Iluminismo, igreja e missão

Iluminismo, igreja e missão

por Rafael Langraff

As características do iluminismo, suas consequências com relação a missão e a igreja, e as contestações necessárias pelo novo paradigma emergente.

Rafael Zulato Langraff [1]

Este é o quarto texto de uma série de reflexões acerca do livro “Missão transformadora – mudanças de paradigma na teologia da missão” de David J. Bosch. O presente artigo se propõe a analisar diversas seções do livro onde Bosch apresenta as características do Iluminismo, as influências e consequências para a igreja e a missão e, por fim, discute algumas atitudes necessárias para contestar tais características. O objetivo deste artigo é unificar as seções do livro de David Bosch, colocando em paralelo cada uma das características com suas influências na igreja e na missão, bem como as contestações necessárias por parte do novo paradigma emergente da missão, facilitando assim a reflexão acerca do tema.

 

Introdução

 

A postura da igreja sofreu diversas modificações ao longo dos séculos. Tais mudanças demonstram a impossibilidade de a igreja passar ilesa pelas altercações que deformaram a estrutura de autoridade aceita. A cosmologia medieval possuía uma estrutura de autoridade onde Deus estava no patamar mais alto, acima da igreja que, por sua vez, era seguida pelos reis e nobres, depois o povo e, por último, por animais, plantas e objetos. Durante o renascimento, a autoridade da igreja foi contestada e seguida pela desconstrução modernista da autoridade de reis e nobres. No período final do modernismo e já na pós-modernidade, outra mudança foi feita na base dessa estrutura, colocando animais, plantas e objetos acima do povo através de uma filosofia pautada em prazeres, consumo e na desconstrução do homem comparado a como era retratado pelo cristianismo medieval, tornando-o apenas uma parte da evolução natural. Toda esta inversão, que traz ainda consigo a exclusão de Deus pelo iluminismo científico-naturalista da estrutura de autoridade supracitada, sintetiza – mesmo que de modo muito superficial – a enorme diferença entre a cosmovisão medieval e a cosmovisão da cultura geral do mundo contemporâneo.

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[1] Escritor, professor e músico, formado em teologia, filosofia e sociologia. Educador cristão na Igreja Batista em Jd. Mauá, coordenador acadêmico do Seminário Teológico Batista do Grande ABC, escritor regular do instituto para reflexões missiológicas Matureo e integrante do grupo Álef trio. Contato: rafael.langraff@gmail.com

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