Definindo “não alcançados”: uma breve história

“Precisamos reconhecer que diferentes porcentagens motivarão diferentes ministérios para diferentes propósitos”

Dave Datema

O conceito de ver o mundo como “povos” é, possivelmente, a inovação mais significativa na missiologia do século 20. Dos anos 1970 a 2000, aproximadamente, esse modo de pensar tornou-se praticamente universal. Embora o conceito permaneça, ele perdeu seu brilho. Em primeiro lugar, as décadas iniciais de empolgação com a nova ideia se dissiparam quando os frutos mais próximos foram colhidos e ficou claro que “concluir a tarefa” traria imensos desafios. Após o ano 2000, esse otimismo inicial se desvaneceu. Em segundo lugar, as questões de identidade, especialmente em contextos urbanos, desafiaram a veracidade do conceito de “povos.” Argumenta-se que, embora o conceito se ajuste ao domínio rural, ele fica aquém do urbano, e uma nova estrutura para a missão é necessária. Assim, temos testemunhado nos últimos anos:

  • contínuas críticas ao princípio da unidade homogênea;
  • apelos para avançar para uma “quarta era” de missões (definida de várias maneiras);
  • e preocupações sobre como os critérios de porcentagem usados em nossas definições nos forçam a olhar para o mundo.

O objetivo deste artigo é revisar o desenvolvimento das definições de povos não alcançados, e questionar se elas ainda estão servindo bem à comunidade de missão de fronteira.[*] Trata, especificamente, dos aspectos qualitativos e quantitativos dessas definições.

Essa questão final dos critérios de porcentagem foi a motivação para a pesquisa que se segue. Tudo começou com dois gráficos em O Futuro da Igreja Global [The Future of the Global Church] de Patrick Johnstone. O primeiro gráfico era uma lista de países definidos como “<2% evangélicos e <5% cristãos” e o outro, uma lista de países definidos como “<2% evangélicos, mas> 5% cristãos.”[1] A diferença marcante entre as duas listas, com base em um simples ajuste dos critérios de porcentagem, me fez imaginar o que estava por trás das porcentagens atualmente utilizadas e das histórias, não contadas, que elas poderiam revelar. As outras questões acima mencionadas ilustram a conversa missiológica atual; elas merecem atenção, mas não são tratadas diretamente aqui. Olharei para o desenvolvimento histórico a partir de diferentes visões do que é um povo não alcançado e, no passo seguinte, verificarei se elas ainda estão servindo bem à comunidade de missão de fronteira; para tanto, focarei especificamente nos aspectos qualitativos e quantitativos dessas definições.

 

Figura 1. A evolução das definições para “povos não alcançados” até 1983

1 Barrett 1968, 137. “Na época, o número de adeptos protestantes ou católicos na tribo passou de 20%… um corpo muito considerável de opinião cristã nativa passou a existir.”[2]
2 Pentecost 1974, 30. Povos não alcançados: “Consideramos que um povo não é alcançado quando menos de 20% dos adultos são cristãos professos”. (Nota: essa definição não requer cristãos “praticantes”.)
3 MARC 1974, 26. “Povos não alcançados são aquelas unidades homogêneas (geográficas, étnicas, socioeconômicas ou outras) que não receberam informações suficientes sobre a mensagem do evangelho de Jesus Cristo dentro de sua própria cultura e padrão linguístico para tornar o cristianismo uma alternativa significativa para seu atual sistema religioso/ de valores, ou que não responderam à mensagem do evangelho, por falta de oportunidade ou por causa da rejeição da mensagem, ao grau em que não há nenhum corpo de igreja apreciável (reconhecido) comunicando eficazmente a mensagem dentro da unidade em si.”
4 MARC 1974, 26. Povos não alcançados: “Para os fins deste diretório inicial, consideramos que um povo não é alcançado quando menos de 20% da população desse grupo faz parte da comunidade cristã”. (Nota: não requer cristãos “praticantes”.)
5 LCWE/ SWG 1977 (ver Wagner e Dayton 1978, 24). Povos não alcançados: “Um povo não alcançado é um grupo com menos de 20% de cristãos praticantes”. (Nota: Ao exigir “cristãos praticantes”, quase todos os grupos deixam de ser alcançados.)
6 Winter 1978, 40, 42. Um povo oculto: “Por razões espirituais e práticas, eu ficaria mais satisfeito em falar sobre a presença de uma igreja permitindo que as pessoas sejam incorporadas, ou a ausência de uma igreja que deixe as pessoas não incorporadas.
…Qualquer grupo linguístico, cultural ou sociológico definido em termos de sua afinidade primária (não afinidades secundárias ou triviais) que não pode ser conquistado por métodos E-1 e atraído para uma comunidade existente, pode ser chamado de povo oculto”. (Nota: essa é a primeira definição publicada de povos ocultos.)
7 Comitê de Convocação de Edimburgo, 1979. “Povos ocultos: aqueles subgrupos culturais e linguísticos, urbanos ou rurais, para os quais ainda não existe uma comunidade nativa de cristãos convertidos capazes de evangelizar seu próprio povo.”
8 Wagner e Dayton 1981, 26. “Quando se pode dizer que um povo foi alcançado? Obviamente, quando há uma igreja em seu meio com o desejo e a capacidade de evangelizar o restante do grupo.”
9 LCWE/ SWG 1980 (ver Wagner e Dayton 1981, 27). “Povo oculto: não há cristãos conhecidos no grupo. Inicialmente alcançado: menos de 1%, mas alguns cristãos. Minimamente alcançado: 1% a 10% de cristãos. Possivelmente alcançado: 10% a 20% de cristãos. Alcançado: 20% ou mais de cristãos praticantes.” (Nota: sugere um conceito diferente para o termo povos ocultos.)
10 NSMC janeiro de 1982. “Os povos não alcançados são unidades definíveis da sociedade com características comuns (geográficas, tribais, étnicas, linguísticas etc.) entre as quais não existe um movimento eclesiástico evangelizador nativo viável.” (Observe que essa definição introduz um fator geográfico.)
11 IFMA – Comitê dos Povos de Fronteira [Frontier Peoples Committee], 24 de fevereiro de 1982. Acordo para usar a definição de Edimburgo 1980 (nº 7 acima) para todas as três frases, povos ocultos, povos de fronteira e povos não alcançados. (Essa ação foi tomada à luz de informações antecipadas sobre a tendência de mudança por parte do grupo MARC, a qual foi oficialmente expressa na reunião C-82, ver nº 12.)
12 LCWE/ Chicago, 16 de março de 1982. Povos não alcançados: “Um povo (definido em outro lugar) entre o qual não há comunidade nativa de cristãos convertidos capazes de evangelizar esse povo”.
13 LCWE/ SWG 21 de maio. Igual ao número 12, exceto que o SWG votou para substituir “capazes” pelo termo “com os recursos espirituais”.
14 LCWE/ Chicago, 9 de julho (revisão adicional dos números 12 e 13 por segunda votação pelo correio). Povos não alcançados: “Um povo entre o qual não há comunidade nativa de cristãos convertidos em número e com recursos adequados para evangelizar esse grupo de pessoas sem ajuda externa (intercultural)”. (Nota: nova frase em itálico)[3]

Meu interesse pessoal no tópico foi alimentado por passar os últimos 17 anos como membro da missão Frontier Ventures, antigo Centro Norte-Americano para Missões Mundiais [US Center for World Mission]. Embora eu estivesse sob a supervisão de Ralph Winter, um dos principais arquitetos do pensamento no que se refere a povos e grupos de pessoas, percebi que eu, e muitos outros, tínhamos aceitado sem questionar as definições de povos não alcançados. E a razão pela qual isso é tão importante é que todo o nosso entendimento da “tarefa inacabada”, e os bilhões de dólares gastos em sua execução, se baseiam nessas definições. Também é importante porque cada geração questiona, naturalmente, as opiniões estabelecidas pela anterior. Quarenta anos se passaram desde Lausanne 74 e o surgimento do conceito de “povos”. À medida que a liderança das comunidades missionárias faz a transição para as novas gerações, o escrutínio será nivelado com essas definições. Acredito que esta pesquisa seja um exemplo desse levantamento, que transmite profundo respeito e admiração por conclusões anteriores.

Aqui está um exemplo do motivo de essa discussão ser importante. Qual país em cada um dos seguintes pares você consideraria como país “não alcançado”?

  • Argélia ou Eslovênia
  • Palestina ou Polônia
  • Jordânia ou Áustria
  • Mali ou França

Com base em um conhecimento superficial desses países, a maioria das pessoas provavelmente escolheria o primeiro país em cada par. O Norte da África e o Oriente Médio devem ser menos alcançados do que a Europa, certo? Só que a resposta não é tão óbvia assim, e depende inteiramente de como se define “não alcançado”.

O dilema das definições de povos não alcançados (PNA)

Em 1983, Ralph Winter descreveu a evolução das definições para povos não alcançados. Eu a reproduzo aqui, com certo grau de detalhe devido à riqueza de insights contidos. As ênfases são de Winter (consulte a Figura 1).

Esta definição final de 1982 depende do pressuposto de que, se houver crentes em um determinado povo não alcançado, eles não têm a capacidade de evangelizar[4] o resto do grupo sem ajuda externa.[5] Talvez não haja nenhuma tradução da Bíblia ali. Quem sabe o número de crentes seja infinitesimalmente pequeno. Ralph Winter, pouco antes de morrer em 2009, foi coautor de um artigo com Bruce Koch (para a 4ª edição da publicação Perspectivas no Movimento Cristão Mundial) ) que buscava explicar novamente a definição de um “povo não alcançado”. Em vez da frase de julho de 1982 que falava sobre “uma comunidade nativa de cristãos convertidos” (ver nº 14 na Figura 1), Winter e Koch substituíram as palavras “um movimento de plantação de igrejas nativas viável”, e então passaram a definir esses termos da seguinte maneira:

É necessário que em cada povo o evangelho comece a ser comunicado a todo o grupo com poder convincente e vivificante de tal forma que as igrejas plantadas possam continuar a pregar o evangelho a todas as pessoas… A tarefa missionária essencial é estabelecer um movimento de plantação de igrejas nativas viável com o potencial de renovar famílias estendidas e transformar toda uma sociedade. É viável porque pode crescer por conta própria, as igrejas são nativas porque não são vistas como estrangeiras, e é um movimento de plantação de igrejas que continua a reproduzir comunidades intergeracionais que são capazes de evangelizar o restante do povo. Muitos se referem a essa conquista de um movimento de plantação de igrejas nativas como um avanço missiológico.[6] (Ênfases de Winter e Koch.)

No entanto, como saber quando atingimos “o ponto de inflexão” – aquele ponto em que um grupo de crentes é capaz de evangelizar seu próprio povo? Não se sabe. Isso acontece e passa despercebido. Em algum ponto, notamos que ocorreu, mas não há como saber quando o ponto de inflexão foi alcançado, a menos que o grupo seja muito pequeno. Só é possível notar em retrospectiva, talvez anos mais tarde. O dilema que isso apresenta é que, se a própria definição de alcançado/não alcançado depende de isso acontecer, e se não sabemos se isso aconteceu, então realmente não sabemos se um determinado grupo pode ser considerado alcançado ou não alcançado. E isso, por sua vez, significa que não temos uma maneira simples de medir o progresso para fins de mobilização.

Embora isso possa não chegar a ser um grande problema no campo missionário, torna-se um grande problema “em casa”. Por sua própria natureza, a mobilização exige a tradução de realidades complexas de campo em slogans simples e claros a fim de despertar aqueles que, em princípio, só conseguem apreender conceitos básicos. A fim de consolidar apoio e inspirar compromisso, a situação dos não alcançados deve ser apresentada “com uma clareza preto no branco”. “Os biscoitos devem ser colocados em uma prateleira mais baixa”. Alguém, em algum lugar, deve traçar uma linha entre o alcançado e o não alcançado. Veremos adiante, neste artigo, como essas decisões foram tomadas nos últimos quarenta anos, e o que pode ser aprendido a partir delas para o futuro.

Os primeiros protagonistas

Embora a visão geral de Winter seja útil para mostrar a evolução básica do pensamento em relação à definição de povos não alcançados, logo se reconhece a dificuldade que os missiólogos tiveram em chegar a um acordo, que não era claro até 1982 com o “consenso de Chicago”. Havia, nos primeiros anos, duas escolas principais de pensamento influenciando essa discussão. Por um lado, estava C. Peter Wagner, Presidente do SWG – Grupo de Trabalho de Estratégia [Strategy Working Group] da Comissão de Lausanne para a Evangelização Mundial [Lausanne Committee for World Evangelization (LCWE)][7], juntamente com Ed Dayton, Diretor do MARC – Centro de Comunicações e Pesquisa Avançada de Missões [Missions Advanced Research and Communications Center] da Visão Mundial. Juntos, eles representam o que é chamado de “Tradição de Lausanne” neste artigo. Do outro lado, estava Ralph Winter e seu emergente Centro Norte-Americano para Missões Mundiais [US Center for World Mission (USCWM)], defendendo o que, neste documento, é chamado de “Tradição de Edimburgo”.[8] Antes de analisarmos o pensamento específico de cada um deles, será interessante compreendermos melhor as organizações que eles representavam e o contexto em que trabalhavam.[9]

Escola de Missão Mundial do Seminário Fuller

A história da Escola de Missão Mundial do Fuller [Fuller’s School of World Mission (SWM)] é bem conhecida e não será reconstituída aqui. É suficiente lembrar ao leitor que tudo começou com o Dr. Donald McGavran e seu Instituto de Crescimento da Igreja [Institute of Church Growth] em 1965. Alan Tippett se juntou a McGavran naquele primeiro ano, e outros logo se seguiram: Ralph Winter (1966), J. Edwin Orr (1966), Charles Kraft (1969), Arthur Glasser (1970) e C. Peter Wagner (1971). Sob a liderança e direção de McGavran, o corpo docente da SWM adotou uma abordagem positiva em relação às missões, abordagem essa que foi amplamente divulgada. Em um período relativamente curto, a SWM foi considerada, por alguns, como a escola de missão mundial mais influente nos Estados Unidos.

O Congresso Mundial de Evangelismo e o início do MARC

O Congresso Mundial de Evangelismo, realizado em Berlim de 26 de outubro a 4 de novembro de 1966, teve resultados importantes:

Billy Graham, Carl Henry e outros protestantes evangélicos americanos desejavam promover um fórum para o crescente movimento evangélico protestante em todo o mundo. O congresso pretendia ser um sucessor espiritual da Conferência Missionária Mundial de 1910 em Edimburgo, Escócia. No encontro, muitos líderes evangélicos se encontraram pela primeira vez. A reunião foi planejada, liderada e financiada principalmente pelos americanos, e foi patrocinada pela revista Cristianismo Hoje [Christianity Today] com forte apoio da Associação Evangelística Billy Graham. Os relatórios e documentos do congresso ajudaram a ilustrar a mudança do centro gravitacional do cristianismo da Europa e América do Norte para a África, Ásia e América Latina. O Congresso Internacional de Evangelização Mundial de 1974 em Lausanne, Suíça, foi o sucessor dessa conferência da Escócia.[10]

Digno de nota, nessa conferência encontravam-se Donald McGavran, da Escola de Missões Mundiais do Fuller [Fuller’s School of World Mission (SWM)], bem como Bob Pierce e Ted Engstrom, respectivamente presidente e vice-presidente executivo da Visão Mundial. Engstrom apresentou, nessa conferência, um artigo para o grupo de discussão “Missões e Tecnologia” em que defendeu o uso da nova tecnologia da época – os computadores.

Você consegue imaginar o benefício para as diversas denominações cristãs se todas as informações disponíveis sobre qualquer país fossem armazenadas em um computador? [11]

Ele continuou dizendo:

Estamos usando o nosso computador da Visão Mundial, um IBM modelo 360/30, para realizar um projeto piloto e, assim, testar a validade desse conceito. As informações sobre as várias pessoas servindo na área de missão estão sendo catalogadas e armazenadas eletronicamente. Será selecionado um país piloto e realizado um teste de coleta e troca de informações entre as denominações, sociedades e grupos que atuam nesse país… As maneiras pelas quais o uso adequado das informações computadorizadas pode acelerar a mensagem do evangelho em todo o mundo estão além da imaginação.[12]

Ele, então, destacou a necessidade de essa pesquisa ser divulgada:

Uma boa pesquisa e um bom planejamento ocorrerão somente quando tivermos estabelecido uma rede de comunicação eficaz em todo o mundo cristão.[13]

E assim podem ser vistas nessas palavras as sementes do Centro de Pesquisa e Comunicação Avançada de Missões (MARC), iniciado nesse mesmo ano. O relatório desse grupo de discussão “Missões e Tecnologia” encontra-se no segundo volume das atas do congresso:

Os delegados presentes na discussão sobre “Missões e Tecnologia” indicaram a necessidade de pesquisa em meios e métodos de evangelismo, organização de informações missionárias e análise contínua dos resultados do evangelismo para que o evangelismo cristão alcance a eficácia máxima em nosso tempo… Ted Engstrom (EUA), da Visão Mundial Internacional, apresentou o pano de fundo de seu interesse em tecnologia e missões, pedindo esforços concentrados nos meios e métodos de evangelismo. D. A. McGavran (EUA) protestou contra o fato de que muitas informações missionárias estão lacradas em compartimentos, inseridas em relatórios anuais, e apelou por maneiras de compartilhar esse conhecimento com o mundo. “Precisamos de meios para saber como e onde a igreja está crescendo”, disse McGavran.[14]

O MARC e a Escola de Missões Mundiais do Fuller (SWM)

A sinopse anterior revela a estreita relação de trabalho entre a SWM do Seminário Fuller e o MARC da Visão Mundial. McGavran iniciou a SWM em 1965, enquanto o MARC foi estabelecido em 1966 como uma divisão da Visão Mundial Internacional. Ed Dayton, seu primeiro diretor, formou-se no Fuller e estudou com professores da SWM. Devido a esse relacionamento e da proximidade (14 Km) entre o Seminário Fuller (Pasadena) e a então sede da Visão Mundial (Monrovia), o MARC e a SWM do Fuller tiveram uma grande influência durante os anos 70 e 80 na pesquisa dos povos não alcançados. Digno de nota especial é o trabalho de McGavran e Dayton. De acordo com Wagner e Dayton:

Desde a sua fundação em 1966… o MARC centrou sua filosofia de evangelização mundial em torno de “povos”. A análise que foi feita em conjunto por Donald McGavran e Ed Dayton, da Escola de Missão Mundial do Seminário Fuller, indicou que a abordagem da missão por países não era mais viável… McGavran e Dayton trabalharam utilizando uma análise das necessidades da evangelização mundial com base na visão anterior de McGavran obtida com grupos de pessoas… À medida que a análise prosseguia, era óbvio que a unidade básica da evangelização não era um país, nem um indivíduo, mas uma grande variedade de subgrupos.[15]

Ralph Winter e o Centro Norte-Americano para Missões Mundiais [US Center for World Mission]

Essa história é bem conhecida, então será mencionada de forma breve. O papel de Winter no corpo docente da SWM fez dele uma testemunha próxima de tudo o que foi descrito anteriormente. No entanto, Winter não conseguiu persuadir o corpo docente e o conselho do Fuller a criar estruturas para lidar com o que todos eles reconheciam ser o enorme desequilíbrio entre os recursos e equipes missionárias e os grupos de pessoas completamente não alcançados. Incapaz de cumprir suas tendências mais ativistas, em 1976 ele, relutantemente, deixou seu papel de professor na SWM do Fuller para fundar o Centro Norte-Americano para Missões Mundiais (a apenas 5 Km de distância, ambos em Pasadena). Impulsionado por sua apresentação em Lausanne no ano de 1974, Winter se tornou uma voz significativa nos círculos missionários, e o centro passou a ser, nos anos seguintes, a terceira organização com forte influência na mobilização para povos não alcançados. Com a adição em 1976 do Centro Norte-Americano para Missões Mundiais, passou a haver três organizações muito próximas, cada uma com propósitos únicos, porém paralelos e complementares, criando um ambiente rico para o diálogo e o debate.

