Línguas indígenas brasileiras e o acesso delas à Bíblia em áudio
Um retrato das 100 línguas “em destaque” no País em relação à Visão 2033 da ETEN
Rodrigo Tinoco
Em 2010, foi estabelecida a Every Tribe Every Nation (ETEN) [Cada Tribo, Cada Nação] – aliança que reúne as maiores organizações de tradução da Bíblia no mundo e parceiros de recursos comprometidos com a erradicação da pobreza de acesso à Bíblia. As agências de tradução que fazem parte da ETEN demonstraram uma unidade sem precedentes na comunidade de tradução das Escrituras. Em conjunto, criaram um repositório digital compartilhado para texto, áudio e vídeo. Adotaram, ainda, uma estrutura coletiva, e estão desenvolvendo um “ecossistema” abrangente de ferramentas e informações. Esse compromisso, somado a princípios operacionais, processos e resultados consensuais, bem como o acesso a dados comuns, agora permite planejamento e implementação compartilhados.
A ETEN, no intuito de fornecer acesso à Palavra de Deus para todas as tribos e todas as nações, também estipulou metas a serem alcançadas: Visão 2033. São marcos (mas provavelmente não um ponto final) no esforço do movimento de tradução da Bíblia em nível mundial. Esta tabela mostra as principais metas da Visão 2033[1]:
Há 100 línguas em destaque no Brasil
No relatório 2022 (5ª edição v1) do Observatório de Línguas e Recursos do Brasil (veja aqui o resumo do relatório 2021), estão catalogadas 269 línguas no País, mas 127 delas são classificadas como fora do estudo (línguas extintas ou de baixa vitalidade). Das 142 restantes, 15 são línguas não indígenas (português, espanhol, libras, alemão etc.). O intuito de listá-las é abarcar ministérios com refugiados e deslocados, o que abre a possibilidade se adicionar outras conforme a necessidade ministerial. Há ainda 20 línguas de fronteira – de povos originários de outros países (principalmente os que fazem fronteira com o Brasil) que têm representação também em território brasileiro – e 7 classificadas no relatório como línguas em concorrência (não vamos falar sobre elas aqui). Restam, então, 100 línguas em destaque no Brasil, todas elas faladas por povos indígenas. Elas são chamadas dessa forma justamente por serem o foco dos esforços de projetos de acesso e engajamento bíblicos.
Retrato das 100 línguas em destaque no Brasil em relação à Visão 2033
O ministério Faith Comes By Hearing (FCBH) [Fé Vem pelo Ouvir (FVPO)] se juntou à comunidade mundial de tradução em um movimento para que todos tenham acesso ao evangelho de Jesus Cristo na língua que entendem e em um formato adequado (texto, áudio ou vídeo) uma vez que muitas culturas são orais.
A FVPO atua com parcerias para disponibilizar a Bíblia em áudio de forma gratuita para todas as línguas que precisem até o ano de 2033. São 4 os indicadores para acompanhar essa jornada até 2033:
A seguir, é possível verificar o andamento de ações realizadas no Brasil junto às línguas em destaque em relação aos indicadores mencionados.
Sobre o autor deste post
Rodrigo Tinoco, pesquisador brasileiro da área de missiologia e fundador da Data4Misssion, cujo slogan é “Transformando dados em ações missionárias”, lidera o Observatório de Línguas e Recursos do Brasil, iniciativa que reúne voluntários para:
- Coleta, mineração e análise de dados,
- Construção de painéis decisórios.
O Observatório de Línguas e Recursos do Brasil publica, anualmente, um relatório para apoiar o movimento missionário, especialmente no que tange às iniciativas para prover o acesso às Escrituras na língua do coração para todas as comunidades do Brasil. Os dados apresentados foram extraídos do relatório 2022 (5a edição v1). Outras informações podem ser solicitadas pelo e-mail rodrigotinocobr@gmail.com.
[1] ETEN. Roadmap to Eradicate Bible Poverty: A partnership-driven model to translate Scripture into every language by 2033. Oklahoma: Prepared by Calvin Edwards & Company for and in collaboration with ETEN (2017).