O Islã no Brasil
A expansão da religião no País tem três fases: escravidão, imigração e conversão
Vanessa Lima
O Islã no Brasil ou o Islã à brasileira tem suas características próprias. A presença muçulmana no país é tão antiga quanto a chegada dos portugueses e tem sido crescente o contingente migratório desde o início do século passado.
Islã ou islamismo? – A etimologia e o sentido da religião islâmica
Neste artigo, o uso da categoria Islã, em vez de islamismo, tem a ver com as reflexões modernas sobre a tradução de termos para a língua portuguesa. Trata-se não apenas uma abordagem teológica do termo, mas também de significado e sentido que lhe é atribuído pelos fiéis.
Ao nos referirmos ao Islã, temos em mente a religião “pura”: os preceitos, os dogmas e a própria teologia islâmica. É uma menção ao Tawhid, que para os fiéis muçulmanos representa a virtude essencial do Islã, que é o sentido da unicidade de Deus.
O termo islamismo está mais relacionado ao Islã político, que trata das questões políticas e sociais da comunidade muçulmana no mundo.
São diferenciações importantes para a compreensão da abordagem que se pretende fazer neste texto.
A soi-disant eternidade do Islã
O Islã (do árabe الإسلام, transliteração: al-Islā), na perspectiva religiosa dos seus adeptos, é “eterno”, a verdadeira religião dada por Deus aos homens, a religião “natural” da humanidade. De acordo com a teologia islâmica, há um sentido de monoteísmo, que é “posto” no coração dos homens desde o nascimento. A consciência de um Deus único, a quem toda a humanidade nasce submissa1 ou entregue (FERREIRA, 2007, p.19).
Portanto, as demais religiões são “desvios” do caminho denominado “Senda Reta”, conforme mencionado na Sura Al Fatiha, a surata de abertura do Alcorão, onde recita-se:
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Louvado seja Deus, Senhor do Universo,
Clemente, o Misericordioso,
Soberano do Dia do Juízo.
Só a Ti adoramos e só de Ti imploramos ajuda!
Guia-nos à senda reta,
À senda dos que agraciaste, não à dos abominados, nem à dos extraviados.
A ideia de que todos os homens nascem muçulmanos é básica para se compreender o conceito de reversão. O ser muçulmano é, portanto, categorizado não apenas como um sistema de crenças ao qual o fiel se submete, mas, uma entrega, “[…] o tom, o caráter, e a qualidade da sua vida, seu estilo e disposições morais e estéticos – é sua visão de mundo – (…) suas ideias mais abrangentes (…), seus símbolos sagrados” (GEERTZ, 1978, p. 93).
Para o muçulmano, a religião é a essência da vida. Alá é uma verdade inquestionável. A conduta moral, cívica, política e pessoal do fiel são vividas de maneira a agradá-lo. O ritual religioso é inarredável da vida cotidiana.
O Islã hoje é praticado por cerca de 1,57 bilhão de muçulmanos, ou seja, quase 25% da população mundial (RIBEIRO, 2012, p. 108), distribuídos na sua maioria entre a Ásia, o Oriente Médio e a África. A maioria dos muçulmanos não é árabe. Segundo dados da Folha de S. Paulo,2 publicados em 2009, o Islã, apesar de ser uma religião em crescente expansão, ainda é minoria na Europa e nas Américas mesmo com o amplo contingente migratório.
A distribuição de muçulmanos por continente no mundo
Fonte: Folha de São Paulo, 2009 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u635475.shtml).
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O quadro acima é demonstrativo da porcentagem da população de muçulmanos nos continentes. A maioria ainda está localizada na Ásia, mas há um aumento nos continentes europeu e americano, principalmente relacionado às novas frentes de imigração.
Em alguns países, como o Brasil, os muçulmanos constituem um grupo religioso minoritário, mas que desenvolve amplas ações de proselitismo por meio dos seus centros islâmicos e mesquitas, além das suas instituições, como é o caso da Federação das Associações Muçulmanas no Brasil (FAMBRAS), com sede em São Paulo-SP, que dá apoio ao crescimento e fortalecimento das comunidades islâmicas no país.