É notável que nomes estabelecidos dentro do “evangelicalismo” americano, como Fuller, McGavran, Pierce, Engstrom, Tippett, Winter, Wagner, Kraft, Glasser e outros, estivessem concentrados em um espaço geográfico tão pequeno, tanto que alguns chamaram de “Pasaróvia” (Pasadena com Monróvia).[16] Sua influência no mundo da missão, especialmente entre 1970 e 1990, foi imensa.[17]

Avaliação das definições de povos não alcançados (1974-1982)

A Tradição de Lausanne

Embora a “Tradição de Lausanne” se refira a um movimento e esforço muito amplos, o objetivo deste artigo não é fornecer uma visão geral de todo o movimento, mas apenas destacar o papel que o Grupo de Trabalho de Estratégia (SWG) desempenhou nos primeiros anos de debate sobre os povos não alcançados.

ICOWE 1974 e o Diretório de Povos Não Alcançados

Essa história começou com o planejamento do Congresso Internacional de Evangelização Mundial [International Congress on World Evangelization] (ICOWE)] – um sucessor direto do Congresso de Berlim – que seria realizado em Lausanne, Suíça, em julho de 1974. Como parte da preparação para o congresso, os diretores Don Hoke e Paul Little pediram à SWM do Fuller, que por sua vez solicitou ao MARC, que fizesse um estudo sobre povos não alcançados como parte de uma pesquisa mais ampla sobre a situação do cristianismo no mundo. Edward Pentecost foi o coordenador de pesquisa desse projeto, que resultou no Diretório dos Povos Não Alcançados, distribuído no congresso. Ed Dayton, o deão Arthur Glasser da SWM do Fuller e Ralph Winter completaram a equipe que trabalhou no projeto. Glasser foi o principal autor do questionário que se tornou o instrumento de coleta de dados.[18] O diretório era um livreto atraente que apresentava aos congressistas o mundo dos povos não alcançados. Para a maioria, foi certamente a primeira vez que viram uma lista com esse conteúdo. O questionário foi enviado a 2.200 pessoas, e 500 respostas foram obtidas, criando uma lista de 413 povos não alcançados que foram então classificados por nome do grupo, país, língua, religião, tipo de grupo, população e atitude em relação ao cristianismo. O diretório definia, em primeiro lugar, um povo como uma unidade homogênea, citando McGavran:

A unidade homogênea é, simplesmente, um setor da sociedade em que todos os membros têm alguma característica em comum. Portanto, uma unidade homogênea… pode ser uma unidade ou subunidade política, sendo a característica em comum o fato de que todos os seus membros estão dentro de certos limites geográficos… A unidade homogênea pode ser um segmento da sociedade cuja característica comum é uma cultura ou uma língua.[19]

Continuou dizendo:

As características distintivas podem incluir raça, tribo, casta, classe, idioma, educação, ocupação, idade, geografia e religião, ou alguma combinação desses. Normalmente, apenas uma ou duas dessas características já são suficientes para identificar um determinado grupo.[20]

O diretório também explicou, claramente, a importância de se segmentar os povos identificados até o nível apropriado, encorajando as pessoas a notar…

que muitos povos étnicos, linguísticos ou tribais podem ser subdivididos em grupos homogêneos distintos. Se não identificarmos essas subdivisões, poderemos erroneamente tentar abordar o grupo como um único povo unificado, e deixar de ver que abordagens diferentes são necessárias para segmentos diferentes.[21]

O diretório, então, formulou sua própria definição provisória para povos não alcançados (no 3 na lista de Winter na Figura 1).[22]

O primeiro uso de um critério de porcentagem

Conforme observado anteriormente, David Barrett foi o primeiro a aplicar um critério de porcentagem (20%) a um grupo de pessoas a fim de sugerir mudança na identidade do grupo, mas ele não o usou como um critério para determinar “alcance”. Na verdade, como veremos mais adiante, ele se opôs a isso.[23] Infelizmente, não há indicação de onde veio a utilização de Barrett do critério de 20%. O que está claro é que Barrett tinha plena consciência da imprecisão desse critério de 20%, como se nota em sua seguinte afirmação:

Mesmo uma igreja bem pequena quanto 0,1% de um povo pode ser uma igreja evangelizadora significativa; há muitos exemplos na história de mil cristãos evangelizando seu grupo, ou cultura, de um milhão de pessoas.[24]

O Diretório de Povos Não Alcançados não foi apenas a primeira lista amplamente distribuída sobre o tema, foi também a primeira lista largamente distribuída a usar 20% de cristãos como critério. A ideia aqui era que, uma vez que um povo contivesse uma porcentagem específica de convertidos, seria mais provável que eles atingissem o ponto de inflexão, tendo obtido a massa crítica necessária para evangelizar seu próprio povo. Essas porcentagens foram emprestadas de pesquisas realizadas em Ciências Sociais e careciam de precisão. Uma ironia é que, embora essas porcentagens sejam reconhecidamente arbitrárias e sem precisão empírica, elas, no entanto, tiveram um impacto enorme em como hoje pensamos sobre a tarefa inacabada. Veremos, a seguir, como o diretório descreveu seu uso do critério de 20%:

Para aqueles que preferem um único critério para decidir se um povo não foi alcançado, vários pesquisadores sugeriram que 20% é um ponto divisor razoável. Em outras palavras, um povo poderia ser classificado como não alcançado se menos de 20% de sua população se declarasse, ou fosse considerada, cristã. Esse valor de 20% é usado devido à visão de alguns sociólogos e pesquisadores de missões de que um povo tem uma atitude de grupo minoritário até que alcance 15 a 20 por cento da população da região em que reside. Acima do ponto de 20%, os membros do grupo são mais propensos a se sentir seguros em sua identidade própria e capazes de estender a mão para outras pessoas na comunicação de ideias. Isso nem sempre é verdade, mas o número de 20% fornece uma medida prática que tem alguma base reconhecida.[25]

Uma vez que Edward Pentecost era o Coordenador de Pesquisa da ICOWE responsável pelo diretório, e devido à sua estreita associação com o MARC e Fuller,[26] não é nenhuma surpresa que o critério de 20% também tenha sido adotado posteriormente pelo Grupo de Trabalho de Estratégia (SWG) presidido por C Peter Wagner.[27] No caso de Pentecostes e Wagner/Dayton, sabemos que a fonte para o critério de 20% foi do sociólogo Everett Rogers e seu livro Difusão de Inovações [Diffusion of Innovations].[28]

Everett Rogers e a obra Difusão de Inovações

Esse livro marcante foi publicado pela primeira vez em 1962 com novas edições em 1971, 1983, 1995 e 2003.[29] As diferentes edições do mesmo livro revelam ambiguidade sobre a viabilidade de tal porcentagem para prever a difusão de uma inovação dentro de um contexto social específico. Na edição de 1962, ele mencionou um percentual apenas uma vez, dizendo: “Depois que uma inovação é adotada por 10 a 20 por cento de um público, pode ser impossível parar a sua velocidade”[30] (grifo meu), mas essa frase foi removida do volume de 1971. Nas duas últimas edições (1995, 2003), ele mencionou outra faixa percentual:

… essa influência dos pares geralmente faz a curva de difusão decolar em algum ponto entre 5 e 20 por cento da adoção cumulativa (a porcentagem exata varia de inovação para inovação e com a estrutura de rede do sistema). Uma vez que essa “decolagem” seja alcançada, pouca promoção adicional da inovação é necessária, uma vez que a difusão adicional é autogerada pelo próprio impulso social da inovação.[31]

Obviamente, Rogers, ao longo de 40 anos, permaneceu bastante ambivalente sobre a capacidade de prever com precisão um ponto de inflexão para qualquer inovação. Ele identificou cinco categorias de variáveis que determinam a taxa de adoção de inovações.

Essas categorias continham mais de uma dúzia de subvariáveis, todas as quais afetam a taxa de adoção.[32] É muito mais fácil entender e avaliar a ambiguidade de Rogers com o reconhecimento de que essas variáveis podem mudar de um povo para outro. A verdade simples é que não há razão para acreditar que qualquer porcentagem de crentes em um povo (sejam eles evangelizados, cristãos professos ou cristãos praticantes) garantirá o ponto de inflexão dentro de um povo. Uma das conclusões a que se chega é que não há razão para acreditar que uma porcentagem específica que atinge o ponto de inflexão em um grupo de pessoas funcionará da mesma forma com outro grupo.

Na edição de 1995 desse livro escrito por Rogers, ele começou a discutir o conceito de massa crítica, e o expandiu na edição de 2003. Ele definiu massa crítica como

o ponto em que um número suficiente de indivíduos dentro de um sistema adotou uma inovação fazendo com que essa taxa de adoção da inovação se tornasse autossustentável.[33]

Só que nenhuma tentativa foi feita para promover uma faixa de porcentagem diferente. Isso é, claramente, semelhante aos conceitos de avanço missiológico e viabilidade descritos anteriormente. A comunidade missionária de fronteira dos dias atuais poderia aprender muito com o trabalho de Rogers.[34] No entanto, Rogers mencionou duas faixas de porcentagem muito diferentes para um “ponto de inflexão” na difusão de inovações: 10 a 20 por cento e 5 a 20 por cento.

Certamente, o fato de tal ambiguidade ter surgido após 40 anos de estudo contínuo cobrindo mais de 5 mil publicações e estudos de difusão deveria nos impedir de colocar muita fé em qualquer porcentagem que seja dada como critério para listas de povos não alcançados. Ou, se o fizermos, não devemos usá-la para decidir se um grupo é alcançado ou não. Como vimos, não há base empírica para acreditar que qualquer porcentagem possa prever um ponto de inflexão em um determinado povo não alcançado. Essas porcentagens permanecem essenciais para identificar uma necessidade comparativa, mas são claramente menos úteis na previsão da difusão ou avanço missiológico.

O fim da porcentagem

Voltando à nossa história, Wagner, o presidente do recém-formado SWG, se juntou ao MARC, dirigido por Ed Dayton, para publicar mais uma vez uma lista de povos não alcançados, que tomou a forma da série de livros Povos Não Alcançados [Unreached Peoples] de 1979-1984.[35] Em Unreached Peoples 80, Wagner e Dayton admitiram que houve um retrocesso significativo para o critério de 20% usado em Unreached Peoples 79, admitindo que era uma estimativa “muito elevada”. Eles então introduziram 10 a 20 por cento como o novo critério, dizendo que

o ponto crítico é alcançado quando cerca de 10 a 20 por cento das pessoas são cristãs praticantes. Por um lado, o número é um tanto arbitrário, mas, por outro, reflete um certo grau de realismo. É necessário que se façam mais pesquisas e, à medida que novas informações se tornarem disponíveis, poderemos alterar o valor de acordo com o resultado.[36]

Em Unreached Peoples 81, eles dedicaram mais tempo à teoria da difusão da inovação de Rogers. Eles disseram claramente:

Por que a cifra de 20% foi escolhida como linha divisória entre povos alcançados e não alcançados? Essa estimativa baseou-se em determinado tipo de conhecimento. Partiu de uma tentativa de aplicação da teoria sociológica da difusão da inovação.[37]

Continuando, eles explicaram que o número de 20% ocorre no ponto em que os “adeptos intermediários” de uma determinada ideia inovadora seguem-se aos “adeptos iniciais”.

Quando 10 a 20 por cento das pessoas de um grupo aceitam uma nova ideia, o momento pode muito bem ter sido construído para que aumentos subsequentes de aceitação sejam rápidos.[38]

No entanto, eles também aceitaram que

um determinado povo poderia ser legitimamente considerado alcançado com muito menos de 20% de cristãos praticantes.[39]

Outra novidade na edição de 1981 foi a designação de categorias de povos não alcançados da seguinte forma:

  • Povo oculto: nenhum cristão conhecido dentro do grupo.
  • Povo inicialmente alcançado: menos de 1% (somente alguns cristãos).
  • Povo minimamente alcançado: 1% a 10% de cristãos.
  • Povo possivelmente alcançado: 10% a 20% de cristãos.
  • Povo alcançado: 20% ou mais de cristãos praticantes.[40]

Surpreendentemente, não houve menção a qualquer porcentagem em Unreached Peoples 82.[41] Unreached Peoples 83 afirma o seguinte sobre a questão dos 20%:

Algumas vezes era enganosa a definição de “povo não alcançado” como sendo menos de 20% de cristãos praticantes. Essa definição, que foi baseada na teoria sociológica (Unreached Peoples 81), em certo sentido era tão ampla que as pessoas tinham dificuldade em acreditar que existiam grupos de pessoas alcançadas. Em resposta a essa crítica, o Grupo de Trabalho de Estratégia de Lausanne, em sua reunião de março de 1982, concordou com a modificação de uma definição, [adotando a] elaborada no Congresso de Edimburgo de 1980.[42]

No entanto, embora a nova definição de 1982 não incluísse uma porcentagem, o critério de 20% permaneceu em uso para fins de criação de listas de povos não alcançados. Sem critérios quantificáveis, não havia como distinguir um grupo alcançado de um não alcançado. Em todas as listas pós-1982 publicadas na Série Povos Não Alcançados [Unreached Peoples Series], o critério de 20% permaneceu em uso. O ponto aqui é que, embora a nova definição oficial não mencione um critério de porcentagem, tal critério continuou a ser usado.

A Tradição de Edimburgo

Foi um exagero usar o título “Tradição de Edimburgo” para descrever uma visão oposta da definição de povos não alcançados de Lausanne. Winter a chamou assim na tentativa de tirar a atenção de si mesmo, mas certamente ele tinha mais a ver com essa corrente do que a única conferência em Edimburgo, por mais importante que tivesse sido. A fim de integrar o pensamento de Winter com a linha do tempo da definição de Lausanne de povos não alcançados, voltaremos ao seu trabalho na década de 1970 e trabalharemos daí para frente.

Povos ocultos

Dois anos após o Congresso de Lausanne, Ralph Winter idealizou o projeto que exigiu que ele deixasse seu cargo na SWM do Fuller e passasse a liderar o grupo que adquiriu o campus de Pasadena, estabelecendo em 1976 o Centro Norte-Americano para Missões Mundiais e, também, a Universidade Internacional William Carey. Um dos principais temas nesse período para Winter foi o da sodalidade, semelhante ao que ele tentava difunfir ao fundar o USCWM.[43] Ele deu crédito aos já mencionados como sendo os principais promotores dos povos não alcançados e seguiu o trabalho deles de perto. Ainda assim, Winter, de imediato, teve reservas sobre a frase “povos não alcançados”, afirmando abertamente: “Estou convencido de que a terminologia “alcançado/ não alcançado” não é muito útil”.[44]

Eu estava chegando na área quando a abordagem inicial sobre “povos ignorados” começou a ser desenvolvida. Senti que o termo “não alcançado” não era uma boa escolha pelo fato de já estar sendo utilizado na frase “povos não alcançados” (significando indivíduos não convertidos). Na verdade, esse é um conceito completamente diferente da necessidade de um grupo dentro do qual ainda não existe um movimento de igreja evangelizadora nativa viável. Além disso, e ainda mais importante, senti que o escritório da Visão Mundial, que ajudava no Congresso de Lausanne, definiu imprudentemente o que era um povo não alcançado (nos estágios iniciais, “menos de 20% de cristãos”).[45]

Na mente de Winter, os termos “alcançado” e “não alcançado” eram uma “concessão ao jargão evangelístico” e foram “manchados” por seu uso entre os evangélicos americanos, que “concebem a regeneração como um evento que pode ou não ocorrer, assim como uma mulher não pode estar parcialmente grávida”.[46] O uso de alcançados/ não alcançados para povos implicava que eles eram salvos ou não, e não se encaixava no amplo espectro de fé/ crença/ prática real que existia em qualquer grupo. As palavras criaram uma categorização radical “dentro ou fora” que se tornou sem sentido quando se tentava entender o status dos grupos. Dessa maneira, um grupo só poderia ser considerado não alcançado se não houvesse, absolutamente, nenhum crente presente.

Outra questão para Winter foi que a definição de Lausanne de 20% de cristãos praticantes priorizou a quantidade de cristãos em vez da qualidade de vida da igreja. “Por essa definição, a presença ou ausência de uma congregação culturalmente relevante é ignorada.”[47] Ele não gostou da mudança feita em Unreached Peoples 79 de “cristãos professos” para “cristãos praticantes”, nem do uso de 20% (veja nota final 28). Em vez disso, ele sugeriu que:

é muito mais importante enfatizar a presença, ou ausência, de algum aspecto da igreja em sua forma organizada do que tentar lidar com estatísticas que, em última análise, se baseiam na presença ou ausência do evangelho no coração de um indivíduo. Não é apenas mais fácil verificar a existência da igreja visível, mas é também estrategicamente muito importante na atividade missionária para que a plantação de igrejas exista como um objetivo tangível. Sabemos que onde não há exigência para se fundar uma comunidade organizada de crentes adoradores, grande parte do esforço evangelístico falha em produzir resultados de longo prazo e falha em iniciar uma “cabeça de ponte” que crescerá por si mesma. Assim, por razões espirituais e práticas, eu ficaria muito mais satisfeito em falar sobre a presença de uma igreja que permita que as pessoas sejam incorporadas, ou a ausência de uma igreja deixando as pessoas não incorporadas em vez de utilizar o termo não alcançadas. Creio que seria melhor tentar observar não se as pessoas são ou não “salvas”, ou de alguma forma foram ou não “alcançadas”, mas primeiramente se um indivíduo foi ou não inserido em uma comunidade de crentes. Em segundo lugar, se uma pessoa que não foi inserida tem, dentro de sua tradição cultural, a oportunidade de vir a ser.[48]

Winter disse:

Relutante em lançar uma definição contrária para a mesma frase, propus outro conceito sob outro rótulo ─ povos ocultos, uma frase sugerida por um membro de nossa equipe, Robert Coleman.[49]

O primeiro uso dessa nova frase e definição ocorreu em uma palestra ministrada no Centro de Estudos do Ministério Além-Fronteiras [Overseas Ministries Study Centre (OMSC)] em dezembro de 1977, posteriormente publicada em 1978 como o livreto Cruzando as Últimas Fronteiras [Penetrating the Last Frontiers].[50] Ele, em primeiro lugar, declarou que os povos ocultos eram “os povos do mundo que não podem ser atraídos pelos métodos E-1 para qualquer comunidade cristã existente e organizada” ou, alternativamente, “aqueles grupos E-2 e E-3 dentro dos quais não há igreja culturalmente relevante”.[51] Devido à necessidade de refinar o que se entende por “povo”, a definição ficou assim:

Qualquer grupo linguístico, cultural ou sociológico definido em termos de sua afinidade primária (não afinidades secundárias ou triviais) que não pode ser conquistado por meio dos métodos E-1 e atraído para uma comunidade existente é um povo oculto.[52]

Essa definição era única por ser 100% de Winter. Mais adiante, porém, veio a ser adaptada por outros.

