havia desapontado, mas que ele havia recebido uma orientação falsa. A igreja que meu sobrinho frequentava pregava a “prosperidade” e ele tinha sido “enredado” pela hora das ofertas.

Distorção das Escrituras:

Pelas observações deste autor, o versículo mais popular usado para motivar ou mobilizar a congregação para ofertar é Lucas 6.38, que diz: “Deem e será dado a vocês: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês”.36 Esse versículo é citado com enlevo e muitas vezes seguido de um mini sermão sobre os benefícios da oferta.

O versículo, entretanto, é muitas vezes citado fora do contexto. Lucas 6.38 encontra-se no contexto de Jesus ensinado sobre amor e misericórdia e sobre como nos relacionar com os outros e o tratamento que devemos dispensar a eles. O parágrafo completo começa no v. 37 com: “Não julguem e vocês não serão julgados. Não condenem e não serão condenados. Perdoem e serão perdoados”.37 Seguindo o exemplo de Deus, o amor e a misericórdia deviam produzir hesitação no julgamento de outras pessoas, à medida que os crentes percebem que Deus os trataria do mesmo jeito que eles tratam os outros. A passagem refere-se, portanto, primeira e principalmente a relacionamentos, não tratando os outros ou os julgando de um jeito que não gostaríamos de ser julgados nesse aspecto pois, “a medida que usarem também será usada para medir vocês”.

O texto nem fala de ofertas financeiras a Deus nem de esperar recompensas por aquilo que damos. Ele trata de amor e perdão, bem como de serviço sem expectativas de algo em troca. Mas isso tem sido torcido para indicar que Deus devolverá duas vezes ou cem vezes tudo o que alguém der em ofertas. É comum várias coletas serem feitas num único culto. Músicas como “Sou um milionário” e “Que o pobre diga sou rico” tornaram-se populares na expectativa da recompensa divina com bênçãos materiais. A confissão positiva era incentivada para boa saúde, riquezas e outras bênçãos.38

Bem poucos dos que usam essa passagem como base para coletar ofertas referem-se às palavras excepcionalmente duras do Senhor Jesus no mesmo capítulo. Por exemplo, em Lucas 6.24-25 Jesus diz: “Mas ai de vocês os ricos, pois já receberam sua consolação. Ai de vocês que agora têm fartura, porque passarão fome. Ai de vocês que agora riem, pois haverão de se lamentar e chorar.”39 Mateus 7.1-5 na verdade ajuda a lançar mais luz sobre o texto de Lucas 6.36-39. Ambas as passagens tratam de relações humanas.

Alguns também usam 3 João 2, que diz: “Oro para que possas prosperar em todas as coisas” como um mandato para o evangelho da prosperidade. Entretanto, o que o Apóstolo entende por prosperidade aqui? Um estudo meticuloso do sentido desse texto conforme intenção do autor revela que a palavra empregada no lugar de prosperar vem do grego euodoo, que significa “bom caminho, rota ou jornada”. Assim, o que o autor realmente diz é: “Quero que a jornada de sua vida seja longa e saudável”. As palavras não se referem necessariamente a riquezas ou abundância. Por que João, testemunha da vida de Cristo, diria: “acima de tudo quero que você seja rico ou abastado”?

A referência à vida abundante em João 10.10 também é usada como apoio. Entretanto, o termo empregado aqui é zoe, palavra que indica “vida no espírito e na alma” e não bios, empregada em referência à vida física, material. Quando interpretamos de acordo com o que se pretendia, Jesus está dizendo: “Quero que vocês tenham vida abundante em espírito”; e não riquezas, carros, casas, roupas de estilistas, etc., como costumam destacar as pregações do evangelho da prosperidade.

A hermenêutica desse evangelho suscita mais perguntas que respostas. Por exemplo, ela afirma a cruz e conduz as pessoas para ela? O estilo de vida daqueles que se beneficiam do evangelho é condizente com o ethos da cruz de Cristo?