A trajetória de implantação e crescimento do Islã no Brasil
Alguns estudiosos do islamismo remontam o início da trajetória do Islã no Brasil à chegada de Pedro Álvares Cabral,3 e nas Américas,4 à era pré-colombiana.5 É definida por Ribeiro (2012, p. 109), de modo bem apropriado, como resultado de três fases distintas: o Islã de escravidão, de imigração e de conversão. Na fase do Islã de escravidão, sabe-se que é no século 18 que são traficados os primeiros escravos negros africanos muçulmanos da região do norte da África (Sudão Central ou Nigéria), aonde o Islã chegou no século 7º. e, desde então, se configurou como uma região permeada por tradições islâmicas, costumes árabes e influências “[…] animistas e fetichistas ancestrais em diversas tribos” (RIBEIRO, 2012, p. 109).
Os negros muçulmanos que chegavam ao Brasil tinham um importante diferencial: sabiam ler e escrever, possuindo uma vasta literatura em língua árabe, além de serem exímios estrategistas de guerra, devido ao contexto social em que viviam na sua terra natal (REIS, 2012; FREIRE, 1998; RIBEIRO, 2012). Eram conhecidos como malês: “[…] o termo malê deriva de imale, que significa muçulmano em iorubá (REIS, 2012). Outra característica distintiva dos negros malês eram suas atividades:
[…] foram destinados a atividades ligadas ao comércio, tornando-se negros de ganho [escravos que faziam serviços urbanos e recebiam um salário]. Devido a esta peculiaridade, muitos dos malês chegaram, mesmo com dificuldade, a comprar a sua alforria, e até alguns desses alforriados conseguiram desenvolver patrimônio financeiro maior que certos brancos (RIBEIRO, 2012, p. 112).
Essa distinção não funcionava na prática devido às condições comuns que compartilhavam – de privação de direitos e perseguição religiosa, conforme nos diz Ribeiro:
Isso porque o Islã mesmo após a libertação dos escravos manteve-se como um fator de confraternidade, unindo os negros malês e demais escravos revertidos através de crenças e práticas em comum, funcionando como um fator identitário (RIBEIRO, 2012, p. 130).
O Islã tem uma história conflituosa com as questões da escravatura brasileira. Houve revoltas e muitos escravos foram vendidos ou migraram (no caso dos alforriados) para o Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, onde continuaram sendo muçulmanos e não malês (ARAÚJO, 2005).
Vários relatos de visitantes muçulmanos estrangeiros e pesquisadores narram a presença de negros muçulmanos e rituais religiosos atribuídos aos malês, em muitos casos até mesmo com elementos sincréticos. A palavra “oxalá”, uma possível variante da expressão islâmica Isha-Alláh, seria um exemplo desse sincretismo religioso (RIBEIRO, 2012).
No caso específico do nordeste brasileiro, que tem experimentado um forte crescimento dos fiéis muçulmanos e fundação de centros islâmicos, os primórdios da presença islâmica são quase sempre atrelados ao tráfico de negros africanos escravizados, que chegaram a partir do século 17, advindos da África muçulmana para a Bahia, Pernambuco e, posteriormente, para o Maranhão.
Uma segunda fase seria protagonizada pela imigração. Os imigrantes vieram, a princípio por volta de 1876, de países como Palestina, Líbano (sul) e Síria (Damasco), refugiando-se de conflitos étnicos e religiosos e, chegando ao Brasil, estabeleceram-se principalmente em São Paulo e Foz do Iguaçu. Eram tratados por ‘turcos’, como relata Aseff: “Se vinham do Oriente Médio, até mesmo os gregos, recebiam a mesma alcunha: ‘são todos turcos, tchê” (ASEFF apud RIBEIRO, 2012, p. 118). Não eram apenas muçulmanos, mas também adeptos do cristianismo e do judaísmo. Tornaram-se mascates, viajando grandes distâncias para comercializar mercadorias cada vez mais diversificadas.
