Missões em meio à crise da Covid-19: perspectiva nigeriana

Como devemos ajustar, descartar ou inovar nossas abordagens anteriores?

Reuben Ezemadu

O texto a seguir foi escrito em 31 de dezembro de 2020. Dados de 11 de março de 2021 (Wordometer) apontam que, no mundo, houve 118,7 milhões de casos de Covid-19 e 2,63 milhões de mortes pela doença. A África, por sua vez, registrou 4,02 milhões de casos e 106 mil mortes até essa data.

Introdução

É normal que líderes de igrejas e organizações cristãs contemplem o que um novo ano trará na continuação dos objetivos de seus ministérios.

Eles começam a orar, planejar e projetar suas atividades para o ano seguinte a partir dos últimos dois meses do ano em curso. Assim, durante a noite da passagem de ano, votos são feitos de melhores perspectivas para o futuro. Planos estratégicos visando obter resultados melhores e mais eficazes são elaborados. Caminhos e roteiros para ministérios mais impactantes são delineados. Slogans, declarações de missão e resoluções são lançadas. E, naturalmente, uma série de declarações proféticas sobre vários aspectos dos eventos que definem o momento e fenômenos futuristas vão sendo disparados por vários “oráculos”, a maioria dos quais afirma estar falando pelo Senhor.

O mesmo ritual anual de projeções e profecias de Ano-Novo marcou o final de 2019 e o início de 2020. A permutação sugerida pela forma aparentemente mística do número “2020” fez as previsões, os slogans, as declarações de missão e declarações proféticas serem ainda mais atraentes. Infelizmente, nenhum daqueles olhares de “bola de cristal” capturou a tempestade crescente do leste que já estava ganhando força e caminhando em direção ao oeste… e inevitavelmente fluiu em direção ao nosso canto do mundo —  a África ocidental —  por volta do primeiro trimestre do ano de 2020.

1. Falsas previsões

Quando “a tempestade” da Covid-19 chegou ao horizonte africano, havia um medo palpável no coração de todo o povo africano sobre como nossos governos corruptos, economias subdesenvolvidas, instalações de saúde precárias e estruturas sociais danificadas poderiam sobreviver em face do poder pandêmico da Covid-19. Afinal, esse vírus estava levando as supostas super potências econômicas tecnologicamente avançadas, com instalações de saúde bem desenvolvidas e sistemas sociais saudáveis, a desmoronarem!

As previsões sobre o impacto calamitoso da Covid-19 na África e no povo africano vieram de fontes muito confiáveis. Por exemplo, a Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (UNECA) previu, em abril de 2019, que “algo entre 300 mil e 3,3 milhões de africanos poderiam perder suas vidas como resultado direto da Covid-19”.1

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou os países africanos para “se prepararem para o pior”2, enquanto Melinda Gates, copresidente da Fundação Bill e Melinda Gates, em entrevista à CNN em 10 de abril de 2020, disse: “Vai ser horrível no mundo em desenvolvimento. E parte do motivo pelo qual você está vendo que os números dos casos não parecem muito ruins é porque eles não têm acesso a muitos testes… Veja o Equador. Veja o que está acontecendo no Equador. Eles estão colocando corpos na rua. Isso também deverá acontecer nos países da África”.3

A situação, no entanto, mostrou-se muito diferente dos resultados previstos. “A África registrou menos casos e mortes por Covid-19 do que outras partes do mundo. Apesar da má qualidade dos sistemas de saúde em todo o continente africano, a taxa de letalidade está oscilando em torno de 2% contra 6,3% da Europa, 3,4% da América do Sul, 3,9% da América do Norte e uma taxa global de letalidade de 3,7% (7 de agosto de 2020).”4

Vários fatores estão sendo apresentados como os motivos pelos quais as previsões não ocorreram na escala temida. Além disso, algumas medidas tomadas na África pelos governos, organizações, comunidades e até em nível individual, em diferentes maneiras e formas, foram identificadas como tendo contribuído para as emocionantes canções de alívio que estão sendo entoadas em todo o continente africano. Assim como a própria pandemia afetou a igreja e seus movimentos missionários, os fatores e medidas que refutaram as previsões também serviram a propósitos muito importantes para a igreja e suas missões.