Pode-se perguntar se há algum mal na prosperidade material. Não necessariamente. Muitas vezes a prosperidade material está relacionada ao bem-estar físico e emocional, e, em grande parte, isso é a vontade de Deus para a maioria das pessoas. No Antigo Testamento, Deus abençoou Abraão e vários outros e os tornou materialmente prósperos. Deus também dá capacidade para produzir riquezas: Deuteronômio 8.16-18.

“e os sustentou no deserto com maná, que os seus antepassados não conheciam, para humilhá-los e prová-los, a fim de que tudo fosse bem com vocês.Não digam, pois, em seu coração: ‘A minha capacidade e a força das minhas mãos ajuntaram para mim toda esta riqueza’.Mas, lembrem-se do Senhor, o seu Deus, pois é ele que dá a vocês a capacidade de produzir riqueza, confirmando a aliança que jurou aos seus antepassados, conforme hoje se vê.

Nós também servimos um Deus que deseja e promete suprir todas as nossas necessidades de acordo com as suas riquezas. O problema, porém, é que muitas igrejas não tratam de modo adequado a maneira de obtermos prosperidade material e o tamanho dela. Uns diriam que há várias abordagens, podendo incluir trabalho árduo: “Se alguém não quiser trabalhar, também não coma…”; planejamento prévio que envolve poupar as recompensas do trabalho árduo fazendo investimentos e outras opções de aumento de capital. Outras opções podem, incluir atalhos como furtos, jogatina e especulação, ou mendicância, empréstimos. A igreja deve estar onde se provê ensino adequado em questões desse tipo. Entretanto, muitas vezes não é o que acontece, uma vez que muitas igrejas só trabalham arduamente para prover atalhos como o princípio das sementes de fé, bênção das cem vezes, “calcada, sacudida e transbordante” e a ideia da “vitória sem suor” ou “sucesso sem suor”.

3. Algumas lacunas do “evangelho da prosperidade”:

3.1. Fuga da realidade:

Primeiro, ela oferece um escape doentio da realidade. A busca do livramento das dificuldades presentes quase chega a produzir uma negação da realidade. Por exemplo, quando alguém tem dor de cabeça, considera-se não espiritual dizer “estou com dor de cabeça”. Considera-se mais espiritual negar que se tem dor de cabeça e acreditar que está curado. Em vez de admitir que o pescoço está doendo, considera-se melhor “confessar”: “eu sou forte” (“Diga o fraco: sou forte”). Admitir outra coisa é considerado não espiritual. Todas as coisas relacionadas a desconforto, dor, sofrimento, pobreza e morte são consideradas diabólicas e, portanto, devem ser rejeitadas. A teologia por trás disso é que os cristãos não devem sofrer, ou interpretar mal Romanos 8.28, como se significasse: “Somente coisas boas acontecem para aqueles que estão em Cristo Jesus”. Uma música muito popular em grupos e igrejas que têm abraçado essa teologia é:

“Eu não vou sofrer, não vou implorar pão,
não vou sofrer, não vou implorar pão;
Deus (de milagres), não meu pai, ó, não minha mãe, ó; não vou sofrer, não vou implorar pão.”

Cantada de maneira insinuante em cultos e reuniões, significa dizer que se Deus é meu pai e minha mãe, nunca vou sofrer nem implorar pão. No contexto africano de realidades de dor e sofrimento, esse evangelho é muito atraente. Há outras maneiras de lidar com a pobreza e outras inconveniências. A Fé Viva ou Capela dos Vencedores promove um culto mensal de lavagem dos pés em que o bispo lava os pés dos membros. Acredita-se que a pobreza e os problemas são lavados. Eles também são livrados da opressão. Também se acredita que quando mergulham os pés na água, calçam pés de ferro que lhes permite subir suas montanhas e elevações. Eles também entram na prosperidade e encontram favor.