A comunidade islâmica no Brasil firma seu aparato em território nacional na década de 1920:
Em 1928 inaugura-se na Av do Estado, em São Paulo, Capital, a primeira sociedade beneficente muçulmana no Brasil, com 62 pessoas arroladas, originárias da Siria, Líbano, Palestina, Nova Granada e Egito. Poucos anos depois, em 15 de junho de 1933 é publicada a primeira edição do jornal Sírio, AZ-ZIKRA, a primeira publicação muçulmana no Brasil. Tendo a construção iniciada em 1929, da primeira mesquita do Brasil e da América Latina; é inaugurada em 1960, no bairro do Cambuci em São Paulo. (RIBEIRO, 2012, p. 119).
A mais recente imigração de árabes muçulmanos para o país aconteceu em decorrência dos conflitos religiosos no Oriente, especialmente na Palestina, com a implantação do Estado de Israel. Esses novos imigrantes tiveram um diferencial na relação com a sua terra natal e com parentes, mantido também com a ajuda da tecnologia moderna e da internet (Farah, apud RIBEIRO, 2012, p.120).
A terceira fase da presença islâmica no Brasil é a de conversão (RIBEIRO, 2012). De fato, não há como precisar o número de convertidos, tendo em vista que no Islã não há um ritual público de conversão. Mas são os convertidos que hoje compõem o maior contingente de muçulmanos no país. Quem são essas pessoas?
O Censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta um total de 35.167 muçulmanos no país, com um crescimento de 29,1% se comparado ao Censo de 2000. Destes, 59,8% são do sexo masculino e 49,2% estão na área rural do país. As instituições muçulmanas estimam, em contrapartida, que o número total de fiéis aumentou de 600 mil em 2010 para perto de 800 mil e 1,2 milhão em 2015. Atualmente, estima-se cerca de 90 instituições islâmicas no país, um número que vem crescendo na última década.
Atualmente, há comunidades islâmicas na maioria dos estados do Nordeste: Pernambuco, Bahia, Maranhão, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte e Paraíba. As comunidades da Bahia e de Pernambuco são as mais antigas e representativas da região. Esse fenômeno de expansão do Islã, numa região de religiosidades tradicionais e com forte ênfase nas tradições familiares, torna-se um espelho para enxergarmos o novo trânsito religioso no país.
Do ponto de vista do gênero e da faixa etária, a maioria dos convertidos no Brasil é de mulheres, conforme destaca Ribeiro: “Do número total de convertidos que frequentam as mesquitas do país, cerca de 70% são do sexo feminino […], a maioria está na faixa etária entre os 20 e 40 anos” (2012, p. 122-123). Elas são sete de cada dez convertidos, geralmente divorciadas ou com filhos fora de uma união estável. Ao se converterem, adotam em sua maioria o uso do hijab, o véu islâmico e se tornam dedicadas propagadoras da religião (CARDOSO, 2014).
Do ponto de vista religioso, uma pergunta importante, é: qual a tradição religiosa que esses convertidos muçulmanos deixam para trás ao seguirem o Islã? O gráfico abaixo é bastante elucidativo ao mostrar que o fluxo religioso para o Islã no Brasil, advém, principalmente, do catolicismo, dos sem religião e do pentecostalismo protestante. É um fenômeno religioso que tem crescido e tem características inéditas: “Se a adoção do cristianismo em contextos não europeus do século XIX pôde ser definida com uma conversão à modernidade, a entrada de brasileiros no Islã pode ser vista como uma conversão à globalização” (HILU, apud CARDOSO, 2011).
Figura 1 – Fluxos entre religiões no Brasil
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Fonte: Revista Isto é, n. 2180 (2011).