Para Winter, então, havia três aspectos para os povos ocultos. Em primeiro lugar, ele os definiu em termos do tipo de evangelismo necessário para alcançá-los, que foi a ênfase principal de sua apresentação na ICOWE 1974. Em segundo lugar, ele os definiu em termos da presença ou ausência de uma igreja culturalmente relevante. E, em terceiro, ele os definiu em termos de sua afinidade primária.[53] Assim, para Winter, conforme podemos ver, havia um teste triplo que determinava se um povo era ou não oculto.

  1. Esse grupo requer evangelismo E-2 ou E-3?
  2. Esse grupo precisa de uma igreja culturalmente relevante?
  3. Esse grupo consiste em uma afinidade/ identidade primária coesa dentro da qual não há barreiras de compreensão ou aceitação?

Se a resposta for “sim” para todas as três perguntas, você tem um “povo oculto”.

Edimburgo 1980

Winter e outros líderes de missão lideraram o E 80, a Conferência Mundial de Edimburgo de 1980 sobre Missões de Fronteira [Edimburgh 1980 World Consultation on Frontier Missions], que se reuniu em outubro, poucos meses após a Conferência Global de Lausanne sobre Evangelização Mundial em Pattaya [Lausanne’s Global Consultation on World Evangelization], Tailândia.[54] Em 1980, o pensamento de Winter sobre os povos não alcançados se mesclou na medida em que muito do que ele apresentou permanece fundamental para aqueles que seguem a trilha de Edimburgo hoje e é preservado em vários artigos do Perspectivas no Movimento Cristão Mundial.

O comitê de convocação criou uma definição para povos ocultos, ajustando a definição de Winter, com sua devida permissão, da seguinte forma:

Povos ocultos: aqueles subgrupos culturais e linguísticos, urbanos ou rurais, para os quais ainda não existe uma comunidade nativa de cristãos convertidos capazes de evangelizar seu próprio povo.[55]

Essa foi a primeira definição a incluir a palavra “nativa”. No discurso de Winter, ele contrastou a definição de povos não alcançados com a definição de povos ocultos de E 80, dizendo que a primeira era uma definição “preditiva” projetada para estar do “lado seguro” (uma vez que 20% do grupo era de cristãos praticantes, já era seguro reduzir os esforços transculturais). Em contraste, a definição de povos ocultos “não pergunta quanto foi feito, mas quanto ainda resta a se fazer”, e considera quando uma comunidade de crentes pode “assumir a tarefa restante, e não quando poderá terminá-la”.[56] E ele continuou dizendo que “pode-se afirmar que um grupo de povos ocultos é simplesmente um grupo de povos ‘definitivamente não alcançados’”.[57] A conferência também equiparou povos ocultos a “povos de fronteira”.

Outro tema em Edimburgo foi o conceito de Winter de segmentação de um povo –

usando o esquema de Megaesfera/ Macroesfera/ Miniesfera/ Microesfera ─ para identificar as subculturas que existem como camadas dentro de um povo. Winter afirmou que

sempre que uma megaesfera tem dentro de si subcomunidades evangelisticamente significativas, precisamos de outro termo. Eu escolhi a macroesfera para os grupos constituintes imediatos, caso haja algum dentro de uma megaesfera.

O mesmo processo continuou para as mini e microesferas quando necessário. Dito de outra forma:

Sempre que descobrirmos que um povo é muito diversificado para que uma única iniciativa seja suficiente, devemos então empregar o termo macroesfera e buscar os detalhes das miniesferas missiologicamente importantes que estiverem dentro dela.[58]

Winter sentiu que os povos ocultos geralmente não eram encontrados no nível da microesfera porque as diferenças ali não eram grandes o suficiente para exigir esforços evangelísticos adicionais.

Finalmente, Winter também introduziu a escala P. Assim como a escala E mede a distância cultural entre um evangelista e as pessoas que ele está alcançando, a escala P indica “a distância cultural que um povo está da tradição de uma igreja estabelecida mais próxima”.[59] Ele, então, usou as escalas E e P para distinguir entre:

  • Evangelismo (Esforço E0 – E1 em um cenário P0 – P1)
  • Missões regulares (Esforço E2 – E3 em um cenário P0 – P1)
  • Missões de fronteira (Esforço E2 – E3 em um cenário P2 – P3)[60]

Como resultado, as missões de fronteira, ou missões pioneiras, foram descritas como “a atividade destinada a realizar o estilo paulino de iniciativa missiológica para um grupo de povos ocultos”.[61] Winter notou a aparente dissonância nas definições:

Assim, como resultado deste encontro de outubro de 1980, o conceito básico aqui expresso, qualquer que seja o rótulo (oculto ou de fronteira), foi aos confins da terra com todas as várias agências missionárias e jovens congressistas que voltaram depois aos seus países de origem. Enquanto isso, a frase dos povos não alcançados, empregando a nova definição de 20% (“praticantes”), foi agora reforçada mundialmente no mesmo ano na Conferência de Pattaya da tradição de Lausanne.[62]

O consenso de Chicago

No ano seguinte, essa dissonância começaria a caminhar em direção ao consenso. Novamente, de acordo com Winter:

No início de 1982, Ed Dayton me abordou com a proposta de que se aceitássemos o termo “povos não alcançados” e desistíssemos de “ocultos”, eles aceitariam nossa definição de “presença ou ausência de igreja” e convocariam uma reunião suficientemente representativa dos executivos da missão para endossar essa mudança.[63]

Primeiro foi a definição de povos em geral:

Um povo é um grupo significativamente grande de indivíduos que se percebem com uma afinidade comum entre si[64] devido a compartilharem sua língua, religião, etnia, residência, ocupação, classe ou casta, situação etc., ou combinações desses. Para fins evangelísticos, é o maior grupo dentro do qual o evangelho pode se espalhar como um movimento de plantação de igrejas sem encontrar barreiras de compreensão ou aceitação.[65]

A segunda frase da definição de povos veio, na verdade, de Winter:

Aos meus olhos, tão importante quanto, foi o fato de que na mesma reunião o grupo endossou uma definição por mim sugerida (na verdade, elaborada durante o voo, indo para lá) para o tipo de povo que estávamos tentando alcançar: “o maior grupo dentro do qual o evangelho pode se espalhar como um movimento de plantação de igrejas sem encontrar barreiras de compreensão ou aceitação”. Essas palavras foram devidamente adicionadas às já existentes do texto do SWG de Lausanne, que era um tanto indefinido.[66]

Esse conceito de barreiras de compreensão ou aceitação foi um aspecto crucial da compreensão de Winter sobre povos não alcançados e foi o principal impulso conceitual que o levou a reformulá-lo sob “povos ocultos” e, posteriormente, “povos unimax”. Embora essa frase não fizesse parte da definição de “povos não alcançados” em si, foi altamente significativa na medida em que revelou a metodologia de como esses grupos deveriam ser encontrados.

Foi, então, que surgiu a nova definição para povos não alcançados:

Um povo não alcançado é um grupo de pessoas entre as quais não existe uma comunidade nativa de cristãos convertidos em número e com recursos suficientes para evangelizar esse povo sem ajuda externa (transcultural).

Fiel à forma, Winter nunca aceitou essa modificação posterior, e manteve a definição original – “um povo dentro do qual não há comunidade nativa de cristãos convertidos capazes de evangelizar esse grupo de pessoas” – ainda usada, atualmente, no Perspectivas no Movimento Cristão Mundial.

Resumo

Talvez a perspectiva da Tradição de Lausanne possa ser mais bem resumida pelas definições dadas após o consenso de Chicago em Unreached Peoples 84:

Povo ou grupo de pessoas: um grupo sociológico significativamente grande de indivíduos que se percebem como tendo uma afinidade comum entre si. Do ponto de vista da evangelização, esse é o maior grupo possível dentro do qual o evangelho pode se espalhar sem encontrar barreiras de compreensão ou aceitação.

Grupo primário: a preferência etnolinguística que define a identidade de uma pessoa e indica sua lealdade primária.

Grupo secundário: um agrupamento sociológico que está, até certo ponto, sujeito à escolha pessoal e que permite uma mobilidade considerável. São representativos desta classificação grupos regionais e geracionais, divisões de casta e classe.

Grupo terciário: associações casuais de pessoas que, geralmente, são temporárias e resultado de circunstâncias e não de escolha pessoal, como moradores de edifícios, grupos ocupacionais e profissionais, dependentes de drogas etc.

Povo não alcançado: um grupo de pessoas entre as quais não há comunidade nativa de cristãos convertidos com números e recursos adequados para evangelizar esse mesmo grupo de pessoas sem assistência externa (transcultural). Também conhecido como “povo oculto” ou “povo de fronteira”.

Povo alcançado: um grupo de pessoas com crentes nativos em número e com recursos adequados para evangelizar esse grupo sem assistência externa (transcultural).[67]

Deixe-me encerrar esta seção resumindo a visão de Winter sobre as definições de povos não alcançados usando suas próprias palavras ditas na primavera de 1983.

  1. “Subjacente a todas essas definições… é a preocupação de que o alcance evangelístico funcione de tal forma que as pessoas (indivíduos) tenham uma ‘oportunidade válida’ de encontrar Deus em Jesus Cristo”.[68]
  2. “Alcançar povos é, portanto, apenas o processo pelo qual uma oportunidade real é criada.”[69]
  3. “A questão crucial… é se já existe uma igreja culturalmente relevante. Desse ponto de vista, a única responsabilidade e papel de uma agência missionária é estabelecer uma ‘cabeça de ponte’ nativa para alcançar o que eu chamaria de ‘um avanço missiológico’, e não a interrupção da necessidade de trabalho adicional de outras fontes. Assim, acredito que o fato de a comunidade nativa possuir ‘número de pessoas e recursos adequados’ não seja o ponto crucial… A principal questão parece ser se a tarefa missiológica foi realizada.”[70]
  4. Comentário sobre qual seria a “tarefa missiológica”: “Deve significar, pelo menos, um pequeno número de crentes que se tornaram, de forma consciente, parte da comunhão mundial, capazes de aproveitar a vida e experiência das tradições cristãs de outros lugares, e até mesmo capazes de consultar a Bíblia nas línguas originais. Em suma, um povo não alcançado precisa de ajuda missiológica muito urgente e prioritária até que seja capaz de recorrer a outras tradições cristãs e seja substancialmente independente no que diz respeito às Escrituras Sagradas.”[71]
  5. “Não acredito que qualquer igreja em qualquer lugar possa se tornar tão madura a ponto de não haver necessidade de contato e intercâmbio contínuo com outras tradições da igreja.”[72]
  6. “Eu preferiria enfatizar o não alcance de um povo em termos da presença ou ausência de uma igreja suficientemente nativa e autenticamente fundamentada na Bíblia, não em termos de sua força numérica em relação à ajuda externa. Ou seja, sempre tive em mente que a expressão ‘capaz de evangelizar seu próprio povo’ se referia à qualidade nativa da comunidade de crentes em vez de à força numérica do movimento nativo.”[73] Ele também observa: “A falta de alcance não é, portanto, definida com base na existência de cristãos, ou se há missionários trabalhando entre eles. É definida com base no fato de haver, ou não, nessa cultura, um movimento eclesiástico viável e culturalmente relevante”.[74]

Aqui, Winter mostrou claramente:

  1. Sua preocupação com cada indivíduo;
  2. Sua compreensão de que os grupos de pessoas são o “recipiente” onde esses indivíduos são mais eficazmente alcançados;
  3. Sua ideia surpreendentemente ampla do que a tarefa missiológica requer;
  4. Sua reticência em fazer alarde com a saída de missionários;
  5. Sua clara preferência por medidas qualitativas em vez de quantitativas;
  6. Sua preferência pela presença de um movimento eclesiástico nativo viável em vez da presença de cristãos ou missionários.

Essa visão geral dos anos 1974 a 1982 retrata um período repleto de ambição e visão missiológica. Esses anos foram, claramente, um florescimento único de pensamento e prática missionária. Ficamos maravilhados com aqueles que tentaram compreender a nova realidade do conceito de “povo”, navegar pela “enxurrada” de novos dados de pesquisas e tentar definições úteis da tarefa da missão. Talvez o melhor resumo do motivo pelo qual esses homens foram motivados venha de Wagner e Dayton:

Quando pensamos em um povo, tentamos pensar da maneira que Deus o vê, para entendê-lo em termos de alcançá-lo com o evangelho. Tentamos, assim, definir o mundo em termos de evangelização mundial (ênfase deles).[75]

Para ser justo, a literatura mostra que eles foram rápidos em enfatizar os limites de suas pesquisas e definições. Eles nunca afirmaram, por exemplo, que as porcentagens eram algo mais do que uma forma útil de explicar a tarefa.

Embora grande parte da discussão tenha se focado em uma definição qualitativa (“não há uma comunidade nativa de cristãos convertidos capaz de evangelizar esse povo”), a definição quantitativa também foi destacada (20% de cristãos professos ou praticantes). Os envolvidos com a definição de Chicago-1982 aparentemente não sentiram necessidade de incluir uma parte quantitativa na definição. Talvez fosse porque todos estivessem bem cientes do critério de 20% que permanecia em uso. Acontece que o consenso de Chicago foi uma conquista notável, pois a parte qualitativa da definição permaneceu inalterada e relativamente incontestada até hoje. Embora seja impossível saber exatamente quando isso acontece, a ideia de uma comunidade nativa de cristãos convertidos ser capaz de evangelizar seu próprio povo permanece sendo o padrão.

Avaliação das definições de povos não alcançados (1982-1990)

Povos unimax (continuação da tradição de Edimburgo)

Antes que “secasse a tinta” da definição do consenso de março de 1982 ─ e naquele mesmo ano ─ Winter apresentou os “povos unimax” na reunião de setembro da Associação Interdenominacional de Missões Estrangeiras [Interdenominational Foreign Mission Association (IFMA)], na qual ele foi convidado como orador principal. Lá, ele disse:

Vários missiólogos têm tentado encontrar uma definição de “povo”. Para mim, um ponto significativo diz respeito ao potencial que esses grupos têm para uma comunicação interna rápida, quase automática. Visto que essa característica é tão significativa para eles, essa é, sem dúvida, a razão pela qual tal entidade tem muito destaque na Bíblia.

Por falta de uma palavra melhor, decidi chamar esse grupo de povo unimax, ou seja, um grupo unificado em comunicação, de tamanho máximo. Embora essa definição aparentemente não empregue a linguagem bíblica, acredito que descreva uma entidade importante para a Bíblia, refletindo a preocupação missionária das Escrituras com o evangelismo incansável e rápido como prioridade. Em outras palavras, o que é crucial sobre um povo unimax é o tamanho do grupo, não apenas sua condição unificada.[76]

Winter passou a empregar a ideia anteriormente mencionada de segmentação de povos.

Nessa série de mega, macro, mini, micro, povo unimax é a próxima menor unidade, a miniesfera que deveria, creio eu, ser considerada relevante para a missão e biblicamente importante. O macro é um degrau muito grande para ser suficientemente unificado, enquanto o micro é desnecessariamente pequeno, fazendo parte de um grupo maior, ainda unificado.

Podemos dizer, usando essa terminologia, que a atividade distintiva de avanço de uma missão não está completa se ela meramente atingiu uma mega ou macroesfera, e se ainda houver miniesferas ou o que chamei de povos unimax ainda não alcançados. Por outro lado, a atividade inovadora única e distinta de uma agência missionária (em comparação com o trabalho de evangelismo) pode, de fato, terminar muito antes que todas as minúsculas microesferas dentro de um povo unimax tenham sido alcançadas.[77]

Mais tarde, tornou-se óbvio que Winter sentiu que o termo “povos não alcançados” começou a ser usado como sinônimo de grupos etnolinguísticos maiores, em vez de nomear os subgrupos que a definição de 1982 pretendia (ou ele pretendia!). A razão para isso foi que a definição de 1982 não tratou de todo o nível de segmentação, deixando para a interpretação individual como traçar as linhas dos grupos de pessoas. Ele se concentrava no que acontecia dentro de um povo, sem dar nenhuma definição específica a quais eram os limites. Winter e Koch esclarecem:

A expressão “povos não alcançados” é amplamente usada hoje para se referir a povos etnolinguísticos, que são baseados em outros critérios e normalmente seriam maiores em tamanho do que os grupos identificados na definição de 1982. Para evitar confusão e ajudar a esclarecer a tarefa missiológica diante de nós, podemos usar o termo povos unimax para distinguir o tipo de povo pretendido pela definição de 1982.[78]

Eles, com razão, perguntaram:

E se um povo etnolinguístico for na verdade um agrupamento de povos unimax e, enquanto um dos povos unimax estiver experimentando uma explosão de plantação de igrejas, pouco ou nada estiver acontecendo com outros? [79]

Eles classificaram os diferentes níveis de segmentação destacando blocos de povos, povos etnolinguísticos, “sociopovos” e povos unimax.

Os blocos de povos são um número limitado de categorias resumidas nas quais podemos colocar os povos para analisá-los.

Um povo etnolinguístico é um grupo étnico que se distingue por sua identidade própria com tradições, história, costumes e língua comuns.

Um “sociopovo” é uma associação relativamente pequena de pares que têm afinidade uns com os outros com base em um interesse, atividade ou ocupação compartilhada.

Um povo unimax[80] é o grupo de tamanho máximo suficientemente unificado para ser o alvo de um movimento de um único povo para Cristo, em que “unificado” se refere ao fato de que não há barreiras significativas de compreensão, ou aceitação, para impedir a propagação do evangelho.[81]

Em outras palavras, Winter queria encontrar os maiores bolsões de coesão dentro de um povo que pudesse ser “capturado” por um único movimento. A dificuldade, nesse caso, era que elaborar uma lista de povos unimax seria possível apenas para aqueles que fossem a campo. Somente entrando em um povo e entendendo a complexidade da etnia, identidade, estrutura social etc. uma pessoa poderia identificar as esferas e saber quais eram as barreiras e, finalmente, quantas ações seriam realmente necessárias.