3.2. Falha na interpretação do propósito da “oferta”:

Em segundo lugar, deixa deliberadamente de considerar que todas as formas de oferta a Deus, sejam dízimos, sejam ofertas, devem ser um ato de adoração. Em vez disso, ensinam que dar o dízimo ou ofertas a Deus é um investimento. Isso também motiva as pessoas a dar por motivos errados. Essencialmente, o motivo de ofertar a Deus com o propósito básico de obter recompensas especiais de Deus. O homem que oferta a Deus parece ser o que manda. Espera-se que a medida de seu investimento dite o nível da recompensa divina. Dá a entender que o homem tem a iniciativa e Deus, a reação. Isso contradiz todo o entendimento que temos de nossa salvação e culto, como algo de iniciativa e ação de Deus.

Além disso, esse evangelho dá a entender que precisamos ter nossos prêmios ou herança aqui e agora, em termos materiais. Em última análise, tudo o que importa é a prosperidade material aqui e agora. A busca disso é contrária à fé bíblica e distorce nossa visão e entendimento de Deus. Stephen Eyre diz:

O materialismo distorce uma fé viva. A percepção vibrante da presença de Deus torna-se ortodoxia morta. A realidade da vida cristã torna-se uma sombra. Nossa experiência de vida em Cristo torna-se oca. Nosso conhecimento de Deus torna-se vazio. Se não conseguimos vê-lo, prová-lo, cheirá-lo ou medi-lo, então duvidamos que seja real, portanto, passamos a duvidar que Deus é real.40

3.3 Falha no entendimento de quem é Jesus:

Terceiro, os que ensinam esse evangelho parecem não entender Jesus e sua missão. A tendência é distorcer a missão de Jesus: em vez de vir primeiramente para salvar as pessoas de seus pecados, vir para nos tornar ricos. Embora alguns preguem que Jesus veio para salvar as pessoas dos pecados e torná-las ricas, é raro ouvir pregações sobre arrependimento ou salvação dos pecados em círculos do “evangelho da prosperidade”. Será possível que desconheçam tudo o que Jesus tinha a dizer sobre riquezas e prosperidade? Jesus era mesmo materialmente tão rico como esses mestres nos querem fazer crer?

Jesus não era indigente, mas sabemos pelas Escrituras que ele não era materialmente próspero como os mestres da “saúde e riqueza” fazem parecer. Sua situação familiar era a mais modesta possível. Sabemos que seus pais não tinham meios para evitar que ele nascesse numa manjedoura para animais. Também sabemos que quando seus pais, José e Maria, foram ao templo para dedicá-lo, tudo o que conseguiram oferecer foi um par de rolinhas, em vez de um cordeiro e uma rolinha requeridos pela lei.41

Também temos consciência de que em seu ministério, Jesus muitas vezes dependeu de outras pessoas porque não tinha recursos próprios. Ele ensinou usando um barco emprestado, entrou em Jerusalém num jumento emprestado, comeu a refeição da Páscoa com seus discípulos numa sala emprestada e foi sepultado num túmulo emprestado. Se Jesus fosse materialmente rico como querem nos fazer crer, como isso refletia em sua vida e ministério? Uma coisa é certa. Jesus não pregou nem ensinou um evangelho de prosperidade. Tudo o que Jesus ensinou acerca de posses terrenas vem como alerta para nós. Ele ensinou com muita clareza: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lucas 12.15).42 Diferente dos pregadores modernos, Jesus alertou contra o caráter enganoso das riquezas (Mateus 13.22). Ele, aliás, refere-se a elas como “riquezas de mamon” (Lucas 16.9). Como um fim em si, o dinheiro tem a tendência de se tornar um ídolo que rege nossa vida. É por isso que Jesus alerta contra nos relacionarmos com o dinheiro como nos relacionamos com Deus. “Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro ou se há de chegar a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Lucas 16.13). Aos fariseus que amavam o dinheiro, Jesus avisou: “Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus” (Lucas 16.15). O evangelho da “saúde e riqueza” não parece ter levado a sério as advertências de Jesus.