Há outra frente de conversão do Islã que tem crescido: a dos jovens negros das periferias dos grandes centros, que têm encontrado, por meio da música como o hip-hop, e do esporte como o boxe, não apenas uma nova fé, mas novas oportunidades para a vida. É importante destacar que essas formas de conversão estão ligadas a formas de sociabilidade e de lazer, buscando atingir diferentes grupos etários.
O novo Islã negro foi influenciado pela luta dos direitos civis dos afro-americanos, nos anos 60 […] Cruzou então com o hip-hop do metrô São Bento, em São Paulo, nos anos 80 e 90. E ganhou impulso no 11 de setembro de 2001 […] no processo de construção da identidade, os novos convertidos trocaram perguntas e lacunas por certezas. A história é resgatada naquilo que serve a uma afirmação positiva – e as contradições, quando existem, pertencem ao outro (BRUM, 2009).
Uma última pergunta pertinente que devemos fazer é: de que modo essas pessoas têm acesso à religião islâmica no Brasil? A dawah que é “tanto o exemplo que os muçulmanos devem ser para a sociedade atraindo assim mais pessoas para o Islã, quanto ao ato de falar da religião para os não-muçulmanos” (SANTOS, apud RIBEIRO, 2012: 124) é um meio de proselitismo recorrente entre os muçulmanos. As instituições islâmicas no nosso país têm uma ampla e eficiente rede de divulgação por meio de literatura em português e distribuição gratuita do Alcorão a todos os visitantes e estudiosos que frequentam as mesquitas e os centros islâmicos, além do uso da internet, como já mencionamos, por meio de blogs, sites e redes sociais.
A internet não apenas coloca muçulmanos de todo o mundo em contato com não muçulmanos, como também possibilita o acesso a xeiques e a material pedagógico religioso para a doutrinação dos novos convertidos.
Geralmente, é no espaço virtual que são oferecidos cursos da língua árabe e sobre a religião (CHAGAS, 2006). No caso dos convertidos brasileiros, há cursos específicos sobre religião, e para os jovens, uma programação coordenada pela Liga da Juventude Islâmica e pela WAMY que consta de acampamentos, cursos sobre ecologia, concursos e dinâmicas. Para as crianças também há cursos específicos, literatura infantil, aulas de religião e de árabe.
O quadro abaixo demonstra que, no âmbito global, o Islã é a segunda maior comunidade religiosa, com 1,6 bilhão de seguidores. No Brasil, o número de seguidores aumentou 29% segundo dados comparados pelo IBGE entre 1991 a 2010.
Atualmente, são cerca de 35.167 fiéis, nascidos muçulmanos e convertidos, embora os líderes islâmicos estimem o número de 1,5 milhão de brasileiros. Nessa análise geral, e não apenas de convertidos, o número de fiéis homens (21.042) supera o de mulheres (14.124). Outra estatística apresentada é que de acordo com a União Nacional Islâmica o número de mesquitas cresceu de 70 em 2015 para 115 em 2014. Em 2005, havia apenas 4 xeiques fluentes na língua portuguesa; em 2016, eram 15.
Em 2005, apenas três xeiques eram nascidos no Brasil. Esse número cresceu para sete em 2016. O último dado diz respeito ao percentual de brasileiros que são membros das comunidades muçulmanas do Rio de Janeiro, Salvador e São Bernardo do Campo. Em 2003, a maioria era de migrantes do Oriente Médio ou seus descendentes; já em 2016, esse número reverteu-se significativamente, com um amplo crescimento do número de brasileiros convertidos ao Islã. Hoje, nessas três comunidades, o percentual de brasileiros pertencentes à comunidade e sem origem muçulmana chegou a 85% no Rio de Janeiro e 90% em Salvador.