Não satisfeito com a identificação da afinidade etnolinguística, ele foi além para descobrir onde e por que a expansão do evangelho estava sendo prejudicado dentro de um determinado grupo etnolinguístico. Winter e Koch continuam:

No entanto, tome cuidado para não levar as listas etnolinguísticas muito “ao pé da letra”. Elas são um bom lugar para começar a planejar esforços de plantação de igrejas, mas os obreiros transculturais devem estar preparados para descobertas surpreendentes quando confrontados com as realidades culturais no campo.[82]

Um bom exemplo da necessidade dessa abordagem é o povo somali, um povo etnolinguístico de 14 milhões de pessoas falando a mesma língua que está dividido em seis clãs genealógicos principais, vários subclãs e redes de família estendidas.

O fato de os somalis terem uma etnia, cultura, idioma e religião em comum pode parecer uma excelente base para uma política coesa, mas na realidade o povo somali está dividido por afiliações de clã, o componente mais importante de sua identidade.[83]

A segmentação inerente à cultura somali é evidenciada por um provérbio beduíno árabe:

Meu irmão e eu contra meu meio-irmão; meu irmão e eu contra meu pai; a casa de meu pai contra a casa de meu tio; nossas duas famílias (a do meu tio e a minha) contra o resto dos parentes imediatos; os parentes imediatos contra os membros não imediatos do meu clã; meu clã contra outros clãs e, finalmente, minha nação e eu contra o mundo.[84]

Obviamente, é improvável que o movimento de um povo dentro de uma rede de família estendida, alcance, por sua vez, todos os subclãs e clãs principais. Portanto, mesmo dentro da afinidade de idioma e cultura, existem muitas barreiras que impedem a propagação do evangelho de um clã para outro. O conceito de povos unimax reconheceu essa realidade, que acredito ainda merecer uma maior atenção. Parece que muitos, senão a maioria dos estrategistas de missão, estavam satisfeitos com o nível de segmentação etnolinguística, enquanto Winter continuava a enfatizar uma abordagem de “nenhum-povo-deixado-para-trás”.

Nunca haverá uma lista completa de povos unimax porque a tarefa acima descrita nunca será concluída, e estará sempre produzindo novos insights. No entanto, podemos esperar que, à medida que esse trabalho progrida, nossas listas se tornem mais e mais precisas.

Winter e Koch afirmaram que a abordagem unimax

tem mais a ver com concluir a tarefa, não no sentido de que não haja mais nada a fazer, mas no que se refere ao primeiro passo essencial ter sido dado para o evangelho florescer dentro de um povo. A abordagem unimax para povos pode nos ajudar a avançar em direção ao encerramento ─ nosso fecho corporativo do que é factível a respeito do mandato da missão de Cristo. O valor da abordagem unimax reside na maneira como identifica os limites que impedem o fluxo do evangelho, ao mesmo tempo em que desperta as ambições de cristãos dedicados em buscar a evangelização de todos os povos isolados por fronteiras de preconceitos, não deixando nenhum grupo menor excluído dentro de um grupo maior.[85]

Pode-se ver consistência nas ênfases de Winter durante esse período. Sua principal preocupação era o avanço missiológico ─ ver um testemunho nativo viável começar dentro de um povo.

Ele sentiu que apenas a abordagem de povos unimax evitaria que alguns segmentos, ou grupos de pessoas, se perdessem na confusão. Ele e outros sentiram que a era pós-1982 levou a um sequestro da definição de 1982 para significar algo que nunca foi pretendido (povos etnolinguísticos). E, embora Winter e Koch passassem muito tempo estudando os povos ao buscarem clareza na definição, eles estavam, ao mesmo tempo, muito cientes das limitações de sua tarefa:

Outro motivo para ser cauteloso ao aplicar o conceito de “povo” é a realidade de que forças poderosas como a urbanização, a migração, a assimilação e a globalização estão mudando o tempo todo a composição e a identidade dos povos. As complexidades dos povos do mundo não podem ser nitidamente reduzidas a conjuntos distintos, não sobrepostos e delimitados de indivíduos com fronteiras impermeáveis permanentes. Os membros de qualquer comunidade têm relacionamentos complexos e podem ter múltiplas identidades e lealdades. Essas identidades e lealdades estão sujeitas a mudanças com o tempo.

O conceito de “povo” é uma consciência estratégica de valor particular quando os indivíduos têm uma forte identidade de grupo e sua vida cotidiana é fortemente determinada por uma cultura compartilhada específica.[86]

O fator David Barrett

Como se o debate coberto até agora não fosse suficiente, ainda havia outra argumentação dentro do que David Barrett chamou de “Programa dos povos não alcançados”. Provinha de missiólogos que, embora discordassem sobre as porcentagens e definições precisas, concordavam com o foco na identificação de povos com base na estratégia de evangelismo. No entanto, também havia outros, preocupados com a evangelização mundial, que olhavam para a tarefa de uma perspectiva mais ampla. Essa diferença, junto com o fato de que essa linha também tinha ampla divulgação, tornou nossa situação atual ainda mais complexa. Surge, então, David Barrett na publicação de 1982 da Enciclopédia Cristã Mundial [World Christian Encyclopedia] trazendo mais uma reviravolta no conceito dos povos não alcançados.

Pode parecer estranho finalmente mencionar Barrett a esta altura da discussão.

Ao que tudo indica, Barrett é o pai da demografia religiosa moderna e, quando se trata de pesquisa sobre povos, seu trabalho continua sendo a base dos três principais bancos de dados dos muitos e diferentes povos em uso hoje. O trabalho de Barrett, portanto, teve grande importância na formação do pensamento das tradições de Lausanne e Edimburgo, e eles estão em dívida com ele. Seu primeiro trabalho importante foi sua dissertação de doutorado, publicada como “Cisma e renovação na África” [“Schism and Renewal in Africa(1968)]. Continha uma análise exaustiva dos movimentos de renovação independentes na África e incluía um mapa de papel desdobrável dos povos do continente africano, o primeiro desse formato, na época. Barrett, então, passou os 14 anos seguintes pesquisando o resto do mundo. No mesmo ano do Consenso de Chicago (1982), Barrett publicou a Enciclopédia Cristã Mundial e foi muito prestigiado por seus pares religiosos e seculares. Não se pode folhear as obras de referência de Barrett sem ficar impressionado com a imensa quantidade de dados e análises relacionadas ao cristianismo em todo o mundo.

Ainda mais significativo para nossa discussão é o fato de que Barrett, em 1985, deixou sua base em Nairóbi para trabalhar para a Junta de Missões Estrangeiras [Foreign Mission Board (FMB)] (hoje Junta de Missões Mundiais) da Convenção Batista do Sul em Richmond, Virgínia.[87] Foi um “casamento improvável” entre um sacerdote anglicano ordenado e uma denominação conhecida por suas fortes posições conservadoras sobre as questões sociais norte-americanas, bem como sua perspectiva exclusiva sobre a necessidade de todos os não evangélicos serem salvos. No entanto, a parceria foi fenomenal, reunindo as inquestionáveis credenciais de pesquisa de Barrett e a reputação do FMB como o maior conselho missionário da América do Norte. E assim, dois “pesos pesados” ​​uniram forças, impulsionando os esforços de todas as missões norte-americanas.

Em 1987, Barrett acrescentou sua perspectiva sobre o debate a respeito da segmentação de povos com a publicação do sétimo, e último livro, da série Povos Não Alcançados: Esclarecendo a Tarefa [Unreached Peoples: Clarifying the Task].[88] Schreck e Barrett começaram observando o “modo global” e o “modo particularista” de olhar o mundo, concluindo que ambos são essenciais, apesar de exigirem projetos de pesquisa diferentes. A primeira abordagem focou os povos etnolinguísticos (identificando a etnia central e a língua materna), enquanto a última focou os “povos sociologicamente definidos”.[89]

Schreck e Barrett, então, listaram dez subgrupos dentro da definição sociológica. Foi incluído um exemplo de cada um para maior clareza (consulte Figura 2 a seguir.)

Os autores notaram que:

O próximo total mundial de todos esses grupos de pessoas sociologicamente definidos que existem hoje será provavelmente enorme… não se deve tentar totalizar esses agrupamentos por país em uma escala mundial para listar exaustivamente todos os povos não alcançados uma vez que os totais resultantes serão irrelevantes.

Em vez disso, o foco em grupos sociológicos foi considerado “um método de ministério… considerado um grande avanço”.[91]

Em sua avaliação da abordagem particularista (a da SWM do Fuller, MARC, Winter etc.), Schreck e Barrett disseram: “Tem havido uma quantidade significativa de controvérsia e confusão associada a essa abordagem nos últimos dez anos”.[92] Eles mostraram apoio geral a esse enfoque, reconhecendo que a etnicidade não é a única maneira pela qual os seres humanos se agrupam, e que a plantação de igrejas entre grupos definidos sociologicamente é legítima. Eles falaram sobre a “contradição percebida” entre as duas abordagens:

Em vez disso, há uma diferença nos focos dos esforços de pesquisa, e essa diferença é mais bem descrita em termos de complementaridade. Etnicidade é uma unidade de análise adequada para povos que permite a formação de um projeto de pesquisa global, mas não é adequada para um projeto de pesquisa particularista que visa desenvolver estratégias ministeriais para grupos específicos de pessoas. Ambos os projetos de pesquisa, no entanto, têm um lugar no esforço geral da evangelização mundial.[93]

Schreck e Barrett observaram que, embora o foco da abordagem global fosse “ver até que ponto o evangelho alcançou todos os povos”, o foco da abordagem particularista seria “indicar em que ponto um povo está no caminho de afastamento [de Cristo] ou em direção a Cristo”.[94] O material de Schreck e Barrett tentou esclarecer a confusão que resultou da justaposição do trabalho de Barrett (a abordagem global) com o trabalho proveniente em grande parte de Pasadena, com a SWM do Fuller, o MARC e o USCWM de Winter (a abordagem particularista). Eles postularam que:

Tem havido uma falha geral em reconhecer que estamos lidando com duas maneiras diferentes de ver esse cenário completo. Elas são motivadas por finalidades diferentes, mas complementares… Ambas as abordagens são válidas e necessárias para a tarefa da evangelização mundial. A primeira refere-se à pergunta: “Como nos saímos até aqui?”. A segunda refere-se à outra pergunta: “O que devemos fazer daqui para frente?”.[95]

Resumo

Winter, por duas vezes, cunhou novas frases (“povos ocultos” em 1977 e “povos unimax” em 1982) para desafiar o sentimento predominante. Embora a frase de povos ocultos tenha perdido a palavra “ocultos”, a definição real se manteve e foi aprovada por um grupo significativo de líderes de missão em 1982.

Porém, sua tentativa com povos unimax não teve tanto sucesso. Atualmente, poucos ouvem falar dele fora do curso Perspectivas. No entanto, o ponto de vista de Winter se mantém na lista de povos do Projeto Josué [Joshua Project], que adota uma abordagem unimax para listar povos no sul da Ásia, onde as camadas de identidade são mais complexas. Em minha maneira de pensar, a abordagem unimax é necessária onde quer que apareçam “barreiras de compreensão ou aceitação” nos grupos étnicos ou linguísticos.

Certamente, uma das principais razões para o fracasso da abordagem unimax foi que ela aumentou exponencialmente a complexidade envolvida. Na verdade, a segmentação sociológica dos povos, já mencionada em 1974 no Diretório de Povos Não Alcançados [Unreached Peoples Directory], sempre foi irritante para os missiólogos e para os membros comuns da igreja.[96] Já era suficientemente difícil para as pessoas fazerem a transição de nações/ países para povos etnolinguísticos, mas ter de entender as várias camadas macro/ mini/ micro etc. era mais do que uma pessoa comum poderia tolerar.

Missiologicamente, o foco de Winter era necessário para esclarecer a estratégia da missão. Não levar em consideração esses povos segmentados seria como abandonar essas “peças do mosaico” de Deus e deixá-las fora do reino. Por mais complexo que fosse, era necessário. Winter estava certo ao insistir que o nível de categorização etnolinguística não era suficiente.

Na prática, porém, a teoria unimax ainda é um pouco complexa para o crente comum, criando um dilema no que se refere à mobilização. Nos reportamos a essa lista apenas para adicionar mais povos a ela à medida que tomamos conhecimento deles! Mas… como se mede o progresso quando grupos são adicionados e não subtraídos?!

Avaliação das definições de povos não alcançados (1990-2000)

A redução da porcentagem

De 1982-1992, as listas de povos não alcançados continuaram a incluir o critério de 20% para medir se o grupo foi, ou não, alcançado. Só que a viabilidade desse critério há muito utilizado estava sob crescente investigação. À medida que a pesquisa de povos se tornava mais sofisticada, e a necessidade de uma categorização melhor e mais apurada se tornava premente, o critério dos 20% foi reavaliado e finalmente alterado. Parte dessa razão foi, simplesmente, o fato de as fraquezas do critério 20% serem agora mais amplamente compreendidas e o pensamento predominante ter conduzido ao seu fim. A outra parte da razão para a mudança é decorrente dos esforços cooperativos desencadeados por uma nova onda massiva de mobilização de povos não alcançados que ocorreu na década de 1990.

Movimento AD2000 [AD2000 and Beyond Movement]

O ímpeto para a mudança nos critérios de porcentagem foi o aumento do esforço de mobilização na década que antecedeu o ano 2000. Com renovado vigor para completar a tarefa de evangelização mundial até 2000, o Movimento 2000 AD foi estabelecido sob a competente liderança de Luis Bush para conquistar mais apoio e, assim, concluir a tarefa.

Em outubro de 1992, Luis Bush, diretor internacional do Movimento 2000 AD, convocou uma reunião de pesquisadores-chave dos povos não alcançados. A preocupação era que grande parte da pesquisa sobre povos não alcançados estava sendo realizada de forma independente, e havia pouco compartilhamento real de informações. De um genuíno espírito de cooperação e interesse em produzir conjuntamente uma lista definitiva de povos, incluindo os não alcançados, nasceu a Rede de Informação dos Povos [Peoples Information Network (PIN)]. Finalmente, o comitê diretor dessa cooperação de pesquisa recém-formada foi coordenado por Ron Rowland, da Associação Internacional de Linguística [Summer Institute of Linguistics/ Wycliffe – (SIL)] e presidido por Luis Bush. Alguns dos outros membros foram John Gilbert, da Junta de Missões Estrangeiras da Convenção Batista do Sul [Foreign Mission Board – Southern Baptist Convention – FMBSBC], Kaleb Jansen, da Agência de Informação Adote–Um–Povo [Adopt–A–People Clearinghouse – AAPC], agora substituído por Keith Butler e Pete Holzmann, do Grupo Missionário Paracleto [Paraclete Mission Group].[97]

Juntos, eles concordaram em consolidar, em uma, as várias listas representadas por esses líderes-chave. Uma lista de menor denominador comum foi apresentada com 1.685 povos não alcançados. Posteriormente, foi atualizada, e passou a listar 1.739 povos não alcançados, todos com uma população acima de 10 mil pessoas. Foi o início de um esforço colaborativo chave que continua até hoje. O esforço, apelidado de Projeto Josué 2000 [Joshua Project 2000], tinha por objetivo de identificar, no mínimo:

  • Um movimento pioneiro de plantação de igrejas…
  • resultando em 100 ou mais cristãos em uma ou mais igrejas capazes de se reproduzir…
  • dentro de cada povo etnolinguístico com mais de 10 mil pessoas…
  • até 31 de dezembro de 2000.[98]

Nota-se o uso marcante de “100 ou mais cristãos”, bem como o uso de povos etnolinguísticos como definição básica. Foram exatamente essas mudanças que preocuparam Winter e o motivaram a introduzir o conceito de povos unimax.

O fator Patrick Johnstone

Alguém que teve um papel definitivo no estabelecimento de novos critérios para as definições de povos não alcançados foi Patrick Johnstone. Como Barrett, Johnstone mudou-se da Inglaterra para a África, onde suas habilidades de pesquisa foram aplicadas pela primeira vez à obra missionária. Enquanto Barrett estava comprometido em tempo integral como pesquisador, Johnstone fez sua pesquisa inicialmente como um adendo a um papel evangelístico em tempo integral. E enquanto Barrett buscava publicar para uma multidão em grande parte acadêmica, Johnstone publicou para mobilizar a oração pelo mundo. Deixando essas diferenças de lado, os dois homens podem ser considerados os “pais” desses tipos de pesquisa sobre povos.

Johnstone publicou a primeira versão de Operation World em 1965, embora apenas cerca de 30 países tenham sido cobertos. Com duas edições na década de 1970, a cobertura foi global. Agora em sua sétima edição, Operação Mundo vendeu mais de 2,5 milhões de cópias em todo o mundo. Em 1980, Johnstone se juntou à equipe de liderança da WEC International [Missão Amém, no Brasil], atuando em pesquisa e estratégia. Foi durante esses anos que ele se envolveu com o Grupo de Trabalho de Estratégia de Lausanne e com a trilha dos povos não alcançados do Movimento 2000 AD. Com décadas de experiência em pesquisa, bem como uma ampla compreensão das realidades da missão proporcionada pela inclusão nessas redes, Johnstone estava bem-posicionado para desempenhar um papel de liderança nas definições dos povos não alcançados.[99]

Os critérios de 2 e 5 por cento

Finalmente, em 1995, surgiu uma mudança no critério de porcentagem que perdura até hoje.

Em 1995, para trazer maior clareza ao assunto, um comitê de Patrick Johnstone (então Editor deOperation World), John Gilbert (então Diretor do Escritório de Pesquisa Global do IMB (Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista do Sul), Ron Rowland (pesquisador do SIL [Ethnologue]), Frank Jansen (então Diretor da agência de informação Adote-um-Povo) e Luis Bush (então diretor do Movimento 2000 AD) decidiram utilizar a definição do Projeto Josué de “não alcançado”. Os critérios para não alcançados na lista do Projeto Josué são:

    • menor ou igual a 2% de evangélicos

e…

    • menor ou igual a 5% de adeptos do cristianismo.