3.4. Falta de uma teologia do sofrimento:

O “evangelho da prosperidade” não possui teologia ou explicação bíblica para questões relacionadas à dor ou qualquer coisa relacionada ao sofrimento. Há muito disso no mundo e eles se estendem a todas as pessoas. Por razões que ele conhece melhor, Deus escolheu não proteger seus servos das dificuldades normais e problemas da vida. Há vários exemplos nas Escrituras, inclusive heróis da fé como José, Moisés, Davi, Jeremias, Pedro, Paulo e outros. De geração em geração, o povo de Deus tem sofrido injustiças, discriminação, dificuldades, enfermidades, etc., não por falta de fé, mas porque Deus permite que passem por tais experiências. O fato é que os seguidores de Jesus não são isentos dos problemas e dificuldades comuns da vida. Ficar tão obsecado em negar ou evitar isso pode, aliás, ser falta de confiança na soberania e na misericórdia amorosa de Deus.

3.5. Questões de estilo de vida:

O estilo de vida daqueles que ensinam esse evangelho não reflete os padrões bíblicos com nitidez. Um dos requisitos para líderes e ministros é que não sejam “ávidos por lucro desonesto”. Veja Tito 1.7 e 1 Pedro 5.2. Embora tenha dito aos discípulos que “o trabalhador merece o seu salário” (Lucas 10.7), Jesus não incentivou a ganância ou a exploração de pessoas. O estilo de vida dos mestres da prosperidade contrasta de maneira marcante com a vida dos primeiros discípulos como o apóstolo Paulo, que disse: “Não cobicei a prata, nem o ouro, nem as roupas de ninguém. Vocês mesmos sabem que estas minhas mãos supriram minhas necessidades e as de meus companheiros. Em tudo o que fiz, mostrei a vocês que mediante trabalho árduo devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: ‘Há maior felicidade em dar do que em receber’” (Atos 20.33-35).

Mesmo no Antigo Testamento, muito usado pelos mestres da prosperidade, temos muito que aprender dos testemunhos de líderes de Deus com respeito a posses materiais e integridade. Abraão teve o cuidado de não cobiçar as riquezas alheias em favor da própria prosperidade.43 Ao final de seu serviço, Samuel prestou contas de sua mordomia, declarando-se diante de todo Israel: “Aqui estou. Se tomei um boi ou um jumento de alguém, ou se explorei ou oprimi alguém, ou se das mãos de alguém aceitei suborno, fechando os olhos para a sua culpa, testemunhem contra mim na presença do Senhor e do seu ungido. Se alguma dessas coisas pratiquei, eu farei restituição” (1 Samuel 12.3). A resposta do povo foi: “Tu não nos exploraste nem nos oprimiste. Tu não tiraste coisa alguma das mãos de ninguém” (v. 4).

Sabemos pelas Escrituras que bem poucos sabem lidar com a prosperidade. Sabemos pelos registros da Bíblia que o rei Salomão, que foi tão próspero, acabou se desviando de Deus. Ele prosperou e se esqueceu das palavras de Deus e das condições para ser rei. Ele acabou se casando com estrangeiras e acumulando concubinas (resumido no fato de ter 300 esposas e 700 concubinas). Esse e outros fatores afastaram seu coração de Deus e o conduziram para deuses estrangeiros. Seu declínio espiritual é resumido em 1 Reis 11, parte do qual está nos versículos 4-6:

À medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o induziram a voltar-se para outros deuses, e o seu coração já não era totalmente dedicado ao Senhor, o seu Deus, como fora o coração do seu pai, Davi. Ele seguiu Astarote, a deusa dos sidônios, e Moloque, o repugnante deus dos amonitas. Dessa forma Salomão fez o que o Senhor reprova; não seguiu completamente o Senhor, como o seu pai, Davi.

Hoje, os homens não são muito diferentes. Ainda há muitos que agem como os ricos insensatos nas escrituras, acumulando, acumulando e perdendo de vista todo o significado da vida. Jesus diz: “a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens…” A busca de riquezas sem limites é perigosa — no processo, amizades, relacionamentos, famílias e lares têm sido sacrificados. Muitas vezes falamos de vítimas da pobreza, mas também temos vítimas da prosperidade.