Michal Shalem e Michal Lebenthal Andreson, em artigo no The Jerusalem Post de 14 de março de 2020, destacaram vários fatores necessários para superar as condições de emergência sem precedentes como as criadas pela Covid-19: “Para vencer crises desse tipo, é necessário desenvolver a capacidade de se adaptar rapidamente a uma nova realidade, de descentralizar autoridade, de pensar de forma diferente e de implementar ferramentas e estratégias criativas. Enfrentar novos e inesperados desafios requer utilizar recursos diferentes e desenvolver um novo modus vivendi (modo de vida) que seja implementável”.5

Neste artigo, exploraremos as medidas básicas em termos de como elas funcionaram ao serem colocadas em prática pelos diferentes governos e entidades na África, responsáveis ​​pelos resultados louváveis ​​que estão sendo destacados e pelas histórias sobre como esse continente tem, até aqui, prevalecido contra a pandemia da Covid-19.

As mesmas características, e algumas outras medidas identificadas nos esforços da igreja africana e comunidades missionárias na África, são exploradas nos dois seguintes exemplos: primeiro no do Movement for African Regional Initiatives [Movimento para Iniciativas Nacionais Africanas] (MANI), em seguida no de uma das mais antigas missões ocidentais que tem trabalhado na África por quase um século.

Inicialmente, para maior clareza, deixe-me sistematizar as medidas identificadas por Shalem e Andreson na citação acima:

  1. Adaptação rápida;
  2. Descentralização da autoridade;
  3. Pensamento diferente;
  4. Implementação de ferramentas e estratégias criativas;
  5. Utilização de recursos diferentes;
  6. Desenvolvimento de um novo modo de vida implementável, um acordo de trabalho que permite a coexistência pacífica apesar das diferenças identificadas.6

2. Entendendo os tempos e direcionando os passos em missões

2.1 Missões na e da África

Quando se tornou óbvio para o MANI que todos os planos que tínhamos feito para 2020 e para a nossa 4ª Conferência Continental quinquenal (agendada para março de 2021) estavam sob grave ameaça devido à pandemia, tivemos de fazer uma pausa para ouvir Deus e uns aos outros sob o tema: “O que estamos ouvindo ou aprendendo de Deus em nossas regiões e contextos em tempos como estes?”.7 As seguintes questões foram elaboradas e distribuídas entre os vários coordenadores regionais e das redes de ministérios para reflexões e estudos sobre o impacto da Covid-19 em nossas regiões e contextos:

  1. O que em nossos contextos precisou mudar drasticamente como resultado da pandemia de Covid-19?
  2. Quais são os desafios, restrições e limitações que a igreja, as pessoas e a sociedade em geral enfrentam atualmente em nossos contextos por causa da pandemia?
  3. O que, agora, devemos fazer de maneira diferente?
  4. Como devemos ajustar, descartar ou inovar nossas abordagens anteriores para, daqui para frente, continuar a cumprir o mandato da grande comissão?

As respostas às perguntas 1 e 2 foram óbvias e consistentes com o que se tornou a experiência comum de todo o mundo: “ruptura do normal” e a “imposição do novo-normal” em todas as esferas de vida, atividade, ministério, relacionamentos e funções sociais!

As respostas às perguntas 3 e 4 nos apresentaram as formas e meios que agora ditam e direcionam as medidas dos “próximos passos” que estamos adotando para mantermos o nosso compromisso com o cumprimento de nossa compreensão do mandato da grande comissão em tempos como estes.

A partir do resumo das respostas, a seguir está o que coletamos, que reformulou nosso enfoque e abordagens de ministério.

Pergunta 3. O que agora deveríamos fazer de forma diferente?