Ambas as condições devem ser atendidas para o povo ser considerado não alcançado.[100]

Novamente, os números pareciam um tanto arbitrários. O famoso sociólogo americano Robert Bellah foi citado para apoiar a escolha de 2% de evangélicos como um critério legítimo, mas é incerto se o ponto de vista de Bellah era conhecido quando o critério foi definido:

Creio que não devemos subestimar a importância de um pequeno grupo de pessoas que têm uma nova visão de um mundo justo e compassivo. No Japão, um pequeno número de cristãos protestantes introduziu a ética na política e teve um impacto além do que seria proporcional ao seu número de pessoas. Eles foram fundamentais no início dos movimentos das mulheres, sindicatos, partidos socialistas e praticamente todos os movimentos de reforma. A qualidade de uma cultura pode ser mudada quando 2% de seu povo tem uma nova visão.[101]

Embora Bellah soubesse muito sobre o Japão e certamente fosse um sociólogo eminente, essa afirmação por si só não justifica o uso generalizado de 2% de evangélicos como um critério estabelecido. Sua declaração representa uma observação geral de um caso particular e não a conclusão de uma pesquisa mais abrangente. Não consegui encontrar nenhuma outra pesquisa, ou estudo, que apoiasse a escolha de 2% de evangélicos como critério. Curiosamente, Johnstone em um trabalho posterior admite que

muitos sociólogos consideram 20% como o ponto em que um segmento da população começa a impactar a cosmovisão da sociedade em geral.[102]

O critério de 5% de adeptos do cristianismo, sugerido por Johnstone, se sai um pouco melhor em termos de nos dar confiança quanto à sua origem. Não há, novamente, pesquisas que justifiquem seu uso. Em vez disso, o que temos são razões que fundamentam sua utilidade:

O critério de 5% de adeptos do cristianismo foi incluído na definição de não alcançados para diferenciar entre um grupo de pessoas no Afeganistão com 0% de evangélicos e 0% de adeptos do cristianismo sem herança cristã, sem acesso à Bíblia, sem igreja, sem transmissões cristãs, treinamento, literatura etc. em comparação com um grupo de pessoas na Europa Ocidental, por exemplo, que pode ter apenas alguns seguidores verdadeiros de Cristo, mas um grande número de adeptos do cristianismo com uma herança cristã e acesso a Bíblias, comunhão, transmissões, treinamento, literatura etc.

Certamente, os indivíduos dentro desses dois grupos estão igualmente perdidos, mas um povo é considerado não alcançado, enquanto o outro seria considerado necessitando de renovação e evangelismo. O critério de 5% de adeptos do cristianismo ajuda a definir o “ambiente” espiritual (por falta de uma palavra melhor) de um determinado povo.

Patrick Johnstone faz a seguinte observação:

Não podemos evitar o fato de que um povo cristianizado é um desafio muito diferente para o evangelismo do que um povo não cristão. Eles podem precisar de um encontro pessoal com Jesus da mesma forma e estar igualmente obscurecidos em sua compreensão do evangelho, mas você os insulta e prejudica a sua forma de alcançá-los para Cristo se isso não for levado em consideração. Daí meu apelo para que ambos os critérios sejam mantidos.[103]

Uma razão mais prática para os 5% de adeptos do cristianismo é dada por Todd Johnson:

Uma razão pela qual a porcentagem de cristãos foi reduzida para 5% foi que, na maioria dos menos evangelizados (50% ou abaixo dessa porcentagem pelo método de Barrett), o percentual de cristãos era menor que 5%. Portanto, isso tornou a lista inicial do Projeto Josué mais próxima da lista dos povos do “Mundo A” de Barrett.[104]

O que faltava a esses critérios em suporte empírico eles compensavam ao fornecer praticamente uma “linha” para diferenciar os povos em categorias alcançadas e não alcançadas. Mesmo que nunca termine o debate sobre qual deveria ser a porcentagem exata, ele serviu bem à comunidade missionária de fronteira nos últimos 20 anos, focalizando a atenção nos povos menos alcançados. E não deve nos surpreender que os critérios de 2 e 5 por cento não foram baseados em estudos empíricos uma vez que nossa discussão anterior sobre estudos de difusão evidenciou que, simplesmente, não há prova empírica que estabeleça com confiança uma única porcentagem para prever avanços para mudanças. Acabaram, no entanto, fazendo o melhor que podiam dentro da situação – pesquisadores se reuniram e buscaram a Deus para uma abordagem sábia tendo em vista interpretar e apresentar os dados.

Os critérios de 2 e 5 por cento foram aceitos pela maioria, com uma única e crítica exceção – a Junta de Missões Mundiais (IMB[†]). A reação deles foi mista. Sob a influência de Barrett, eles usaram consistentemente o critério de 20%. Porém, Barrett saiu em 1993 e os novos critérios (2 e 5 por cento) foram lançados em 1995. De acordo com Dale Hadaway:

No verão de 1997, o IMB estava usando o número de 20% em suas estatísticas. Dentro de um ano, a porcentagem foi reduzida para 12%. No ano seguinte, a primeira versão do Indicador do Progresso de Plantação de Igrejas [Church Planting Progress Indicator (CPPI)] foi divulgada pelo IMB apresentando uma queda abrupta no que havia sido considerado a medida de “alcance”. 2% dos crentes evangélicos se tornaram a nova referência estatística para o IMB e a maioria das outras agências missionárias. De uma hora para outra, os referenciais foram alterados.[105]

Se por um lado o IMB acabou adotando o critério dos 2% de evangélicos, eles nunca adotaram o critério dos 5% de adeptos do cristianismo, optando por uma visão mais exclusiva da salvação em termos de fé evangélica. Essa continua sendo uma das principais diferenças entre a lista do Projeto Josué e a lista do IMB. A busca por uma lista “definitiva” dos povos provou ser improdutiva.

As três listas de povos

Assim, no início dos anos 2000, havia três listas distintas de povos que serviam de fonte de informação para as iniciativas missionárias. As três listas são:

  • Banco de Dados Cristão Mundial [World Christian Database][106],
  • a lista do Projeto Josué[107];
  • os Indicadores de Progresso de Plantação de Igrejas do IMB [Church Planting Progress Indicators (CPPI)].[108]

Um breve interlúdio é necessário aqui para explicar a relação entre as listas do MARC que começaram em 1974 (e depois de 1979 a 1984, e novamente em 1987) e aquelas que se seguiram.

Todd Johnson, o sucessor de Barrett, esteve fortemente envolvido em tudo o que foi descrito aqui. De acordo com ele,

o MARC coletou dados sobre povos de todo o mundo, mas não fez uma lista abrangente. Barrett coletou dados extensos sobre os povos africanos nos anos de 1960 e no início da década de 1970. Então, logo após completar a Enciclopédia Cristã Mundial [World Christian Encyclopedia] em 1981, ele criou a primeira lista abrangente de povos. Barret estava trabalhando com essa lista, não com a do MARC, para o livro Esclarecendo a Tarefa [Clarifying the Task]. Em 1989, juntei forças com Barrett e o ajudei a editar a lista. O IMB adotou sua própria versão da lista em 1993, quando Barrett saiu. O Projeto Josué criou uma terceira versão em 1996. As listas de povos hoje existentes são derivadas do trabalho inicial de Barrett…[109]

A lista do MARC foi assim incluída na lista de Barrett quando ele editou o último livro da série Povos Não Alcançados [Unreached Peoples] chamado Esclarecendo a Tarefa (1987).

O fato de existirem três listas distintas, com praticamente a mesma relação (povos não alcançados) pode ser compreendido se observarmos os três públicos diferentes para os quais essas listas foram compiladas. Um exemplo paralelo seria a lista dos dons espirituais em três textos diferentes no Novo Testamento (Romanos 12, 1Coríntios 12, e Efésios 4). Em cada caso, Paulo se dirige a um público em particular com necessidades específicas e, portanto, as listas são mesmo diferentes, embora ele estivesse tratando do mesmo assunto. Da mesma forma, as três listas de povos tratam de questões semelhantes, mas distintas entre si e, portanto, elas são diferentes. Teria sido melhor se Paulo tivesse usado exatamente a mesma lista de dons em todas as suas cartas? Talvez, mas o próprio fato de que ele não o fez tem algo a nos ensinar. Aparentemente, uma lista exaustiva e absolutamente consistente não é necessária para o povo de Deus entendê-la e utilizá-la. Na mesma linha, aqueles que gerenciam as listas de povos apreciam a responsabilidade e a validação geradas pela existência e manutenção delas. A Figura 3 compara e contrasta as três listas[110]:

Um grande problema com essas listas é o número apresentado para povos não alcançados. Veja a Figura 5 a seguir.

Como a Figura 5 indica, as listas do Projeto Josué e da Junta de Missões Mundiais são as mais semelhantes no que estão medindo. A maior diferença é como os administradores das listas segmentam os povos. O Sul da Ásia provou ser desafiador a esse respeito, criando complexidade com as camadas adicionais de casta e religião na formação da identidade primária. A razão pela qual os números do Projeto Josué e da Junta de Missões Mundiais são diferentes é porque eles divergem em como priorizam as diferentes camadas (idioma, casta, tribo, religião etc.) na determinação da identidade. Uma lista pode considerar a religião como principal fator de priorização, enquanto a outra pode priorizar a casta.

Resumo

À medida que a necessidade de clareza na mobilização se tornou premente, na iniciativa evangélica, para evangelizar os não alcançados até o ano 2000, nasceram os critérios de 2 e 5 por cento. Um resultado do Movimento 2000 AD foi o aumento em colaboração e unidade no corpo de Cristo. Mesmo assim, os ideais e a paixão de ver “uma igreja em cada povo até o ano 2000” foram equilibrados por contínuas diferenças teológicas e metodológicas. Em relação às próprias porcentagens reais, parecia que o único critério baseado em pesquisa para estabelecer algum tipo de ponto de inflexão veio de Everett Rogers e do uso de uma ampla faixa de porcentagem, como anteriormente explicado. Os critérios de 2% e 5% não foram baseados em pesquisas empíricas, mas sim uma forma de destacar a necessidade relativa, que permanece crítica.

Outra preocupação com os critérios quantitativos era a tendência de exclusão dos qualitativos. Isso acontecia, especialmente, quando a única definição dada para PNA era “menos de 2% de evangélicos”, o que levou ao perigo em potencial de ignorar critérios qualitativos, como aquele que Winter priorizou:

A falta de alcance não é, portanto, definida com base na existência de cristãos ou de missionários trabalhando entre eles. É definida com base no fato de nessa cultura haver, ou não, um movimento eclesiástico viável e culturalmente relevante.[112]

Em outras palavras, os critérios quantitativos por si só deixaram a porta aberta para igrejas de estilo ocidental, uma vez que as questões culturais locais não foram enfatizadas. Se tudo o que estamos procurando é um certo número de “evangélicos”, podemos errar o alvo. Os critérios qualitativos precisam permanecer.

Avaliação das definições de povos não alcançados

(Do ano 2000 até o presente)

Desde o ano 2000, não houve mudanças nas definições de povos não alcançados. A definição de 1982 (interpretada de várias maneiras), com a adição de 1995 do critério de porcentagem, ainda está em uso hoje. No entanto, houve mudanças na categorização dos povos.

Povos não engajados e não alcançados

Durante esse período, uma nova palavra foi adicionada à frase “povos não alcançados”, produzindo o “UUPG”, “Povos Não Engajados e Não Alcançados” [Unengaged, Unreached People Groups (UUPG)]. Essa ênfase pode ser rastreada até uma reunião global de evangelistas em Amsterdã no ano 2000 e a elaboração da famosa “Tabela 71”. Mas essa é uma outra história que fica para uma outra vez. Basta dizer que a ênfase no “não engajado” foi o próximo passo lógico. Embora seja útil ter uma lista de povos não alcançados, determinar quais grupos foram “engajados” e quais permanecem “não engajados” é um passo importante para segmentar ainda mais essa lista. Essa iniciativa está viva e ativa ainda hoje devido aos esforços incansáveis de Paul Eshleman e da rede Concluindo a Tarefa [Finishing the Task (FTT)]. Seguindo o IMB, a FTT reconhece quatro elementos essenciais que constituem um engajamento eficaz:

  1. Esforço apostólico (plantar igrejas) no local
  2. Compromisso de trabalhar no idioma e cultura locais
  3. Compromisso com o ministério de longo prazo
  4. Semear de maneira consistente com o objetivo de ver o surgimento de um movimento de plantação de igrejas (MPI)[113]

Desafios para mudança

Depois de examinar as definições e os critérios para determinar quem não foi alcançado, vejamos alguns dos dilemas interessantes dali decorrentes. Voltemos aos pares de países anteriormente mencionados:

  • Argélia ou Eslovênia
  • Palestina ou Polônia
  • Jordânia ou Áustria
  • Mali ou França

Cada par de países tem a mesma porcentagem de evangélicos. Acontece que os países mencionados em primeiro lugar também têm menos de 5% de adeptos do cristianismo, enquanto os países citados em segundo lugar têm mais de 5% de adeptos do cristianismo. É correto dizer que os primeiros países são “não alcançados” e os últimos “alcançados” apenas por conta de seu passado cristão? Há quem pense que os povos da Europa com um passado cristão são mais alcançados, uma vez que há evangelistas a uma distância E-0/ E-1 deles. Embora possam estar igualmente perdidos, eles têm maior acesso ao evangelho e à literatura cristã, à Bíblia etc. Outros acham que qualquer história cristã entre esses povos são meras relíquias de uma tradição morta, e que, desde que se enquadrem nos critérios de não alcançados, eles devem ser listados como tais, independentemente da fraca e instável influência cristã ao seu redor.

Não há espaço para a tolerância presunçosa sobre a “herança cristã na Europa” – e sobre a maioria “cristã”. Se tomarmos como critério de povo evangelizado que uma população seja mais de 2% evangélica, não há país à borda do Mediterrâneo que se aproxime desse número, mesmo incluindo os católicos evangélicos. Na verdade, apenas 16 dos 47 países da Europa atingem esse critério.[114]

A Escala de Progresso do Projeto Josué mostrada na Figura 6 apresenta a divisão dos povos com base nesses critérios. Os primeiros países mencionados, em cada par acima, são vermelhos e não alcançados, enquanto os segundos em cada par são amarelos e alcançados.

Os critérios atuais enfatizam os povos nunca alcançados em detrimento dos outrora alcançados. Curiosamente, dos trinta países com a menor porcentagem de cristãos evangélicos do mundo, treze são muçulmanos, onze são católicos, quatro são ortodoxos, um é budista e um, judeu.[115]

De volta aos 20%?

Robin Dale Hadaway, professor de Missões no Seminário Teológico Batista do Centro-Oeste [Midwestern Baptist Theological Seminary] acredita que o critério de menor ou igual a 2% de evangélicos precisa ser mudado. Um missionário batista do Sul com experiência de campo em povos “vermelhos e amarelos” sente que 2% de evangélicos não é suficiente para causar um ponto de inflexão. Ele também lamenta a migração dos obreiros dos povos ou nações “amarelas” para as “vermelhas” (por exemplo, da Europa para a Ásia) por causa dos critérios atuais.[116]

Para reforçar sua afirmação, ele encontrou uma fonte que indica uma porcentagem maior para um ponto de inflexão:

Cientistas do Instituto Politécnico Rensselaer [Rensselaer Polytechnic Institute] descobriram que quando apenas 10% da população mantém uma crença inabalável, essa crença sempre será adotada pela maioria da sociedade. Os cientistas, que são membros do Centro de Pesquisa Acadêmica de Redes Cognitivas Sociais [Social Cognitive Networks Academic Research Center (SCNARC)] no Rensselaer, usaram métodos computacionais e analíticos para descobrir o ponto de inflexão em que uma crença minoritária se torna a opinião da maioria. A descoberta tem implicações para o estudo e a influência das interações sociais que vão desde a disseminação de inovações até o movimento de ideais políticos. “Quando o número de formadores de opinião comprometidos está abaixo de 10%, não há progresso visível na disseminação de ideias. Levaria literalmente um tempo comparável à idade do universo para que um grupo desse tamanho chegasse a ser maioria”, diz o diretor do SCNARC Boleslaw Szymanski, o distinto professor da “Claire e Roland Schmitt” no Rensselaer. “Uma vez que esse número ultrapasse os 10%, a ideia se espalha como fogo.”[117]

O estudo, intitulado “Consenso Social Através da influência das Minorias Comprometidas” [“Social Consensus Through The Influence of Commited Minorities”], concluiu que:

A opinião da maioria predominante em uma população pode ser rapidamente revertida por uma pequena fração p de agentes comprometidos distribuídos aleatoriamente que fazem proselitismo consistente da opinião oposta e são imunes a outras influências. Especificamente, mostramos que quando a fração comprometida cresce além de um valor crítico Pc ≈ 10%, há uma redução dramática no tempo Tc necessário para que toda a população adote a opinião dos agentes comprometidos.[118]

Eles concluem:

Demonstramos aqui a existência de um ponto de inflexão, em que a opinião inicial da maioria de uma rede muda rapidamente para a opinião de uma minoria consistente e inflexível.[119]

No entanto, existem ressalvas nessa abordagem. Primeiro, eles dizem que seu modelo

é adequado para entender como as opiniões, percepções ou comportamentos dos indivíduos são alterados por meio de interações sociais, especificamente em situações em que o custo associado à mudança de opinião é baixo, como na agitação do pré-lançamento de um filme, ou em situações em que mudanças de posição não são deliberadas ou calculadas, mas inconscientes.[120]

Certamente, a maioria dos missionários não diria que a lealdade a Jesus em um contexto muçulmano ou hindu seria uma mudança de opinião de custo baixo! Eles tampouco ficariam satisfeitos com crentes cujas decisões são inconscientes. O modelo desse estudo em particular testou a influência de agentes comprometidos sobre aqueles que tinham opiniões, mas estavam abertos a outros pontos de vista. Outro cuidado é que o estudo parece assumir que as muitas variáveis em uma dada inovação mencionada por Rogers são estáticas em todos os lugares e o tempo todo. Mas esse é o ponto principal de Rogers e o motivo pelo qual uma determinada porcentagem nunca pode funcionar de forma generalizada, pois simplesmente existem muitas variáveis ​​que afetam a taxa de adoção. O estudo não parece reconhecer essas variáveis.