3.6. A teologia da prosperidade são “as boas novas para os pobres”?:

Será que as igrejas que pregam a prosperidade realmente se lembram dos pobres? Como ajudar a Igreja a se lembrar dos pobres num contexto em que muitos não veem as promessas de “homens de Deus” se cumprirem na vida deles? Paulo, escrevendo à igreja na Galácia diz:

Reconhecendo a graça que me fora concedida, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão. Eles concordaram em que devíamos nos dirigir aos gentios e eles aos circuncisos. Somente pediram que nos lembrássemos dos pobres, o que me esforcei por fazer.44

Em outra carta, aos de Colossos, Paulo escreve:

Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria.45

Diz-se que a cobiça é aflição tanto do rico como do pobre. Isso leva as pessoas que renunciaram à cobiça pelas coisas boas a realmente se lembrarem das necessidades dos pobres. Há mais coisas que a igreja pode fazer para se concentrar na necessidade dos pobres? Quantas igrejas estão realmente criando oportunidades de treinamento vocacional ou outros meios de ajuda para os pobres? Há outras questões relacionadas.

Embora o evangelho da prosperidade use com frequência a máscara da defesa dos pobres, raramente isso é uma boa nova quando, na maior parte das situações, é o pastor tosquiando o rebanho. Em resposta a diversos esquemas de manipulação, os pobres que lançam a semente não são os que enriquecem. São os líderes e pastores que usam ternos melhores, carros melhores e adquirem casas maiores.

Há um profundo senso de injustiça e imoralidade para todos eles quando se considera o drama dos pobres em vários contextos em que eles são muito vulneráveis. Alguns daqueles que continuam semeando para o evangelho da prosperidade mal conseguem comer regularmente ou pagar coisas básicas como teto ou mensalidades escolares para as crianças. Por que um seguidor de Jesus sustentaria um evangelho que tende a se alinhar muito mais com a cultura das celebridades ao despojar os pobres da dignidade e respeito que merecem?

Em vez de valorizar a tenacidade deles em viverem muitas vezes em condições sub-humanas ou de redimir ou melhorar a situação deles, alguns pregadores são coniventes com a cultura popular e acenar com atalhos irrealistas para a prosperidade. Embora a defesa dos pobres e o alívio da pobreza tenha se tornado um negócio multibilionário em dólares, em muitos contextos é difícil dizer que os pobres estão sendo beneficiados. Isso não só é uma afronta aos pobres, mas também a Deus.

4. Que resposta, então, devemos dar a esse “evangelho”?:

É importante reconhecer e levar a sério o fato de que o evangelho da prosperidade trata basicamente de dinheiro e que ele contradiz tanto a vida de Cristo como o propósito pelo qual ele morreu na cruz. O evangelho eleva o dinheiro fazendo-o competir em nossa vida por um espaço que só Deus merece. Se o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, o amor à prosperidade material, mansões e outras acumulações no arrastão do dinheiro devem seguir logo atrás. Cada vez mais somos definidos não por quem ou o que somos, para por aquilo que temos ou possuímos. De formas muito fáceis — mais sutis do que costumamos pensar — qualquer um deles pode se tornar um ídolo, embaçando nossa visão de Deus e diminuindo nossa paixão por ele.

O teólogo francês, Jacques Ellul, em Money and Power [Dinheiro e Poder], afirma que “dinheiro é poder, um espírito, um candidato a Deus, um senhor rival”.46 Além disso, ele faz distinção entre dinheiro e riqueza. Para ele, “a riqueza consiste naquelas coisas boas da criação divina que tem por propósito o nosso prazer. O dinheiro é o jeito que o mundo tem de juntar essas coisas, acumulando-as, garantindo que se pode ter mais amanhã, dividindo as pessoas de acordo com regras arbitrárias. O dinheiro não só tenta, ele engole. Ele tece sua teia em torno das pessoas, forçando-as a lhe prestar serviço”.47 Mesmo que não concordemos com Jacques Ellul, sua posição não é muito diferente da de Jesus que conclui de forma resumida: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”.

