Especial NATAL: Jesus quem nos revela Deus.
Autor: Brennan Manning Livro: A Assinatura De Jesus
“A possibilidade de qualquer pessoa reconhecer na frágil humanidade de Jesus a plenitude do poder de Deus para salvar vem apenas de uma intervenção miraculosa de Deus. A fé radical não é um êxito pessoal, pois se fosse bastava que tivéssemos a força de vontade necessária e estaria feito. Ao contrário, é um presente, e a nós cabe reagir correspondentemente, vigiar e orar.
Escrevendo aos coríntios, Paulo reconhece que o Espírito, entregue por Jesus, torna possível o ato mais básico da vida cristã: “Ninguém pode dizer: ‘Senhor Jesus!’, se não pelo Espírito Santo” (2Co 12:3). A fé que Jesus inspirava em seus discípulos tinha impacto tão profundo neles que achavam impossível crer que qualquer outro pudesse se igualar a ele ou suplantá-lo: nem mesmo Moisés ou Elias, nem mesmo Abraão. Que um profeta ou juiz ou Messias pudesse vir depois de Jesus e ser maior do que Jesus era inconcebível. Não era necessário esperar por mais ninguém. Jesus era tudo.
Jesus era tudo o que os judeus haviam esperado e orado. Jesus cumprira, ou estava prestes a cumprir, toda promessa e toda profecia. Se alguém deve julgar o mundo no final, deve ser ele. Se alguém deve ser apontado como Messias, Rei, Senhor, Filho de Deus, como poderia ser outro que não Jesus? Jesus foi experimentado como o momento revolucionário na história da humanidade. Ele transcendeu tudo o que fora dito e feito anteriormente. Ele era, em todos os sentidos, o definitivo, a última palavra. Seu Espírito era o Espírito de Deus. Seus sentimentos eram os sentimentos de Deus. O que ele defendia e representava era exatamente o mesmo que Deus defendia e representava. Nenhuma avaliação mais elevada era possível.
Era essa a experiência dos seguidores de Jesus. A fé cristã contemporânea ressoa com a avaliação da igreja primitiva. Num sentido muito real, Jesus é nossa fé. Nossa fé inclui nossas crenças, mas também as transcende, pois a realidade de Jesus Cristo nunca pode ser confinada dentro de formulações doutrinárias. A pergunta, portanto, não é mais: Jesus de fato é semelhante a Deus?, mas: Deus de fato é semelhante a Jesus? Esse é o sentido tradicional da declaração de que Jesus é a Palavra de Deus. “Não é Deus que nos revela Jesus, é Jesus que nos revela Deus”.
Não podemos deduzir nada sobre Jesus do que pensamos que sabemos a respeito de Deus; devemos deduzir tudo a respeito de Deus do que sabemos sobre Jesus. Como aconteceu com Abraão, as imagens anteriores que tínhamos de Deus ficam para trás. A dádiva da minha fé em Jesus não depende ou se apóia em nenhum poder externo a minha experiência da graça de Deus.
Em última análise, a fé não é a soma de nossas crenças, ou um modo de falar, ou um modo de pensar; é um modo de viver e pode ser articulado adequadamente apenas numa prática de vivência. Reconhecer Jesus como Salvador e Senhor é significativo à medida que tentamos viver como ele viveu e ordenar nossa vida de acordo com os valores dele. Não precisamos teorizar a respeito de Jesus; precisamos fazê-lo presente no nosso tempo, na nossa cultura, nas nossas circunstâncias. Apenas a verdadeira prática da fé cristã pode legitimizar o que cremos.”