Hadaway continua:

Se um limite de 10% substituísse a referência de 2% para representar “perdição” e “alcance” em mapas evangélicos, pelo menos daria um indicador mais confiável do que realmente está acontecendo. Os mapas de evangelização da América Latina e da África passariam de verde (alcançado) para amarelo e vermelho (não alcançado).[121]

A solução apresentada por Rogers, então, é:

Aumente, imediatamente, o limite de 2% da população evangélica de volta para 20% ou pelo menos para 10%. Acredito que deixar um povo que tenha mais de 2% de evangélicos é o equivalente histórico da declaração de vitória dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, apenas para ver o país desmoronar três anos depois.[122]

Mas, como isso se traduz em números reais? O gráfico da Figura 7 mostra o número de “povos não alcançados” se os critérios fossem mudados.[123]

A coluna cinza escuro representa nossos critérios atuais. Como pode ser constatado, se o critério de adeptos do cristianismo for retirado, o número de povos não alcançados terá um acréscimo significativo de 2.000 povos (comparando as colunas 1 e 5). Isso é feito simplesmente adicionando os povos representados em países como Eslovênia, Polônia, Áustria e França, que têm uma população superior a 5% de adeptos do cristianismo. Pode-se ver o que acontece quando o critério é considerado até 5, 10 ou 20% de evangélicos (colunas 2, 3 e 4) ─ o número de povos não alcançados aumenta consideravelmente; por exemplo, o critério de 10% de evangélicos dobraria o número atual de povos não alcançados. Se a comunidade missionária voltasse a usar o critério de 20%, então 85% de todos os povos seriam de povos não alcançados! De acordo com Bill Morrison, um pesquisador do Projeto Josué que passou incontáveis horas examinando dados de povos:

Se todos forem considerados menos alcançados, então, provavelmente, esse conceito não será muito útil. Tenho dúvidas de que seja possível justificar adequadamente QUALQUER número de corte em termos de “todos os grupos abaixo desse número não alcançaram um avanço significativo, mas os grupos acima, sim”. Existem muitas variáveis envolvidas, e não podemos medir com precisão todas elas.[124]

De acordo com Bruce Koch:

Winter nunca gostou dos limites percentuais como critério porque em muitos grupos com poucas centenas de pessoas (quase 1.200 com uma população abaixo de 500!) 2% equivalem a poucas pessoas, enquanto em grupos grandes essa porcentagem pode significar centenas de milhares ou mesmo milhões. Não diremos que os turcos foram alcançados até que 1,2 milhão deles (2%) se associem a igrejas evangélicas? Ou 12 milhões (20%)?![125]

Esse exercício revela o poder surpreendente desses critérios. Quão diferente é a tarefa dependendo do ponto de vista! Cabe aqui uma reflexão:

  • Será que realmente queremos dobrar o número atual de povos não alcançados?
  • O que isso faria com o ânimo das pessoas?
  • Como isso afetaria o conceito de progresso?
  • Prejudicaria ainda mais a visão e o esforço da missão de fronteira, já em declínio?

Aqui estão algumas observações úteis daqueles que gerenciam a lista do Projeto Josué:

O Projeto Josué não está, de forma alguma, defendendo que os missionários deixem um povo quando uma determinada porcentagem arbitrária de evangélicos é alcançada. Os missionários devem permanecer no local o tempo que for necessário, independentemente das porcentagens. Seu papel pode mudar de plantação de igrejas pioneiras para discipulado, apoio administrativo, desenvolvimento de liderança etc., todos [esses esforços] levando à plantação de igrejas por saturação por mão de obra nativa. A hora certa para os missionários saírem me parece ser quando há impulso e recursos suficientes dentro da igreja nativa para alcançar o resto do povo sem ajuda externa. Esse ponto de saída será diferente dependendo de cada situação local.

O papel da missão Frontier Ventures (FV)/ Projeto Josué parece ser o de encorajar o “início da tarefa” sem sugerir que 2% seja um ponto de chegada ou de saída dos missionários. Ao mesmo tempo, precisamos intensificar o discipulado vigoroso e a plantação de igrejas por saturação.

O termo “não alcançado” é um tanto infeliz, pois implica alternância – liga/ desliga ou sim/ não –, sugerindo apenas duas opções: zero acontecimento (não alcançado) ou nenhuma necessidade de enviar missionários (alcançado). Quando uma alternância é a medição, pode facilmente haver um foco na inclusão e exclusão de grupos de uma lista quando se atinge determinado limite. Um termo melhor pode ser “menos alcançado”, implicando escala ou progressão.[126]

Resumo

Este debate mais recente reforça o fato de que estamos lidando com uma “confusologia”. As realidades do campo são confusas e não se traduzem facilmente em slogans de mobilização sem perdas significativas. Os gestores dessas listas, na maioria das vezes, dedicaram toda a sua vida à leitura constante dos povos e do seu índice de evangelização, seja qual for o critério de definição. Eles estão mais cientes das inconsistências e incongruências que fazem parte da missiologia do que aqueles de nós que as vemos com menos clareza. A realidade básica, repetida anteriormente neste artigo, é que sem critérios quantificáveis, independentemente de sua suposta subjetividade ou confiabilidade, não há maneira possível de contar povos não alcançados. E melhor é ter somente uma referência nesse sentido do que não ter nada. Neste exato momento, pesquisadores estão vasculhando o mundo, até mesmo em nível de aldeias, para verificar a expansão do reino. Esses esforços devem ser elogiados. Que Deus continue a conceder graça e sabedoria a eles.

Um caminho a seguir

Finalmente, algumas conclusões gerais são aqui fornecidas como resultado da discussão anterior.

  1. O critério de 2% e 5% para povos não alcançados não é perfeito, mas tem a vantagem de ter 20 anos de uso constante. Alterar as porcentagens, a esta altura, cria mais problemas do que os resolve. O manejo inteligente das listas e dos pressupostos por trás delas evitará as conjecturas e promoverá uma reflexão madura sobre a saúde geral de qualquer povo.
  2. Questões profundas permanecem concernentes à relação entre os evangélicos e aqueles de tradições católica e ortodoxa. Estão envolvidos neste diálogo missiólogos ou apenas teólogos? Melhores relacionamentos aqui podem fazer avançar significativamente o movimento do evangelho entre povos com uma herança cristã não evangélica.
  3. Deve um povo não alcançado, em um ambiente historicamente não cristão, sempre ser priorizado acima de um povo não alcançado com uma formação cristã no passado distante? Talvez não. Qualquer missionário, em qualquer um dos grupos, faz parte da mesma equipe, levando o Pão da Vida para almas famintas. Às vezes, certos campos estão maduros e outros, não. Às vezes, Deus nos guia a um lugar específico por motivos que podem não atender aos requisitos da razão humana. Se o Espírito se move de maneiras misteriosas, devemos ter cuidado ao interpretar o que ele está fazendo. Jesus fez incursões em diferentes áreas geográficas por motivos primordialmente espirituais, e não racionais. Da mesma forma, Paulo foi guiado pelo Espírito e, às vezes, conduzido de formas contrárias à sua maneira natural de pensar. A distância E-2 ou E-3 não deve ser a única consideração na priorização, mesmo que deva (com razão) ser a primeira.
  4. Precisamos continuar a apresentar o conceito de alcançado como um processo, não como um ponto no tempo. Os critérios atuais (e quaisquer outros futuros) podem criar visões desequilibradas e distorcidas das realidades dos povos.
  5. Precisamos reconhecer que identificar um “ponto de inflexão”, aquele momento em que um grupo nativo de crentes se torna viável e capaz de evangelizar seu próprio povo, depende, em última análise, do Espírito Santo. Os sociólogos não se preocupam com fenômenos sobrenaturais quando tentam descrever a mudança social, mas nós o fazemos. E o Espírito Santo certamente é capaz de usar qualquer porcentagem que desejar como ponto de inflexão. Devemos lembrar que havia 7 milhões de judeus nos dias de Jesus (2 milhões na Palestina e 5 milhões na Diáspora), e os 120 reunidos no cenáculo representavam 0,000017% da nação judaica! Poucos dias após o Pentecostes, eles haviam crescido aos milhares, e esse movimento foi mais tarde acusado de “virar o mundo de cabeça para baixo”. Essa realidade é muitas vezes esquecida pelos missiólogos.
  6. Precisamos reconhecer que diferentes porcentagens motivarão diferentes ministérios para diferentes propósitos. É perfeitamente legítimo que alguns ministérios mantenham os critérios atuais. Por outro lado, também é legítimo que outros ministérios se concentrem em critérios diferentes. Há muito a fazer para vermos o reino se manifestar em outros povos. Todos podem ter um assento à mesa e cumprir o chamado de Deus para o foco específico de seus ministérios. Os dados sobre os povos estão disponíveis e podem (devem) ser analisados de várias maneiras. A principal bênção dos dados sobre os povos é que eles estão disponíveis para o corpo de Cristo. Qualquer pessoa pode acessar o site do Projeto Josué[127], colocar as porcentagens desejadas para classificar a lista e ver o resultado.
  7. Precisamos estar cientes das limitações de nossos números, pois refletem um senso muito básico da realidade, mas carecem de precisão. Esse sempre será o caso quando realidades complexas de campo são simplificadas para fins de quantificação e mobilização. Devemos ter cuidado com a “missiologia gerencial” e com a tendência de reduzir a realidade incompreensível da ação de Deus neste mundo a estratégias administráveis. Não há absolutamente nada sobre a obra do Espírito Santo que possamos administrar além de nossa própria obediência a ele. Porém, podemos humildemente apresentar o que sabemos para que cada crente tenha seu coração inflamado pelo grande amor que Deus tem pelos povos. O conceito de povos sempre foi pensado como uma “medida aproximada de nosso progresso para completar a tarefa de evangelização”.[128]
  8. O maior problema para alcançar os não alcançados não é uma questão de definições ou critérios de porcentagem, mas sim aquilo que Eugene Peterson chama de “longa obediência na mesma direção”. Não a obediência forçada de um soldado sob comando, mas a obediência amorosa de filhos e filhas que caminham diariamente em intimidade com seu Pai e passam a conhecer e compartilhar o amor desmedido de seu coração pelos perdidos. Não a obediência motivada por números e a emoção de ser a geração que os atingiu, mas a obediência motivada por uma alegria profunda e duradoura em viver o chamado de Deus entre as nações.

Foi dito que: “Se o púlpito não for claro, o banco ficará confuso”. As tentativas de esclarecer o que exatamente se entende por “não alcançado” foram e continuam a ser ilusórias. Todas as três listas de povos não alcançados são baseadas em décadas de metodologias de pesquisas específicas e convicções experimentadas (incluindo as teológicas), as quais, provavelmente, não serão deixadas de lado para simplificar para a mobilização, por mais útil que isso seja. Os dois polos de tensão com que estamos lidando são, por um lado, a complexidade da identidade do povo (realidade no campo), e, por outro, a simplicidade necessária para a mobilização (a realidade do ponto de envio dos missionários). Essa tensão sempre existirá, e a resposta está na comunicação eficaz de um lado para o outro. Isso requer pessoas que possam compreender a complexidade e, ainda assim, apresentá-la de maneira simples e significativa. São necessárias pessoas que vivem em ambos os mundos e podem traduzir de um para o outro. Essa tarefa não é impossível. A experiência e as habilidades existem dentro da comunidade missionária. Devemos isso a nós mesmos e aos povos não alcançados que desejamos servir: tornar esses conceitos mais acessíveis à igreja. Que este artigo inspire outros mais qualificados e experientes a colocá-los em prática.

 

Sobre o autor
Dave Datema atua como um dos três líderes que compõem o escritório do diretor geral da Frontier Ventures, missão da qual é membro desde 1999. Ele cresceu como filho de missionários em Serra Leoa, África Ocidental, e serviu como pastor por dez anos na Church of the United Brethren in Christ [Igreja dos Irmãos Unidos em Cristo], no Centro-Oeste dos Estados Unidos.

Esse artigo foi publicado originalmente em inglês no International Journal of Frontier Missiology (IJFM) 33:2 (ed. Verão 2016), sob o título “Defining ‘Unreached’: A Short History”. A versão original está disponível aqui. O Martureo recebeu a autorização devida para traduzi-lo e republicá-lo. Tradução: Iara Vasconcellos. Edição: Fernanda Schimenes.

 

Referências bibliográficas

Barrett, David

1986 Cisma e Renovação na África: Uma Análise de Seis Mil Movimentos Religiosos Contemporâneos [Schism and Renewal in Africa: An Analysis of Six Thousand Contemporary Religious Movements]. Nairobi: Oxford University Press.

Barrett, David B., ed.

1982 Enciclopédia Cristã Mundial: Um Estudo Comparativo de Igrejas e Religiões no Mundo Moderno 1900–2000 AD [World Christian Encyclopedia: A Comparative Study of Churches and Religions in the Modern World AD 1900–2000]. Nairobi: Oxford University Press.

“Centro Billy Graham, Arquivos: Congresso Mundial de Evangelismo” [“Billy Graham Center, Archives: World Congress on Evangelism”]

1966 Wheaton. Acessado em 13 de outubro de 2015. http://www2.wheaton.edu/bgc/archives/berlin66.htm.

Dayton, Edward R. e Samuel Wilson, eds.

1983 Unreached Peoples 83: Os Refugiados Entre Nós [The Refugees Among Us]. Monrovia, CA: MARC.

______.

1984 Unreached Peoples 84: O Futuro da Evangelização Mundial [The Future of World Evangelization]. Monrovia, CA: MARC.

Dayton, Edward R.

1974 Diretório de Povos Não Alcançados [Unreached Peoples Directory]. Congresso Internacional sobre Evangelização Mundial [International Congress on World Evangelization].

Engstrom, Ted

1967 “O Uso da Tecnologia: Uma Ferramenta Vital de Ajuda” [“The Use of Technology: A Vital Tool That Will Help”], in: Uma Raça, Um Evangelho, Uma Tarefa [One Race, One Gospel, One Task], Volume I, Congresso Mundial de Evangelismo, Berlim 1966, Volumes Oficiais de Referência, Artigos e Relatórios [Official Reference Volumes, Papers and Reports], editado por Carl H. F. Henry e W. Stanley Mooneyham, 315-318. Minneapolis, MN: World Wide Publications.

Escobar, Samuel

2000 “Missiologia Evangélica: Observando o Futuro na Virada do Século” [“Evangelical Missiology: Peering into the Future at the Turn of the Century”], in: Missiologia Global para o Século XXI: O Diálogo de Iguaçu [Global Missiology for the 21st Century: The Iguassu Dialogue], editado por William D. Taylor, 101–122. Grand Rapids, MI: Baker Academic.

“Listas de Povos Globais: Uma Visão Geral” [“Global People Group Lists: An Overview”]

2015 Projeto Josué. Acessado em 23 de novembro de 2015. http://joshuaproject.net/resources/articles/global_peoples_list_comparison.

Hadaway, Robin Dale

2014 “Uma Correção de Curso em Missões: Repensando o Limite de Dois Por Cento” [“A Course Correction in Missions: Rethinking the Two Percent Threshold”]. Southwestern Journal of Theology 57, no. 1: 17–28.

“Quantos Povos Existem?” [“How Many People Groups Are There?”]

Projeto Josué 2015. Acessado em 23 de novembro de 2015. http://joshuaproject.net/resources/articles/how_many_people_groups_are_there.

Hubbard, David A.

1967 “Missões e Tecnologia” [“Missions and Technology”], in: Uma Raça, Um Evangelho, Uma Tarefa [One Race, One Gospel, One Task], Volume II, Congresso Mundial de Evangelismo, Berlim 1966, Volumes Oficiais de Referência, Artigos e Relatórios [Official Reference Volumes, Papers and Reports], editado por Carl F. H. Henry e W. Stanley Mooneyham, 525–526. Minneapolis, MN: World Wide Publications.

Johnstone, Patrick

2011 O Futuro da Igreja Global [The Future of The Global Church]. Colorado Springs, CO: Global Mapping International.

“Projeto Josué 2000”

2015 2000 AD. Acessado em 27 de setembro de 2015. http://www.ad2000.org/joshovr.htm.

Kaplan, Seth

2015 “A Dinâmica Complexa dos Clãs da Somália” [“Somalia’s Complex Clan Dynamics”], Centro de Recursos de Estados Frágeis [Fragile States Resource Center].”. Acessado em 20 de abril de 2015. http://www.fragilestates.org/2012/01/10/somalias-complex-clan-dynamics/.

Keen, Sam e Robert Bellah

1976 “Religião Civil: O Sagrado e o Político na Vida Americana” [“Civil Religion: The Sacred and the Political in American Life”]. Psychology Today, janeiro.

Padilla, C. Rene

1982 “A Unidade da Igreja e o Princípio da Unidade Homogênea” [“The Unity of the Church and the Homogeneous Unit Principle”]. Boletim Internacional de Pesquisa Missionária [International Bulletin of Missionary Research], janeiro: 23–30.

Parsons, Greg H.

2015 Lausanne 74: Escritos de Ralph D. Winter, com Respostas [Lausanne 74: Ralph D. Winter’s Writings, with Responses]. Pasadena, CA: William Carey Library.

Pentecostes, Edward C.

1974 Alcançando os Não Alcancados: Um Estudo Introdutório sobre o Desenvolvimento de uma Estratégia Geral para a Evangelização do Mundo [Reaching the Unreached: An Introductory Study on Developing a General Strategy for World Evangelization]. South Pasadena, CA: William Carey Library.

Reapsome, James

1984 “Definições e identidades: Amostras da discussão em andamento”. [“Definitions and Identities: Samples from the Ongoing Discussion”], in: Alcançando os Não Alcançados: O Novo Desafio Antigo [Reaching the Unreached: The Old-New Challenge], editado por Harvie M. Conn, 61-73. Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Company.

Instituto Politécnico Rensselaer [Rensselaer Polytechnic Institute]

2015 “A Minoria no Controle: Cientistas descobrem o Ponto de Inflexão para a Disseminação de Ideias” [“Minority Rules: Scientists Discover Tipping Point for the Spread of Ideas”]. Association for Computing Machinery. Última modificação em 26 de julho de 2011. Acessado em 27 de setembro de 2015. https://cacm.acm.org/careers/115120-minority-rules-scientists-discover-tipping-point-for-the-spread-of-ideas/fulltext.

Rogers, Everett M. e F. Floyd Shoemaker

1971 A Comunicação de Inovações: Uma Abordagem Transcultural [Communication of Innovations: A Cross-cultural Approach], Second Edition. Nova York: Free Press.

Rogers, Everett M.

1962 Difusão de Inovações [Diffusion of Innovations]. Nova York: Free Press.

______.

1983 Difusão de Inovações [Diffusion of Innovations]. Nova York: Free Press.

______.

1995 Difusão de Inovações [Diffusion of Innovations]. Nova York: Free Press.

______.

2003 Difusão de Inovações [Diffusion of Innovations]. Nova York: Free Press.

Schreck, Harley e David Barrett

1987 Povos Não Alcançados: Esclarecendo a Tarefa [Unreached Peoples: Clarifying the Task]. Monrovia, CA: MARC e Birmingham, AL: New Hope Publishing Co.

Scribner, Dan

1995 “Projeto Josué Etapa 1: Identificando os Povos Onde a Plantação de Igrejas é Mais Necessária” [“Joshua Project Step 1: Identifying the Peoples Where Church Planting Is Most Needed]”. Mission Frontiers, novembro a dezembro. Acessado em 27 de setembro de 2015. http://www.missionfrontiers.org/issue/article/joshua-project-step-1-identifying-the-peoples-wherechurch-planting-is-most.

“Somália – Clãs”

2015 GlobalSecurity. Última modificação em 8 de abril de 2015. Acessado em 20 de abril de 2015. http://www.globalsecurity.org/military/world/somalia/clans.htm.

Wagner, C. Peter e Edward R. Dayton, eds.

1978 Unreached Peoples 79: O Desafio da Tarefa Inacabada da Igreja [The Challenge of the Church’s Unfinished Business]. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co.

______.

1980 Unreached Peoples 80: O Desafio da Tarefa Inacabada da Igreja [The Challenge of the Church’s Unfinished Business]. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Company.

______.

1981 Unreached Peoples 81: O Desafio da Tarefa Inacabada da Igreja com uma seção especial sobre os Povos da Ásia [The Challenge of the Church’s Unfinished Business With Special Section on the Peoples of Asia]. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Company.