  • Melhorar a consciência da mudança na dinâmica, no contexto e nos paradigmas de missões, no conceito de ‘Grupos Culturais Homogêneos’ (ou ‘Povos Não Alcançados’) e na necessidade de abordagens mais criativas e estratégicas para fazer missões.
  • Ser mais estratégico, inovador e adotar o uso mais eficiente de recursos, tempo e tecnologia em nossos esforços ministeriais.
  • Reexaminar e reordenar nossas prioridades.
  • Encontrar maneiras novas e adequadas para cumprir missões, bem como novos modelos de contribuição para financiar missões.
  • Olhar novamente para o que significa ser uma igreja, enfatizando, inclusive, ser uma comunidade que ama e compartilha.
  • Explorar novas técnicas de treinamento e de alcance para realizar missões que permitam que os discípulos cresçam sem a necessidade de prédios físicos.
  • Mudar de grandes conferências presenciais para reuniões menores em rede com um envolvimento on-line mais consistente.

Pergunta 4. Como devemos ajustar, descartar ou inovar nossas abordagens anteriores para, de agora em diante, continuar a cumprir o mandato da grande comissão? Devemos…

  • Adotar novas tecnologias para fins ministeriais.
  • Procurar novas formas para comunicar o evangelho em comunidades não alcançadas.
  • Treinar nossos membros para que utilizem maneiras novas e criativas de como arrecadar fundos e investimentos financeiros.
  • Convergir esforços para reunir, treinar, equipar e capacitar os crentes locais/nacionais.
  • Pesquisar de forma proativa e promover novas categorias de campos de colheita, forças de colheita e melhores abordagens de engajamento de cada um.
  • Promover igrejas domiciliares; treinar mais anfitriões e líderes de pequenos grupos (PGs), na expectativa de que as igrejas de PGs se tornem especialmente relevantes.
  • Desenvolver parcerias estratégicas e saudáveis, pois elas são hoje mais cruciais do que nunca.
  • Exercer mais intencionalidade em plataformas regulares de rede on-line, mantendo o uso disciplinado e estratégico do espaço digital.
  • Promover o “evangelismo de oração” e orar pelos obreiros da linha de frente.
  • Entender que cada crente deve estar equipado para compreender e exercer seu papel no cumprimento da grande comissão, garantindo que todo o corpo de Cristo seja mobilizado e testemunhe de Cristo onde e em qualquer condição em que se encontrar.

2.2 Missões de fora para a África

Uma das missões mais antigas do Ocidente que tem atuado na África por quase um século também considerou a situação, e fez um retiro de revisão no início da pandemia do novo coronavírus envolvendo todos os seus apoiadores globais. A intenção era identificar como eles permaneceriam relevantes e mais estratégicos em seus esforços de ministério no mundo com o “novo-normal”. No final do retiro, eles concluíram que precisavam continuar a “ser” e “construir” uma “real comunidade missionária global”. O seguinte foi obtido a partir das resoluções:

  • Ser intencionalmente inovador.
  • Equipar, fortalecer e trabalhar com as igrejas locais em nossos contextos de envolvimento com missões.
  • Identificar e desenvolver obreiros e líderes locais.
  • Envolver os favorecidos locais em todos os aspectos de missões.
  • Ter raízes e participar em nossas comunidades.
  • Regionalizar os serviços.8

Os dois exemplos, o do MANI e o da missão mais antiga do Ocidente trabalhando na África, ressaltaram o que Shalem e Andreson também enfatizaram em seu artigo no The Jerusalem Post:

Em emergências, a descentralização de poderes e a transferência de controle para o “campo” é uma necessidade. Contar com fatores locais habituados a atuar em situações rotineiras garantirá melhores resultados e permitirá, de fato, manter normalmente a rotina em momentos de crise. Os gestores em nível local veem o que precisa ser feito em primeira mão e, quando têm liberdade para administrar e manobrar, são capazes de controlar a situação.9

3. Criatividade, inovação, contextualidade, adaptabilidade

A sustentabilidade do esforço missionário, em termos do bem-estar geral da força missionária e do financiamento de programas e projetos de missões, tornou-se um conceito inadmissível em uma situação em que as economias dos países foram atingidas, há escassez das provisões em todos os lugares, os indivíduos e organizações (incluindo igrejas) entraram em modo de sobrevivência, e a generosidade se tornou uma consideração secundária no esforço das pessoas para sobreviverem.

