A difusão da imagem de Deus como constante missiológica na Bíblia
por André Dimovci Maria *
Este trabalho tem por finalidade demonstrar que a Bíblia apresenta de forma consistente o propósito missional do homem como aquele que deve difundir a imagem de Deus sobre a terra, e que isto está intimamente relacionado a correta sujeição da criação pelos homens como vice regentes de Deus.
INTRODUÇÃO
O século 20 iniciou com otimismo em relação ao humanismo científico. O desenvolvimento industrial e tecnológico proporcionava um crescimento exponencial em direção ao progresso. A modernidade alcançava novos auges a cada dia. Entretanto, a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, e a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, minaram a confiança ocidental em seus pressupostos filosóficos. A situação foi agravada por outros problemas atrelados à modernidade que se tornavam cada vez mais latentes como a pobreza, a degradação ambiental, a proliferação de armas e problemas sociais e econômicos.
Em reação ao fracasso desse sistema, surgiu o movimento que muitos denominam de pós-modernidade, que segue pressupostos contrários ao de seu predecessor. Enquanto o primeiro apresentava uma metanarrativa de progresso, o segundo rejeita qualquer metanarrativa e critérios universalmente válidos para organizar a sociedade. A pós-modernidade nega a capacidade de conhecer a realidade de uma forma objetiva, o que conduz a um pluralismo dentro do conhecimento e a diversos conceitos.
Em meio a essa realidade atual composta por um pluralismo de definições e opiniões, é necessário reafirmar o que a Bíblia, a verdade objetiva revelada por Deus, trata a respeito desses conceitos.
1. A MISSÃO DA HUMANIDADE NA BÍBLIA
1.1. A missão da humanidade no relato da criação
O livro de Gênesis foi escrito para o povo de Israel, quando este habitou no Egito por aproximadamente 430 anos. O povo teve contato durante todos esses anos com mitologias pagãs que descreviam um panteão de deuses controlando a criação, exigindo adoração e culto através de ritos e costumes que não seguiam os padrões morais estabelecidos por Deus. Tal conjunto de crenças, assim como dito por Bruce Waltke “enfraquecem o entendimento bíblico sobre o relacionamento de aliança entre Deus e seu povo” (WALTKE, 2015, p. 197). O Gênesis apresenta um único Deus santo que, sozinho, cria, coloca em ordem toda a criação e escolhe um povo para si.
No relato criativo do Gênesis, o ápice é atingido na declaração de Deus em fazer o homem a sua imagem e semelhança, conforme é lido no versículo 26 do capítulo 1:
*André Dimovci Maria é seminarista. Também é bacharel em Ciências e Tecnologias e Engenharia de Materiais na Universidade Federal do ABC. Este artigo é resultado do primeiro concurso de artigos do MARTUREO. André foi um dos dois vencedores do concurso.
Este artigo não necessariamente reflete o posicionamento do Martureo