______.

1982 Unreached Peoples 82: O Desafio da Tarefa Inacabada da Igreja, Foco em Povos Urbanos [The Challenge of the Church’s Unfinished Business, Focus on Urban Peoples]. Elgin, IL: David C. Cook Publishing Company.

Webster, Warren

1984 “Novos Rumos para as Missões Ocidentais” [“New Directions for Western Missions”], in: Unreached Peoples 84: O Futuro da Evangelização do Mundo [The Future of World Evangelization], editado por Edward Dayton e Samuel Wilson, 131-138. Monrovia, CA: MARC.

“Por Que Incluir Adeptos ao Definir Não Alcançados?” [“Why Include Adherents when Defining Unreached?”]

2015 Projeto Josué. Acessado em 20 de abril de 2015. https://joshuaproject.net/assets/media/articles/why-include-adherents-when-defining-unreached.pdf.

Winter, Ralph D. e Bruce Koch

2009 “Concluindo a Tarefa: O Desafio dos Povos Não Alcançados” [“Finishing The Task: The Unreached Peoples Challenge”], in: Perspectivas no Movimento Cristão Mundial [Perspectives on the World Christian Movement], 4ª Ed., Editado por Ralph D. Winter e Steven C. Hawthorne, 531-546. Pasadena, CA: William Carey Library.

Winter, Ralph D.

1978 Cruzando as Últimas Fronteiras [Penetrating the Last Frontiers]. Pasadena, CA: William Carey Library.

______.

1981 “Perspectivas da Missão de Fronteira” [“Frontier Mission Perspectives”], in: Sementes da Promessa: Conferência Mundial sobre Missões de Fronteira [Seeds of Promise: World Consultation on Frontier Missions], Edimburgo 80, editado por Allan Starling, 45-99. Pasadena, CA: William Carey Library.

______.

1982 “Enfrentado as Fronteiras” [“Facing the Frontiers”]. Mission Frontiers, outubro-novembro. http://www.missionfrontiers.org/issue/article/facing-the-frontiers.

______.

1984 “Povos Não Alcançados: O Desenvolvimento do Conceito” [“Unreached Peoples: The Development of the Concept”], in: Alcançando os Não Alcançados: O Novo Desafio Antigo [Reaching the Unreached: The Old-New Challenge], editado por Harvie M. Conn, 17–43. Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Company.

______.

1984 “Povos não alcançados: o que são e onde estão?” [“Unreached Peoples: What Are They and Where Are They?”], in: Alcançando os Não Alcançados: O Novo Desafio Antigo [Reaching the Unreached: The Old-New Challenge], editado por Harvie M. Conn, 44–60. Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Company.

______.

2008 Fronteiras na Missão: Descobrindo e Superando Barreiras para a Missio Dei [Frontiers in Mission: Discovering and Surmounting Barriers to the Missio Dei]. Pasadena, CA: William Carey International University Press.

Xie, J., S. Sreenivasan, G. Korniss, W. Zhang, C. Lim e B. Szymanski

2011 “Consenso Social Através da Influência de Minorias Comprometidas” [“Social Consensus Through the Influence of Committed Minorities”]. Physical Review E 84, 011130, 2011, 1.

[*] Missão de Fronteira caracteriza-se pelo pioneirismo: chegar aonde a igreja ainda não chegou, em local onde não há outros missionários ou cristãos. (N. do E.)

[†] Apesar de haver uma Junta de Missões Mundiais no Brasil (JMM), a sigla se refere à original americana, como todas as outras, pelo fato de este artigo ser um histórico das missões americanas. (N. do T.)

[1] Patrick Johnstone, O Futuro da Igreja Global [The Future of the Global Church] (Colorado Springs, CO: Global Mapping International, 2011), 165.

[2] A citação de Barrett por Winter é um pouco enganosa porque quando Barrett a escreveu, em 1968, o conceito de povos não alcançados estava surgindo. Embora Barrett tenha notado mudanças significativas em um povo em que mais de 20% tenha se tornado adepto do cristianismo, ele não estava, sob hipótese alguma, fazendo qualquer declaração consciente sobre 20% ou menos como um critério para ser “não alcançado”. Agradeço a Gina Zurlo, do Centro para o Estudo do Cristianismo Global [Center for the Study of Global Christianity], por sua visão sobre o pensamento de Barrett.

[3] Ralph D. Winter, “Povos Não Alcançados: O Desenvolvimento do Conceito” [“Unreached Peoples: The Development of the Concept”], in: Alcançando os Não Alcançados: O Novo Desafio Antigo [Reaching the Unreached: The Old-New Challenge], ed. Harvie M. Conn (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1984), 36-37.

[4] É importante notar que “evangelização” para alguns significa apenas proclamação, enquanto para outros significa proclamação e resposta. O primeiro enfatiza a exposição de uma pessoa ou grupo que toma conhecimento do evangelho, enquanto o último enfatiza a resposta positiva ao evangelho (“Ide e fazei discípulos…”). Visto que Apocalipse (5.9 e 7.9) prediz e promete que alguns de todas as tribos, línguas e nações encontrarão seu lugar na assembleia celestial, este autor assume o último significado ao longo do artigo.

[5] Nosso foco na Missão Frontier Ventures (anteriormente “Centro Norte-Americano de Missões Mundiais” [US Center for World Mission]) tem sido e continua sendo o de trabalhar ao lado de outros no movimento missionário pioneiro para trazer esse “ponto de inflexão” por meio do qual um grupo de crentes é capaz de evangelizar seu próprio povo.

[6] Ralph D. Winter e Bruce A. Koch, “Concluindo a Tarefa: O Desafio dos Povos Não Alcançados” [“Finishing The Task: The Unreached Peoples Challenge”], in: Perspectivas sobre o Movimento Cristão Mundial [Perspectives on the World Christian Movement], 4ª ed., Eds. Ralph D. Winter e Steven C. Hawthorne (Pasadena, CA: William Carey Library, 2009), 538.

[7] O LCWE foi estabelecido em janeiro de 1975 para implementar o ethos e a visão do Congresso Internacional sobre Evangelização Mundial [International Congress On World Evangelization (ICOWE)] de 16 a 25 de julho de 1974. Consistia no Corpo Internacional, com sete comitês regionais, um comitê executivo e quatro grupos de trabalho: Teologia e Educação, Intercessão, Comunicação e Estratégia. A primeira reunião do Grupo de Trabalho de Estratégia [Strategy Working Group (SWG)] foi em 1977.

[8] As frases “Tradição de Lausanne” e “Tradição de Edimburgo” como nomes descritivos originaram-se de Winter.

[9] É claro que nada do que está registrado aqui ocorreu no vácuo. O livro Indagação [Enquiry] de William Carey reacendeu a preocupação com os pagãos e um fluxo constante de pesquisa e promoção para esse fim pode ser visto até os dias atuais. Antecedentes do século 20 dignos de menção seriam o foco de W. Cameron Townsend nos povos tribais na América Central e a pesquisa de J. Waskom Pickett sobre os movimentos de massa na Índia na década de 1930; o trabalho contínuo de Donald McGavran sobre movimentos de povos na década de 1950; e a pesquisa na África de David Barrett e Patrick Johnstone na década de 1960.

[10] Centro Billy Graham – Arquivos: Congresso Mundial de Evangelismo [Billy Graham Center, Archives: World Congress on Evangelism], 1966, Wheaton College, Billy Graham Center, última modificação em 25 de outubro de 2006, acessado em 13 de outubro de 2015, http://www2.wheaton.edu/bgc/archives/berlin66.htm.

[11] Ted Engstrom, “O Uso da Tecnologia: Uma Ferramenta Vital de Ajuda” [“The Use of Technology: A Vital Tool That Will Help”], in: Uma Raça, Um Evangelho, Uma Tarefa [One Race, One Gospel, One Task], Volume I, Congresso Mundial de Evangelismo, Berlim 1966, Volumes Oficiais de Referência, Artigos e Relatórios [Official Reference Volumes, Papers and Reports], eds. Carl F. H. Henry e W. Stanley Mooneyham (Minneapolis, MN: World Wide Publications, 1967), 316.

[12] Ibid., 317.

[13] Ibid., 318.

[14] David A. Hubbard, “Missões e Tecnologia” [“Missions and Technology”], in: Uma Raça, Um Evangelho, Uma Tarefa [One Race, One Gospel, One Task], Volume II, Congresso Mundial de Evangelismo, Berlim 1966, Volumes Oficiais de Referência, Artigos e Relatórios [Official Reference Volumes, Papers and Reports], eds. Carl F. H. Henry e W. Stanley Mooneyham (Minneapolis, MN: World Wide Publications, 1967), 525-526.

[15] C. Peter Wagner e Edward Dayton, eds., Unreached Peoples 81: O Desafio da Tarefa Inacabada da Igreja [The Challenge of the Church’s Unfinished Business] (Elgin, IL: David C. Cook Publishing Company, 1981), 24.

[16] Outro nome significativo a ser mencionado é W. Stanley Mooneyham, vice-presidente da Associação Evangelística Billy Graham e Diretor-Coordenador do Congresso de Berlim. Quando Pierce começou a ter problemas de saúde, Mooneyham assumiu como Presidente da Visão Mundial em 1969, posição que ocupou até 1982. Engstrom tornou-se VP Executivo da Visão Mundial em 1963, e sucedeu Mooneyham como Presidente de 1982–1984.

[17] Essa influência recebeu críticas, como as dos missiólogos latino-americanos C. Rene Padilla e Samuel Escobar. Padilla escreveu uma crítica ao princípio da unidade homogênea (1982), afirmando que não havia base bíblica para a estratégia de plantação de igrejas. Por sua vez, Escobar atacou a “missiologia gerencial” oriunda de Pasadena (1999), citando a tendência de transformar a iniciativa missionária em algo administrável através de análises baseadas em métricas, estabelecimento de metas e planejamento estratégico.

[18] Greg H. Parsons, Lausanne 74: Os Escritos de Ralph D. Winter, com Respostas [Ralph D. Winter’s Writings, with Responses] (Pasadena, CA: William Carey Library, 2015), 134.

[19] Edward R. Dayton, Diretório de Povos Não Alcançados [Unreached Peoples Directory] (Congresso Internacional sobre Evangelização Mundial [International Congress on World Evangelization], 1974), 23.

[20] Ibid.

[21] Ibid.

[22] Deve-se notar que no final do diretório está incluído o questionário utilizado para a pesquisa o qual registra definições ligeiramente diferentes: “Unidade homogênea (povo ou grupo): Um segmento reconhecível da sociedade com alguma(s) característica(s) em comum. O(s) elemento(s) de união podem ser linguísticos, étnicos, geográficos, socioeconômicos, políticos, religiosos ou qualquer outro elemento… povo não alcançado/ não evangelizado: aquelas unidades homogêneas que não receberam ou responderam ao evangelho. Assim, a indiferença pode ser devido à falta de oportunidade, falta de compreensão, ou por não terem recebido informações suficientes sobre a mensagem do evangelho em sua própria língua, referencial cultural e canais de comunicação para tornar o cristianismo uma opção viável. Para o propósito deste questionário, e para o Congresso Internacional sobre Evangelização Mundial, para o qual este estudo inicial foi realizado, consideramos que um povo não é alcançado/ evangelizado quando menos de 20% são cristãos professos”, 112.

[23] David Barrett, Cisma e Renovação na África: Uma Análise de Seis Mil Movimentos Religiosos Contemporâneos [Schism and Renewal in Africa: An Analysis of Six Thousand Contemporary Religious Movements] (Nairobi: Oxford University Press, 1968), 137. Barrett também usa o critério de 20% em sua Enciclopédia Cristã Mundial [World Christian Encyclopedia], “os únicos povos que podem ser corretamente chamados de não alcançados são os mil ou mais cujas populações têm cada uma menos de 20% de evangelizados”, in: David B. Barrett, ed., Enciclopédia Cristã Mundial: Um Estudo Comparativo de Igrejas e Religiões no Mundo Moderno 1900-2000 AD [World Christian Encyclopedia: A Comparative Study of Churches and Religions in the Modern World AD 1900–2000] (Nairobi: Oxford University Press, 1982), 19. Observe que Barrett difere da maioria dos outros pesquisadores representados neste artigo porque mediu a evangelização apenas como proclamação, enquanto outros a mediram como proclamação e resposta. Ver nota 4.

[24] Ibid.

[25] Dayton, Diretório de Povos Não Alcançados [Unreached Peoples Directory], 26.

[26] Pentecost fez uma tese de mestrado em Fuller com Winter como Mentor e Glasser e Wagner na Comissão Examinadora. O artigo foi publicado em 1974 como o livro Alcançando os Não Alcançados: Um Estudo Introdutório Sobre o Desenvolvimento de uma Estratégia Para a Evangelização do Mundo [Reaching the Unreached: An Introductory Study on Developing an Overall Strategy for World Evangelization].

[27] Sua definição é “Um povo não alcançado é um grupo em que menos de 20% são cristãos praticantes”, in: C. Peter Wagner e Edward R. Dayton, eds., Unreached Peoples 79: O Desafio da Tarefa Inacabada da Igreja [The Challenge of the Church’s Unfinished Business] (Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co, 1978), 24. Embora Barrett e Wagner/ Dayton usassem o critério de 20%, eles tinham duas coisas muito diferentes em mente. Barrett estava pensando em “adeptos” (cristãos professos) e Wagner/ Dayton tinham em mente “cristãos praticantes”. Na verdade, Wagner e Dayton usaram a porcentagem de “cristãos professos” em sua lista de povos no final do livro (257), embora sua definição acima fosse “cristãos praticantes”. Supõe-se que eles tenham mudado sua definição para “cristãos praticantes”, mas sua pesquisa ainda refletia os dados de cristãos professos que haviam sido usados ​​no diretório de 1974. Na edição Unreached Peoples 80, eles corrigem essa contradição. Eles dizem: “É importante notar que esse número é a porcentagem estimada de cristãos praticantes dentro do grupo. Se o grupo foi listado em Unreached Peoples 79, o número registrado aqui provavelmente será diferente, porque esse volume registrou a porcentagem de cristãos professos (ou adeptos), que na maioria das vezes será um número maior”, in: C. Peter Wagner e Edward R. Dayton, eds., Unreached Peoples 80: O Desafio da Tarefa Inacabada da Igreja [The Challenge of the Church’s Unfinished Business] (Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co, 1980), 210. Ralph Winter chamou a mudança do termo “professos” para “praticantes” de uma mudança “fatal”. Ele diz: “Em minha própria lembrança tendenciosa, a mudança para ‘cristãos praticantes’ foi criticada quase que instantaneamente… quando a nova definição de 20% foi lançada, lembro-me de ligar para meu amigo Peter Wagner, que era o presidente do Grupo de Trabalho de Estratégia, e dizer: ‘Este é um grande erro. Quase todos os grupos em todos os lugares agora são classificados como não alcançados!’, mas era tarde demais. O Grupo de Trabalho de Estratégia era um comitê internacional, e o grupo já havia se dispersado”, in: Ralph Winter, “Povos Não Alcançados: O Desenvolvimento do Conceito [“Unreached Peoples: The Development of the Concept”], 31.

[28] Edward C. Pentecost, Alcançando os Não Alcancados: Um Estudo Introdutório sobre o Desenvolvimento de uma Estratégia Geral para a Evangelização do Mundo [Reaching the Unreached: An Introductory Study on Developing a General Strategy for World Evangelization] (South Pasadena, CA: William Carey Library, 1974). Pentecost não apenas cita Rogers em seu uso dos 20%, mas também incorpora os seus conceitos dos canais de comunicação (70), os quatro estágios do processo de decisão de inovação (71) e o uso de indicadores para medir a mudança social (79-120). Essa é a única tentativa que conheço em que a teoria da difusão da inovação é seriamente considerada um método de estudar a difusão do evangelho em um povo não alcançado.

[29] Everett M. Rogers, Difusão de Inovações [Diffusion of Innovations] (Nova York: Free Press, 1962). Rogers define difusão como “o processo no qual uma inovação é comunicada através de certos canais ao longo do tempo entre os membros de um sistema social” (2003, 5), enquanto uma inovação é “uma ideia, prática ou objeto que é percebido como novo” (12). Pentecostes, Wagner, Dayton e outros viram, obviamente, o potencial de tal pesquisa para informar a tarefa missionária de fronteira. Com base em milhares de estudos empíricos, afirma Rogers, “nenhum outro campo de pesquisa da Ciência do Comportamento representa mais esforço, de mais estudiosos, em mais disciplinas, em mais nações” (2003, xviii). Como essa pesquisa inclui muitos estudos transculturais, ela transborda de diretrizes e princípios relevantes para o teórico e o praticante da missão.

[30] Ibid. 1962, 219.

[31] Everett M. Rogers, Difusão de Inovações [Diffusion of Innovations] (Nova York: Free Press, 2003), 360.

[32] Ibid., 221–222.

[33] Ibid., 343.

[34] A pesquisa usando o modelo de Rogers pode ser feita com cada povo individualmente e, em seguida, comparada com outros. Poderíamos determinar nossas próprias variáveis, ​​ou indicadores, que afetam a taxa de adoção que brota especificamente do contexto de plantação do evangelho entre povos não alcançados. Melhores práticas e/ou princípios podem ser comparados/contrastados, e novas teorias, apresentadas.

[35] De acordo com Wagner, “Desde o seu início, o Grupo de Trabalho de Estratégia estabeleceu uma relação funcional com o Centro de Comunicação e Pesquisa Avançada de Missões [Missions Advanced Research and Communication Center – MARC] da Visão Mundial Internacional. O MARC foi pioneiro na pesquisa de povos não alcançados e desafiou a reunião de Lausanne de 1974 com os resultados preliminares. Seus escritórios, capacidade de computador, equipe competente e experiência acumulada no campo qualificam-no como a agência de pesquisa central mundial para povos não alcançados”, in: Wagner e Dayton, Unreached Peoples 79, 8. Cada volume da série contém uma lista de povos não alcançados (1979: 666 PNAs; 1980: 1.982 PNAs; 1981: 2.914 PNAs; 1982: 3.265 PNAs; 1983: 3.690 PNAs; 1984: 3.815 PNAs). O Diretório de Povos Não Alcançados original tinha uma lista de 413 grupos. Observe que há uma lacuna de quatro anos entre o diretório inicial publicado para a ICOWE em 1974 e essa série. A razão para isso é que houve demora para organizar o LCWE (1975) e o SWG (1977) após o congresso. Embora o MARC já tivesse ajudado a produzir o diretório de povos não alcançados para o Congresso de Lausanne de 1974, eles o fizeram patrocinados por Lausanne. O sétimo e último livro da série (Povos Não Alcançados: Esclarecendo a Tarefa) foi copublicado em 1987 pela Junta de Missões Estrangeiras (FMB) da Convenção Batista do Sul como o sétimo livro da série Povos Não Alcançados e o terceiro livro da série 2000 AD da FMB. Foi editado por Harley Schreck e David Barrett. Nenhuma dessas listas era abrangente.