Poucas pessoas hoje podem falar com tanta autoridade sobre a teologia da prosperidade quanto Jim Bakker. Numa entrevista à revista Charisma, pouco depois de ser libertado da prisão, Jim Bakker admitiu que estava edificando uma torre de Babel estilo anos 1980 para ficar famoso. Sua torre de Babel era um empreendimento de milhões de dólares que tinha então uma folha de pagamento de 30 milhões de dólares e mais de 2.200 empregados. Bakker se arrependeu e pediu desculpas pelo escândalo do PTL. Afastando-se do que costumava fazer, Bakker, que escreveu um livro de 647 páginas intitulado I Was Wrong [Eu Estava Errado], agora ensina sobre o sacrifício e o preço do discipulado. Na entrevista a Charisma, ele diz:

Enquanto estava preso, o Senhor me mostrou que queria que eu estudasse as palavras de Cristo na Bíblia. Assim, comecei a escrever à mão cada palavra dita por Cristo. Passei dois anos fazendo isso. Eu queria conhecer Cristo e tudo o que ele disse. E quando comecei a absorver os ensinos de Cristo, aquilo mudou minha vida. Às vezes era levado a estudar 16 horas por dia.48

Depois de anos de estudos, o que Bakker descobriu sobre a opinião de Jesus acerca das riquezas?

Enquanto estudava as palavras de Jesus, não conseguia encontrar em nenhuma parte da Bíblia uma parte em que ele dissesse alguma coisa boa acerca do dinheiro. E isso começou a incomodar meu coração. Lucas 6.24 diz: “Mas ai de vocês os ricos”. Jesus falou a respeito do “engano das riquezas” em Marcos 4.19. Jesus nos disse para não acumularmos tesouros na terra em Mateus 6.19-24. Em Lucas 12.15, ele disse: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens”.49

Segundo, acho que precisamos levar a sério a sina dos pobres o bastante para rejeitar esse evangelho e procurar meios melhores do que falsos atalhos para suprir suas necessidades. Todos devíamos estar preocupados o suficiente para sentirmos dor ao ver uma parte da igreja desviando-se dessa maneira da doutrina sadia. Em vez de trabalhar para aliviar o drama dos pobres, essa parte não só consente com a marginalização deles, como também manipula as escrituras para isso. Desse jeito, alguns transformaram o espaço sagrado do púlpito num santuário para culto de mammon. É a injustiça e a idolatria da cobiça que fizeram nosso Senhor empregar palavras tão pesadas contra os ricos. E é certamente quando esse território sagrado foi profanado pela mesma idolatria que vemos o único relato do Senhor expressando sua ira fisicamente no templo.

Terceiro, vale levar a sério a verdade do tio John Stott: “A vida, de fato, é uma peregrinação entre dois momentos de nudez. Assim, deveríamos viajar sem muito peso e viver com simplicidade”.50

Femi Adeleye (Nigéria/Gana) é Director of Church Partnerships da Visão Mundial Internacional. Por mais de 30 anos esteve envolvido com o Movimento Internacional de Estudantes Evangélicos (IFES) e atuou como Secretário Geral para a África anglofalante desta organização. Foi um dos preletores do III Congresso Lausanne de Evangelização e da Conferência Missionária Urbana.

Notas

1 Dan McConnell, The Promise of Health And Wealth (Londres: Hodder and Stoughton, 1990) p. 183.

2 Warren W. Wiersbe, The Integrity Crisis (Nashville: Oliver Nelson Books, 1988) p. 52; A Crise de Integridade (São Paulo: Vida, 1997).

3 Gordon Fee, “The Cult of Prosperity”, p. 13 conforme citado por Dan McConnell, The Promise of Health And Wealth, p.170.

4 Stephen D. Eyre, Defeating the Dragons of the World: Resisting the Seduction of False Values (Downers Grove, IL.60515, USA Inter-Varsity Press., 1987) p. 28.