3.1 Oportunidades nascidas da crise

As economias da maioria dos países africanos dependem das importações. Quando se trata de serviços sociais relacionados à saúde etc., os países africanos tendem a olhar para o Ocidente em busca de ajuda para fornecer instalações de apoio e programas para os cidadãos. Porém, devido ao impacto universal da pandemia, que tem sido mais forte nos países doadores da Europa e da América do Norte, não houve muita contribuição dessas bases tradicionais de ajuda à África. Assim, os africanos tiveram de recorrer às suas capacidades inatas para obter força e inspiração para enfrentar a pandemia.

Um dos líderes do movimento missionário na Nigéria divulgou um comunicado no qual aconselhou os missionários nigerianos a praticarem a agricultura caseira, plantando hortas no quintal, incluindo outros métodos agrícolas inovadores, como o cultivo de legumes em vasos colocados em troncos de árvores, fazendo uso de cada espaço disponível para produzir qualquer tipo de alimento que pudesse crescer em tais locais. O objetivo era que os missionários não sofressem de desnutrição ou fome, e evitassem gastar as escassas finanças que tinham com alimentos que estavam terrivelmente caros durante esse período. Muitos missionários que levaram esse conselho a sério e colocaram em prática o que foi sugerido estão progressivamente se tornando autossuficientes em cultivar os próprios alimentos, e alguns até conseguiram um meio de gerar renda extra.

Durante os períodos de lockdown, quando o deslocamento se tornou restrito, fazendo com que fábricas e escritórios fossem fechados, mercados deixassem de funcionar regularmente, empresas fechassem as portas e as fontes de receita fossem prejudicadas, o governo tentou providenciar e distribuir medidas paliativas. Contudo, os missionários não se qualificaram como beneficiários dessa assistência. Graças ao Senhor, algumas agências de apoio missionário aceitaram o desafio, e forneceram ajuda em dinheiro, em materiais e até em visitas aos missionários. Uma família sustentou 25 esposas-missionárias nos campos da Christian Missionary Foundation (CMF) com cerca de cinco milhões de nairas (N5 milhões = US$ 10.500) para estabelecer vários projetos de capacitação (geração de renda) em seus locais. Isso aconteceu em junho, no auge da pandemia aqui na Nigéria. Foi também durante esse período que outro grupo de apoio cristão continuou a sustentar vários missionários na Nigéria e em outros países africanos com contribuições regulares (incluindo cerca de US$ 570 por mês para 10 missionários da CMF), além de comprarem cinco motocicletas para mais cinco missionários da CMF. Duas outras igrejas locais na Nigéria têm apoiado rotineiramente vários missionários (7 e 11 missionários da CMF, respectivamente). Agora temos um nível de apoio local para nossos missionários, e os projetos de campo durante esse período de crise estão maiores do que antes.

3.2 Resiliência e adaptabilidade

Ainda no artigo do Jerusalem Post, Shalem e Andreson declararam: “A base para a resiliência nacional e civil, entre outras coisas, é impulsionar a capacidade interna do governo local para lidar com a situação e ser capaz de agir de forma independente em uma emergência”.10

Cientes da escassez de equipamentos de proteção individual (EPIs), kits de teste e outros suprimentos médicos necessários para os profissionais de saúde da linha de frente, bem como para o tratamento e cuidados com os pacientes, “dezenas de milhares de profissionais da área da saúde se espalharam por todo o continente, medindo a temperatura das pessoas e rastreando a doença. Nos laboratórios de pesquisa, e em empresas de todos os portes, as pessoas também se mobilizaram.  Cientistas no Senegal desenvolveram um kit de teste para a Covid-19 ao custo de 1 dólar, e usaram impressoras 3D para fazer ventiladores. Na Nigéria, alfaiates costuraram máscaras e equipamentos de proteção individual”.11

3.3 Criatividade, inovação e improvisação

Além de outros funcionários, o governador de nosso estado na Nigéria também contraiu a Covid-19. Quando se recuperou, ele reuniu uma equipe de médicos e promoveu uma série de programas de TV, rádio e audiências públicas por meio dos quais as pessoas eram educadas sobre as melhores medidas de prevenção: lavagem das mãos, distanciamento social e uso de máscaras.