[36] Ibid., 10.

[37] C. Peter Wagner e Edward R. Dayton, eds., Unreached Peoples 81: O Desafio da Tarefa Inacabada da Igreja com uma Seção Especial sobre os Povos da Ásia [The Challenge of the Church’s Unfinished Business with Special Section on the Peoples of Asia] (Elgin, IL: David C. Cook Publishing Co, 1981), 28.

[38] Ibid., 29.

[39] Ibid., 28-29. Wagner e Dayton também mostram uma correlação útil entre o crescimento de uma inovação ao longo do tempo à medida que adeptos iniciais, intermediários e tardios são adicionados com a Escala de Evangelismo (E-1, E-2, E-3), uma escala de Desenvolvimento Cristão (N-1, N-2, N-3) e uma Escala de Serviço (S-1, S-2, S-3). Assim, eles mostram como o evangelismo E-2 e E-3 é proeminente no início de um movimento, mas depois faz a transição para a atuação E-1 e N-1 de cristãos praticantes.

[40] Ibid., 27. A referência a povos ocultos foi uma tentativa de Wagner e Dayton de incorporar a alternativa de Winter para “não alcançados”, descrita posteriormente neste artigo. Infelizmente, eles o reduziram a um significado não pretendido por Winter. No entanto, algumas páginas depois (32), eles definem povos ocultos como “povos entre os quais não há uma igreja estabelecida”, o que é mais próximo da intenção de Winter.

[41] C. Peter Wagner e Edward Dayton, eds., Unreached Peoples 82: O Desafio da Tarefa Inacabada da Igreja, Foco em Povos Urbanos [The Challenge of the Church’s Unfinished Business, Focus on Urban Peoples] (Elgin, IL, David C. Cook Publishing Company, 1982). É de se perguntar se essa omissão teve algo a ver com o fato de que, com Unreached Peoples 82, Samuel Wilson começou gradualmente a substituir C. Peter Wagner como coeditor. A ênfase de 20% teria sido principalmente de Wagner?

[42] Edward R. Dayton e Samuel Wilson, eds., Unreached Peoples 83: Os Refugiados Entre Nós [The Refugees Among Us] (Monrovia, CA: MARC, 1983), 33. Como resultado, na edição anual de 1983, as definições de “Povos Ocultos” e “Povos de Fronteira” eram as mesmas: “Povos não Alcançados” (499). Agora havia uma definição. Observamos aqui um último fato interessante: os membros do Grupo de Trabalho de Estratégia identificados no relatório anual de 1983 representam uma mudança quase completa em relação ao grupo anterior. Wagner, nessa época, deixou de ser presidente, e Dayton assumiu. Apenas um outro membro continuou sob a presidência de Dayton.

[43] Quando se observa a produção missiológica de Winter lado a lado com seu trabalho na compra da propriedade do USCWM e na fundação de uma comunidade de sodalidade, é notável perceber que, em meio a todo o seu pensamento e escrita, o campus estava em um estado constante de perigo fiscal. Esse pode ser um dos motivos pelos quais ele preferia escrever artigos e não livros. Ele teve pelo menos duas funções de tempo integral, como missiólogo e líder organizacional.

[44] Ralph D. Winter, Cruzando as Últimas Fronteiras [Penetrating the Last Frontiers] (Pasadena, CA: William Carey Library, 1978), 39.

[45] Ralph D. Winter, Fronteiras na Missão: Descobrindo e Superando Barreiras para a Missio Dei [Frontiers in Mission: Discovering and Surmounting Barriers to the Missio Dei] (Pasadena, CA: William Carey International University Press, 2008), 133.

[46] Winter, Cruzando as Últimas Fronteiras [Penetrating the Last Frontiers], 40.

[47] Ibid.

[48] Ibid.

[49] Winter, Povos Não Alcançados: O Desenvolvimento do Conceito [Unreached Peoples: The Development of the Concept], 32.

[50] Esse folheto foi reimpresso em Unreached Peoples 79. No entanto, não encontramos ali as partes com as críticas à definição do SWG. Será que Winter removeu essa seção, não querendo criar uma tensão desnecessária? (A maior parte de sua crítica apresentada acima encontrava-se nesse trecho).

[51] Winter, Cruzando as Últimas Fronteiras [Penetrating the Last Frontiers], 40-41.

[52] Ibid., 42.

[53] Essa questão de afinidade era importante, pois as pessoas se esforçavam para saber o quão profunda a segmentação de grupos de pessoas deveria ser realizada. Seriam “Enfermeiras em St. Louis” ou “Jogadores profissionais de hóquei”, presentes nas primeiras listas, grupos distintos de pessoas? Enquanto Winter e Koch, no artigo “Concluindo a Tarefa” [“Finishing the Task”], lidam com isso distinguindo segmentos como “Sociopovos”, a ideia persiste hoje quando falamos de pessoas com deficiências (PCD) como grupos de pessoas não alcançadas. Embora normalmente vejamos grupos com deficiências em comum como sociopovos, o caso dos surdos é único, pois eles utilizam uma linguagem única.

[54] “Enquanto Pattaya 80 levava os povos não alcançados a sério, Edimburgo 80 era dedicado exclusivamente a eles”, in: Warren Webster, “Novos Rumos para as Missões Ocidentais” [“New Directions for Western Missions”] em Unreached Peoples 84: O Futuro da Evangelização [The Future of World Evangelization], Edward Dayton e Samuel Wilson, eds. (Monrovia, CA: MARC, 1984), 134. Winter tinha uma tendência única para estabelecer alternativas ao status quo, sejam definições, instituições ou, nesse caso, conferências, enquanto mantinha relações amigáveis ​​com aqueles de quem discordava. Isso deu a ele plataformas para seu pensamento pessoal, mas também o manteve à margem.

[55] Ralph D. Winter, “Perspectivas da Missão de Fronteira” [“Frontier Mission Perspectives”] in: Sementes da Promessa: Conferência Mundial sobre Missões de Fronteira [Seeds of Promise: World Consultation on Frontier Missions], Edimburgo 80, ed. Allan Starling (Pasadena, CA: William Carey Library, 1981), 61.

[56] Ibid.

[57] Ibid.

[58] Ibid., 63. Winter admite que “a realidade da diversidade humana é extraordinariamente mais complexa do que esses quatro níveis implicam. Pode-se facilmente imaginar casos em que haja muito mais do que quatro níveis”.

[59] Ibid.

[60] Ibid., 63-65, 79. A apresentação de Winter incluiu diagramas úteis que retrataram graficamente as reciprocidades entre três megaesferas diferentes (e as subesferas dentro delas), juntamente com o tipo de evangelismo necessário de uma esfera para outra.

[61] Ibid., 65.

[62] Winter, “Povos Não Alcançados: O Desenvolvimento do Conceito” [“Unreached Peoples: The Development of the Concept”], 33.

[63] Winter, Fronteiras na Missão: Descobrindo e Superando Barreiras para a Missio Dei [Frontiers in Mission: Discovering and Surmounting Barriers to the Missio Dei], 134.

[64] De acordo com Wagner e Dayton, até esse ponto essa frase é literalmente a mesma definição feita pelo Grupo de Trabalho de Estratégia [Strategy Working Group (SWG)] do Comitê de Lausanne para Evangelização Mundial [Lausanne Committee for World Evangelization (LCWE)] em sua primeira reunião em 1977, “após um longo período de pesquisa e discussão”, com a exceção de que a palavra “sociológico” foi retirada da frase original “grande agrupamento sociológico”, in: Wagner e Dayton, Unreached Peoples 81, 23. No entanto, na edição Unreached Peoples 79, a mesma definição é dada com uma frase adicional, “por causa de sua língua comum, religião, etnia, residência, ocupação, classe ou casta, situação etc., ou combinações desses” (23). Pode ser que a definição tenha sido resumida por uma questão de brevidade. Seja qual for o caso, a versão mais longa reaparece como parte da definição de Chicago de 1982.

[65] Winter e Koch, “Concluindo a Tarefa” [“Finishing the Task”], 536.

[66] Winter, Fronteiras na Missão: Descobrindo e Superando Barreiras para a Missio Dei [Frontiers in Mission: Discovering and Surmounting Barriers to the Missio Dei], 134.

[67] Dayton e Wilson, Unreached Peoples 84, 129.

[68] Winter, in: Alcançando os Não Alcançados: O Novo Desafio Antigo [Reaching the Unreached: The Old-New Challenge], pp. 37–38.

[69] Ibid.

[70] Ibid.

[71] Ibid, 39.

[72] Ibid.

[73] Ibid., 39–40.

[74] Ibid., 47.

[75] Wagner e Dayton, Unreached Peoples 79, 23.

[76] Ralph Winter, “Enfrentado as Fronteiras” [“Facing the Frontiers”], Mission Frontiers, (outubro-novembro de 1982), 13, http://www.missionfrontiers.org/issue/article/taking-the-frontiers.

[77] Ibid.

[78] Winter e Koch, “Concluindo a Tarefa” [“Finishing the Task”], 535. Esse artigo permanece como referência no que diz respeito às opiniões de Winter sobre vários aspectos do conceito de “povos”.

[79] Ibid., 539.

[80] Winter, em outra citação, diz: “Eu não aprecio esse termo. Ocorre que, por enquanto, não encontrei nada melhor e precisamos de alguma definição que trate dessa unidade específica de povos. Caso contrário, acabaremos com um megapovo como os chineses Han que, mesmo considerado um povo, na opinião de muitos não é em si mesmo um alvo missionário eficiente no sentido do que se espera que um povo não alcançado seja”, in: Ralph Winter, “Povos não alcançados: o que são e onde estão?” [“Unreached Peoples: What Are They and Where Are They?”], in: Alcançando os Não Alcançados: O Novo Desafio Antigo [Reaching the Unreached: The Old-New Challenge], ed. Harvie M. Conn (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1984), 50-51.

[81] Winter e Koch, “Concluindo a Tarefa” [“Finishing the Task”], 534–535.

[82] Ibid., 537.

[83] Seth Kaplan, “A Dinâmica Complexa dos Clãs da Somália” [“Somalia’s Complex Clan Dynamics”], Centro de Recursos de Estados Frágeis [Fragile States Resource Center], acessado em 20 de abril de 2015, http://www.fragilestates.org/2012/01/10/somalias-complex-clan-dynamics/.

[84] “Somália – Clãs” [“Somalia – Clans”], GlobalSecurity, última modificação em 8 de abril de 2015, acessado em 20 de abril de 2015, http://www.globalsecurity.org/military/world/somalia/clans.htm.

[85] Winter e Koch, “Concluindo a Tarefa” [“Finishing the Task”], 536.

[86] Ibid., 537.

[87] Barrett serviu a Junta de Missões Estrangeiras [Foreign Mission Board – FMB] até 1993, quando começou a trabalhar como pesquisador independente no Centro de Pesquisa de Evangelização Mundial [World Evangelization Research Center], também localizado em Richmond, e seu sucessor, o Centro para o Estudo do Cristianismo Global [Center for the Study of Global Christianity] (fundado em 2003 por Todd Johnson no Seminário Teológico Gordon-Conwell, em South Hamilton, Massachusetts). Ele faleceu em 2011. Junto com outro “DB” (David Bosch), Barrett e Bosch são indiscutivelmente os mais importantes missiólogos protestantes do continente da segunda metade do século 20.

[88] Harley Schreck e David Barrett, Povos Não Alcançados: Esclarecendo a Tarefa [Unreached Peoples: Clarifying the Task] (Monrovia, CA: MARC e Birmingham, AL: New Hope Publishing Co., 1987). A série Unreached Peoples, publicada todos os anos entre 1979 e 1984, com um hiato até 1987, foi de certa forma a fonte confiável para muitos sobre povos não alcançados. O sétimo livro foi uma parceria entre o MARC e a Junta de Missões Estrangeiras [Foreign Mission Board (FMB)] da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos como o sétimo livro da série Unreached Peoples e o terceiro livro da série 2000 AD da FMB.

[89] No registro de povos encontrado no livro, várias alterações são observadas em relação aos anuários anteriores. Existe apenas uma lista de povos por país. São listados povos etnolinguísticos e sociologicamente definidos, com o último apresentado em negrito. Finalmente, o critério para inclusão na lista é “apenas os povos entre os quais os membros de igreja totalizam menos de 20% da população” (15) ou “povos sobre os quais se diz haver menos de 20% da população com qualquer afiliação a uma igreja cristã” (215). Isso reflete a preferência de Barrett em contar os cristãos professos em vez de cristãos praticantes, que tinha sido a definição proposta por Wagner e Dayton. Assim, a série Unreached Peoples (incluindo o Diretório de 1974) evoluiu de cristãos professos para cristãos praticantes e depois de volta para cristãos professos. O poder dos editores!

[90] Ibid., 18–24.

[91] Ibid., 25.

[92] Ibid., 31.

[93] Ibid., 36.

[94] Ibid., 38-39.

[95] Ibid., 41-42.

[96] No trabalho editado de Harvie Conn citado várias vezes neste artigo, Alcançando os Não Alcançados: O Novo Desafio Antigo [Reaching the Unreached: The Old-New Challenge], há um capítulo de James Reapsome que basicamente é uma relação de citações de uma lista de “quem é quem” entre os líderes em missões ocidentais daquela época que contestavam a “segmentação sociológica”. Warren Webster resume desta forma: “O uso de definições sociológicas de povos tende a obscurecer e confundir o quadro quando aplicado a uma escala global”, 67.

[97] Dan Scribner, “Projeto Josué Etapa 1: Identificando os Povos Onde a Plantação de Igrejas é Mais Necessária” [“Joshua Project Step 1: Identifying the Peoples Where Church Planting Is Most Needed”], Mission Frontiers (novembro a dezembro de 1995), http://www.missionfrontiers.org/issue/article/joshua-project-step-1-identifying-the-peoples-where-churchplanting-is-most.

[98] Projeto Josué 2000 [Joshua Project 2000], 2000 AD e Além [AD2000 and Beyond], acessado em 27 de setembro de 2015, http://www.ad2000.org/joshovr.htm.

[99] “Autor: Uma Breve Biografia de Patrick Johnstone” [“Author: A Brief Biography of Patrick Johnstone”], O Futuro da Igreja Global [The Future of the Global Church] (GMI), acessado em 29 de janeiro de 2016, http://www.thefutureoftheglobalchurch.org/about/author/.

[100] “Por que incluir adeptos ao definir não alcançados?” [“Why Include Adherents when Defining Unreached?”], Projeto Josué, acessado em 20 de abril de 2015, https://joshuaproject.net/assets/media/articles/why-include-adherents-when-defining-unreached.pdf. Um adepto do cristianismo pode ser definido como qualquer pessoa que se identifique como cristão de qualquer tipo.

[101] Sam Keen e Robert Bellah, “Religião Civil: O Sagrado e o Político da Vida Americana” [“Civil Religion: The Sacred and the Political in American Life”], Psychology Today (janeiro de 1976), 64.

[102] Patrick Johnstone, O Futuro da Igreja Global [The Future of the Global Church] (Colorado Springs, CO: Global Mapping International, 2011), 224.

[103] “Por que incluir adeptos ao definir não alcançados?” [“Why Include Adherents when Defining Unreached?”], Projeto Josué, acessado em 20 de abril de 2015, https://joshuaproject.net/assets/media/articles/why-include-adherents-when-defining-unreached.pdf.

[104] Todd Johnson, mensagem de e-mail para o autor, 10 de fevereiro de 2016.

[105] Robin Dale Hadaway, “Uma Correção de Curso em Missões: Repensando o Limite de Dois Por Cento” [“A Course Correction in Missions: Rethinking the Two Percent Threshold”], Southwestern Journal of Theology 57, no 1 (2014): 22.

[106] Consulte http://www.worldchristiandatabase.org/wcd/.

[107] Consulte http://joshuaproject.net.

[108] Consulte http://peoplegroups.org.

[109] Todd Johnson, mensagem de e-mail para o autor, 8 de fevereiro de 2016.

[110] Esse gráfico foi utilizado da “Listas de Povos Globais: Uma Visão Geral” [“Global People Group Lists: An Overview”], Projeto Josué, acessado em 23 de novembro de 2015, http://joshuaproject.net/resources/articles/global_peoples_list_comparison.

[111] Adaptado de “Quantos povos existem?” [“How Many People Groups Are There?”], Projeto Josué, acessado em 23 de novembro de 2015, http://joshuaproject.net/resources/articles/how_many_people_groups_are_there.

[112] Winter, “Povos não alcançados: o que são e onde estão?” [“Unreached Peoples: What Are They and Where Are They?”], 47.

[113] “Perguntas frequentes” [“Frequently asked Questions”], “Concluindo a tarefa” [“Finishing the Task”], acessado em 29 de janeiro de 2016, http://finishingthetask.com/faq.html.

[114] Johnstone, O Futuro da Igreja Global [The Future of the Global Church], 189.

[115] Ibid., 237.

[116] Hadaway, “Uma Correção de Curso em Missões” [“A Course Correction in Missions”].

[117] Instituto Politécnico Rensselaer [Rensselaer Polytechnic Institute], “A Minoria no Controle: Cientistas descobrem o Ponto de Inflexão para a Disseminação de Ideias” [“Minority Rules: Scientists Discover Tipping Point for the Spread of Ideas”], Association for Computing Machinery, última modificação em 26 de julho de 2011, acessado em 27 de setembro de 2015, https://cacm.acm.org/careers/115120-minority-rules-scientists-discover-tipping-point-for-the-spread-of-ideas/fulltext.

[118] J. Xie, S. Sreenivasan, G. Korniss, W. Zhang, C. Lim, B. Szymanski, “Consenso Social Através da Influência de Minorias Comprometidas” [“Social Consensus Through the Influence of Committed Minorities”], Physical Review, E 84, 011130, 2011, 1.

[119] Ibid., 6.

[120] Ibid., 1.

[121] Hadaway, “Uma Correção de Curso em Missões” [“A Course Correction in Missions”], 24.

[122] Ibid., 28.

[123] Esse gráfico usou os números do Projeto Josué. Observe que quando registramos que há 5% de evangélicos ou mais, o critério de 5% de adeptos do cristianismo torna-se irrelevante, porque os evangélicos são adeptos do cristianismo.

[124] Bill Morrison, mensagem de e-mail para o autor, 8 de fevereiro de 2016.

[125] Bruce Koch, mensagem de e-mail para o autor, 13 de abril de 2015.

[126] Dan Scribner, Bill Morrison, Duane Fraser, mensagem de e-mail para o autor, 8 de abril de 2015.

[127] http://legacy.joshuaproject.net/people-selector.php.

[128] Winter e Koch, “Concluindo a Tarefa” [“Finishing the Task”], 534.

Compartilhe!
0
    0
    Seu carrinho
    Seu carrinho está vazioVoltar para as compras