Negócio como Missão (BAM) na Índia: cafeterias para a proclamação do evangelho

Um bom blend de organizações, expertises e nacionalidades na região da Caxemira

Fernanda Schimenes

Ao norte da Índia, na região montanhosa da Caxemira (que se estende para o Paquistão e a China), é vetada a pregação do evangelho. Um cristão não pode se estabelecer como missionário, apenas como um profissional ou empreendedor. Por isso, uma das estratégias para testemunhar sobre Cristo ali tem sido abrir cafeterias no modelo de Negócios como Missão – em inglês, Business as Mission, de onde vem o termo BAM. (Para saber mais sobre o conceito de BAM, leia aqui o artigo “Deus se interessa por negócios”.)

Com o fim da colonização britânica, região da Caxemira foi alvo de disputa entre Índia e Paquistão

A.R. (seu nome não foi divulgado em função do contexto sensível descrito) é um cristão brasileiro que está envolvido com essa rede de cafeterias no modelo BAM na Índia: há três funcionando em diferentes cidades do país asiático (uma delas foi repassada a uma cristã nepalesa) e mais uma deve iniciar até o final de 2022. Sua formação é curiosa: pastor, engenheiro civil pós-graduado em gestão e também mestre barista. Antes de a Índia entrar em seu radar, em 2015 ele abriu no Brasil uma cafeteria, também no conceito de BAM, em sua cidade. Isso permitiu que ele desenvolvesse o que o mercado chama de expertise do negócio – conhecimento sobre a margem de lucro, investimento inicial, cardápio adequado, matéria-prima, maquinário, divulgação e por aí vai.

Enquanto isso, na Índia, …

… outro brasileiro, missionário da Jocum, pregava o evangelho e colhia frutos: alguns indianos entregavam a vida a Jesus e logo entendiam que precisavam compartilhar a boa-nova com seus conterrâneos, especialmente em lugares em que o evangelho era pouco (ou não era) conhecido. Para fazer isso, recebiam treinamento bíblico-teológico. Mas como eles poderiam se estabelecer em regiões como a Caxemira para pregar o amor de Cristo? Lugares em que predominam o budismo tibetano ou o islamismo?

Que tal um café?

Ótima ideia, mas empreender não é para amadores. Foi então que a Índia entrou no mapa de A.R. Ele já conhecia o trabalho do missionário brasileiro da Jocum no país asiático; juntos, reuniram os ingredientes necessários para a receita de sucesso:

  • Visão e conhecimento do que é BAM;
  • Expertise na área de cafeterias com A.R.;
  • Missionário já estabelecido na Índia com conhecimento da cultura, do idioma e pastoreando e treinando cristãos nativos;
  • Cristãos indianos com total domínio do idioma dispostos a ser testemunhas de Jesus e de seu ensinamento em locais remotos da Índia (os frutos do trabalho!);
  • Organizações como a Jocum apoiando a empreitada;
  • Cristãos investindo recursos financeiros nesse BAM.
Os estabelecimentos da rede servem cafés espressos e filtrados de qualidade, bebidas locais como o chai, chás gelados, sucos, bolos e salgados

“A rede existe para viabilizar a pregação do evangelho, seja aos próprios clientes das cafeterias, seja para as pessoas com quem os missionários desenvolvem relacionamentos nas cidades em que estão os negócios”, explica A.R.. Recentemente, ele esteve na Índia para visitar as cafeterias, ministrar workshops de cafés e se reunir com um dos líderes da Jocum para discutir possível expansão da rede (o café a ser aberto em setembro é fruto desse encontro). No momento, capta recursos para tal. “Parcerias são fundamentais para a expansão do reino de Deus”, diz o ‘BAMer’.

Quer investir? Um resumo do plano de negócios

O investimento total para abertura da nova cafeteria é da ordem de R$ 72 mil reais. Desse montante, R$ 52 mil são para equipamentos básicos, mobiliário, pequenas obras de adaptação e 6 meses de aluguel adiantado (prática local). Os outros R$ 20 mil são para a viagem de 2 brasileiros (A.R. é um deles) à Índia para treinar a equipe e iniciar a operação. A previsão de faturamento mensal é de R$ 25 mil, com margem líquida de 20%. Com isso, os missionários que trabalham na cafeteria podem obter seu sustento. Além disso, as lojas da rede servem como campo de treinamento para outros missionários.

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