3.4 Utilizando a tecnologia

“Na República de Gana, a pandemia da Covid-19 estimulou as pessoas a adotarem inovações na área de saúde, desde aplicativos que ajudam a diagnosticar sintomas de infecção pelo novo coronavírus até drones que transportam amostras de sangue.”13

Treinamento, reuniões (seminários, congressos), comunicações e contatos regulares, serviços religiosos (incluindo santa ceia, ofertas e dízimos) têm acontecido com bastante regularidade, com custos mínimos e, na maioria dos casos, com um maior número de participantes do que normalmente haveria nos encontros presenciais. A tecnologia tem se mostrado uma ferramenta vital para realizar mais com o mínimo de investimentos logísticos e financeiros. Na verdade, esse novo normal pode se tornar um normal permanente, mesmo quando as restrições da pandemia cessarem.

4. O fator Deus

A igreja africana é considerada uma igreja de oração. Devido aos inúmeros desafios e crises econômicas, políticas, sociais e naturais que o continente africano e as pessoas enfrentam, não temos outra alternativa a não ser confiar no Senhor e implorar ajuda do trono da graça em nossas necessidades. Cremos profundamente, e nos apropriamos dessa relação de aliança especial com Deus, conforme declarado em Isaías 19.19-22:

Naquele dia, haverá um altar ao Senhor no centro do Egito e um monumento ao Senhor em sua fronteira. Serão sinal e testemunho de que o Senhor dos Exércitos é adorado na terra do Egito. Quando o povo clamar ao Senhor por causa de seus opressores, ele enviará um salvador que lutará por eles e os livrará. Naquele dia, o Senhor se revelará aos egípcios. Sim, eles conhecerão o Senhor e lhe apresentarão sacrifícios e ofertas. Farão um voto ao Senhor e o cumprirão. O Senhor ferirá o Egito, mas depois trará cura. Pois os egípcios se voltarão para o Senhor, e ele ouvirá suas súplicas e lhes dará cura.  

Como muitas pessoas ainda procuram tenazmente explicar o motivo de as previsões sobre como a Covid-19 devastaria a África não terem ocorrido de acordo com o esperado, o ângulo divino deve ser considerado. Solomon Zewdu declarou o seguinte: “Há muitas coisas que ainda não sabemos. E a minha percepção do problema é: o que não sabemos sobre a África e a Covid-19 é muito menos importante do que aquilo que sabemos. As coisas que sabemos são surpreendentes, são importantes e certamente contribuíram para o sucesso geral com que a África tem resistido a essa doença”.14

Aquilo que ainda não sabemos pertence ao âmbito divino. Conforme declarado no capítulo 19 do livro das profecias do profeta Isaías, Deus ouve e responde nossas orações: “Quando o povo clamar ao Senhor por causa de seus opressores, ele enviará um salvador que lutará por eles e os livrará… O Senhor ferirá o Egito, mas depois trará cura. Pois os egípcios se voltarão para o Senhor, e ele ouvirá suas súplicas e lhes dará cura”. Os exemplos a seguir atestam esse fato:

  1. O superintendente geral da Igreja Cristã Redimida de Deus (ICRD), pastor Adeboye, disse que “mais pessoas teriam morrido de Covid-19 no país se não fosse pela misericórdia de Deus”. Ele afirmou que “as orações dos santos nigerianos pouparam o país de registrar um número muito elevado de mortes pela Covid-19. Nem mesmo a previsão de Melinda Gates – de que as ruas africanas ficariam repletas de cadáveres de mortos pelo coronavírus – concretizou-se porque, aparentemente, Deus está protegendo o continente”. Ele contou que um amigo lhe perguntou: “O que vocês fizeram na Nigéria? Eu respondi que nosso segredo é que clamamos a Deus por misericórdia. Deus nos concedeu misericórdia porque olhou do céu e viu que não tínhamos nada, nenhum recurso, somente a oração”.15
  2. “A pandemia de Covid-19 é uma fase passageira e como um povo de fé buscamos a intervenção de Deus diariamente de joelhos, pedindo a ele para ajudar o nosso mundo e ajudar a África a superar esse vírus mortal. Declaramos coletivamente e acreditamos que não haverá cadáveres espalhados pelas ruas da África.”16
  3. “Mas tenho um sentimento de que Deus tem um papel a desempenhar em tudo isso. No início desta pandemia, eu orava pedindo que Deus curasse a terra, até que me ocorreu que era exatamente isso que ele estava fazendo”.17

É como Paulo em Atenas, que observava o altar dedicado ao “deus desconhecido”, e o utilizou para explicar e apresentar a “mão invisível” que esculpia os fenômenos que os confundiam (Atos 17.23-24).