5 Jim Bakker numa entrevista a Charisma, (February 1997) p. 48.

6 Veja Hank Hanegraff, Christianity in Crisis, (Milton Keynes, Inglaterra: Nelson Word Ltd., 1995), p. 187.

7 Oral Roberts, Miracle of Seed-Faith (Tulsa, Oklahoma: Oral Roberts Evangelistic Association, Inc., 1970), p. 11.

8 Ibid., p. 11.

9 Ibid., p. 13.

10 Ibid., p. 30.

11 Ibid., p. 31.

12 Peter Elvy, Buying Time — the Foundations of the Electronic Church (Essex, Inglaterra: McCrimmon Publishing Co Ltd, 1986), p. 81.

13 Patti Roberts e Sherry Andrews Ashes to Gold (Waco, Texas: Word Books, Publisher, USA 1983).

14 Oral Roberts, apresentação na Conferência Carismática Mundial, Melodyland Christian Center. Anaheim, CA (7 August 1992) conforme citado por Hank Hanegraaff em Christianity in Crisis, (Milton Keynes, Inglaterra, 1995), p. 198; Cristianismo em crise: um câncer está devorando a Igreja de Cristo: ele tem de ser extirpado! (Rio de Janeiro: CPAD, 2004).

15 Oral Roberts, Miracle of Seed-Faith, p. 66.

16 Gloria Copeland, God’s Will is Prosperity (Tulsa, Oklahoma: Harrison House, 1978), p. 54.

17 Kenneth Copeland, The Laws of Prosperity (Fort Worth, TX: Kenneth Copeland Publications, 1974), p. 19.

18 Ibid., p. 98-101.

19 Gloria Copeland, God’s Will is Prosperity, p. 46.

20 Hank Hanegraaff, Christianity in Crisis, p. 200.

21 Ibid., p. 188.

22 Dan McConnell, The Promise of Health and Wealth, p. 182-183.

23 Ibid., p. 174.

24 Hank Hanegraaff, Christianity in Crisis, p. 32.

25 David Oyedepo, Breaking Financial Hardship (Lagos, Nigéria; Dominion Publishing House, 1995), p. 81

26 See David Oyedepo, Covenant Wealth, (Lagos, Nigeria, Dominion Publishing House, 1992), p. 21.

27 David Oyedepo, Breaking Financial Hardship, p. 22.

28 Ibid., p. 51.

29 Ibid., p. 131.

30 David Oyedepo, Covenant Wealth, p.23.

31 David Oyedepo, Breaking Financial Hardship, p. 147.

32 Ibid., p. 34.

33 Ibid., p. 107.

34 Veja David Oyedepo, Satan Get Lost: Outstanding Breakthroughs in spite of the Devil (Dominion Publishing House; Lagos, Nigéria 1995), p.136.

35 Estive recentemente numa igreja em Lagos (21 de setembro de 2008) onde houve seis coletas diferentes para vários propósitos, inclusive libertação do medo.

36 Nova Versão Internacional (Lc 6.38). São Paulo: Sociedade Bíblica Internacional.

37 Ibid. (Lk 6:37).

38 Observei isso na Capela Betel de Gabriel Oduyemi em Lagos, bem como em outras igrejas.

39 NVI (Lc 6.24-25).

40 Stephen D. Eyre, Defeating the Dragons of the World: Resisting the Seduction of False Values, p. 28.

41 Veja Lucas 2.21 e Levítico 12.6.

42 NVI.

43 Veja Gênesis 14.22-23.

44 Veja Gálatas 2.9-10 na NVI.

45 NVI, Colossenses 3.5.

46 Ellul, Jacques Money and Power. (Trad. LaVonne Neff: InterVarsity Press., Downers Grove IL: 1984).

47 Ellul, Jacques Money and Power conforme citado em Christian History, Volume VI, No 2), p. 33.

48 Jim Bakker em entrevista a Charisma, (February 1997), p. 48.

49 Ibid., p.28.

50 John Stott, Issues Facing Christians Today (London: Marshall Pickering, 1990), 246. Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos (Viçosa: Ultimato, 2014), p. 335-336.

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