Como é ser cristão na Tunísia?
Várias regiões do país não contam com a presença de um cristão sequer
Após o empate sem gols com a Dinamarca, a Tunísia enfrenta no sábado 26 de novembro a Austrália com a expectativa de, pela primeira vez, passar da fase de grupos em sua sexta participação em copas do mundo. O terceiro jogo do time é na quarta 30 de novembro contra a França, líder do grupo D.
Uma das quatro seleções árabes na primeira Copa do Mundo no Oriente Médio, a Tunísia dos é um país islâmico com cerca de 12 milhões de habitantes e apenas 23,3 mil cristãos (a maioria europeus que residem ou passam pelo país). A começar pela torcida, apontada pela mídia como uma das mais animadas e barulhentas, é uma nação com características peculiares quando comparada aos estados vizinhos. A poligamia, por exemplo, não é permitida ali, e as mulheres têm, por lei, mais direitos. Podem, por exemplo, pedir o divórcio. Muitas pessoas possuem uma conexão com a Europa – com a França, especialmente – e uma forma de olhar a vida mais ocidentalizada, ainda que sejam muçulmanos praticantes.
O norte da Tunísia é mais desenvolvido – a capital Túnis e as maiores cidades ficam na costa do Mar Mediterrâneo, a parte sul e o centro são mais rurais. Nesses locais, a presença cristã é quase inexistente.
Liberdade sob controle e democracia frágil
O país figura em 35º lugar na Lista Mundial de Perseguição (LMP) 2022 elaborada pela organização cristã Portas Abertas. Praticamente todo tunisiano se declara como muçulmano sunita, e a constituição reconhece o islamismo como religião oficial, no entanto, a constituição também garante a liberdade religiosa. A perseguição ou pressão acontecem por meio da família e da sociedade.
Quanto à prática religiosa, observam-se contradições. O exercício do judaísmo é livre, e existe uma comunidade judaica histórica no país. Já o cristianismo é visto como uma religião a ser praticada por estrangeiros, mas sem que haja proselitismo. Ao mesmo tempo, é tolerado o funcionamento de cultos cristãos com irmãos e irmãs tunisianos em templos “emprestados” de denominações históricas: anglicanos e reformados. Esses cultos acontecem na capital e no litoral semanalmente, com presença e liderança de locais.
Um pouco de história
Protetorado francês de 1883 a 1956, quando conquistou sua independência, a nação foi influenciada pelo socialismo, e liderada por presidentes que governaram em regimes de exceção na maior parte do tempo. Em 2011, a Tunísia foi o berço da chamada Primavera Árabe. Iniciou-se um processo de abertura política, mas a democracia tunisiana ainda é frágil, além de apresentar outras dificuldades características de países do Sul global. Apesar disso, o ensino é gratuito até o nível do doutorado, e há centros de saúde mesmo em regiões remotas. Infelizmente, o desemprego tem aumentado muito nas últimas décadas, a ponto de muitos cruzarem o Mediterrâneo de forma ilegal, arriscando a vida em embarcações precárias para tentar algo melhor em algum país da Europa. Outro desafio recente diz respeito ao aumento da influência de movimentos islâmicos extremistas como o Estado Islâmico.
Como já mencionado, a Igreja na Tunísia ainda é pequena, e se concentra na capital e nas cidades do litoral. No interior, existem irmãos e irmãs isolados, muitos deles sem comunhão regular. Os meios digitais têm proporcionado muita abertura para o testemunho do evangelho em países como a Tunísia, especialmente em locais mais afastados dos grandes centros.
Como orar pela Tunísia?
- Pelos cristãos de origem muçulmana, especialmente pelas mulheres, que temem ser forçadas a se casar com um islamita radical.
- Pelo governo e pela sociedade. Que o Senhor toque no coração das autoridades para que a liberdade religiosa das minorias reja respeitada.
- Pelos cristãos solitários no país, para que encontrem outros seguidores de cristo com quem possam se conectar.
- Por cristãos que estejam dispostos a viver a fé cristã e proclamar o evangelho na Tunísia.