Respeitamos todas as explicações e especulações sobre o motivo de a África ter desafiado as previsões, mas o fator mais marcante é o fator divino que foi ativado pelas orações!

Ore…

  • Para que Deus responda, coloque sua mão misericordiosa e atenda aos clamores do povo de Deus, continuando a estar com toda a África enquanto a pandemia passa por mutações e se espalha.
  • Especialmente pela África do Sul, a mais atingida das nações africanas.
  • Louve e dê graças pelos dons de inovação e criatividade emergentes de dentro da África, e que o Espírito de Deus continue a inspirar novas iniciativas que abençoem não só os africanos, mas também todas as nações.
  • Para que Deus supra milagrosamente os pastores e missionários africanos que dependem da generosidade de outros para apoiá-los no ministério; também por capacitação para que possam gerar seu próprio sustento sob a orientação de Deus.
  • Para que surjam novas revelações sobre a melhor forma de conduzir missões em contextos de grande sofrimento e necessidade, para que Cristo seja reconhecido e Deus glorificado entre todos os povos.

 

Notas de rodapé

  1. https://www.uneca.org/covid-19-africa-protecting-lives-and-economies
  2. https://apnews.com/article/caa613fb8004d3cd2ecae13201d7b745
  3. Chukwuma Muanya, “Why Africa is Least Affected by Deaths From Covid-19”, The Guardian Nigeria, 19 de maio de 2020.
  4. Paul Adepoju, “Covid-19: The Sky Has not Fallen Yet in Africa”, Health Policy Watch, 15 de agosto de 2020.
  5. Michal Shalem & Michal Lebenthal Andreson, “Corona: Crisis or Opportunity”, The Jerusalem Post, 14 de março de 2020.
  6. Shalem et al., Ibid.
  7. Artigo MANI, “What are we Learning/Hearing from God in Our Regions & Contexts in Times Like These?”
  8. Compromisso do Quênia (SIM International).
  9. Shalem et al., Ibid.
  10. Shalem et al., Ibid.
  11. Solomon Zewdu, “África: In the Fight Against COVID-19, an Unsung Continent” (Diretor Adjunto para o Desenvolvimento Global na Etiópia e África, Fundação Bill & Melinda Gates).
  12. Zewdu, Ibid.
  13. Stacey Knott, “Covid-19 Drives Health Care Tech Innovation in Gana”, VOA News, 23 de maio de 2020.
  14. Zewdu, Ibid.
  15. Pastor Adeboye, “Covid-19: Our Prayers Saved Nigeria From Coronavirus”, The Realm News, 1º de novembro de 2020.
  16. Bispo Seun Adeoye, A Statement Issued in Nigeria by World Bishops Council Spokesman in Africa, 15 de abril de 2020.
  17. Muyiwa Adetiba, “Covid-19: Why Africa is Not Picking Dead Bodies on the Streets”, Vanguard Nigeria, agosto de 2020.

 

Sobre o autor

O rev. Reuben E. Ezemadu é o fundador e, atualmente, diretor internacional da Christian Missionary Foundation (CMF). Ele foi secretário geral pioneiro e, mais tarde, presidente da Nigeria Evangelical Missions Association [Associação Missionária Evangélica da Nigéria] (NEMA), coordenador geral da Third World Missions Association [Terceira Associação Mundial de Missões] (TWMA), e atualmente é coordenador continental do Movement for African Regional Initiatives [Movimento para Iniciativas Nacionais Africanas] (MANI).

O artigo foi originalmente escrito em inglês e publicado no site da Comissão de Missões da World Evangelical Alliance (WEA) em setembro de 2020 e está disponível aqui. O Martureo obteve permissão para traduzir o conteúdo para o português e republicá-lo.

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