A realidade do Islã no Brasil
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Fonte: Revista Isto é, n. 2309 (2016)
O crescimento do número de adeptos da religião islâmica está atrelado, principalmente, a conversões de brasileiros à religião por meio de contato com muçulmanos, seja nas mesquitas, nas redes sociais, nos grupos de conversas ou sites. Muçulmanos em trânsito para estudos e trabalho têm reforçado o a presença do Islã no país, além do casamento interétnico entre brasileiras (em alguns casos, cristãs) e muçulmanos estrangeiros.
Esse crescimento tem sido resultado também de uma liderança que cada vez mais é formada por xeiques que falam o português e instituições islâmicas que desenvolvem ações sociais por meio do esporte, da música e da educação. As formas de ser muçulmano também sofrem variações de acordo com a região do país: questões como o uso do véu, casamento com estrangeiros, horário das orações, frequência às reuniões da jummah (sexta-feira), datas para celebrações das principais festas, para os dias do início e do fim do Ramadã (bem como o horário do início e do fim diário do jejum, são discutidas a partir da realidade de cada grupo e definidas seguindo a orientação de instituições islâmicas nacionais).
O crescimento do Islã no Brasil é caracterizado também por uma ampla conversão de ex-protestantes pentecostais e, em alguns casos, protestantes históricos à religião. Essa é uma característica que chama a atenção por ser o Brasil um país de forte tradição cristã (católica e protestante) e pela perspectiva generalizante, dentro das igrejas protestantes, acerca de um Islã violento e opositor aos cristãos.
Diante desses dados estatísticos sobre a conversão de protestantes ao Islã, uma pergunta se faz necessária: quais são as razões que têm nos levado cada vez mais para mais perto de Meca?
Hoje estamos diante do fenômeno da crise migratória. São povos advindos de países de maioria muçulmana que estão enfrentando guerra civil. Segundo dados do CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão ligado ao Ministério da Justiça, em 2016 o número total de refugiados no Brasil era de 8.731, e desses, 2.252 eram sírios.
Igrejas cristãs têm acolhido esses refugiados (VAN DER MEER, 2017), compartilhando do cuidado e do amor de Jesus que não faz acepção de pessoas. Algumas agências cristãs no Brasil têm visto nessa migração uma oportunidade para testemunhar por meio de relações de amizade e acolhimento.
Essas iniciativas, tornam-se expressões vivas do evangelho de Cristo. Elas devem ser multiplicadas por todo o país, a exemplo do que Jesus nos exortou: “Erguei os olhos e vede os campos, pois já estão brancos para a colheita” (João 4.35). Que a Igreja de Cristo, resplandeça em meio ao desterramento, as perdas e todas as formas de sofrimento! Inch’allah!
Notas
[1] Islã provém do árabe Islām, que por sua vez deriva da quarta forma verbal da raiz slm, aslama, e significa “submissão (a Deus)”. Em árabe, Islã significa “submissão à vontade de Deus”, tendo surgido sob a influência do profeta Maomé. MONTENEGRO, 2000, p. 19.
2 Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u635475.shtml Acessado em 5 de novembro de 2012
3 “Pedro Álvares Cabral foi acompanhado em sua expedição de 1500 pelos muçulmanos: Chuhabidin Bin Májid e o navegador Mussa Bin Sáte” (Al’Jerrahi, apud ARAÚJO, 2005).
4 Em outubro de 1929, Khalid Edhem Bey descobriu por acaso na Biblioteca de Serallo, na cidade de Istambul, um mapa de pergaminho confeccionado no mês de Muharam do ano islâmico de 919 (mar/1513). O autor do mapa, Piri Muhyi´Din Re´is, era famoso navegador e cartógrafo que faleceu por volta de 1555. Esse mapa se constitui numa das frações de evidências mais conclusivas a respeito da descoberta do hemisfério ocidental pelos muçulmanos. O mapa de Piri contém informações que não poderiam ser do conhecimento de Colombo, relativas à longitude relativa correta da África e, através do Atlântico, todo o caminho desde o meridiano de Alexandria, no Egito, até o Brasil. As ilhas situadas no meio do Atlântico são apresentadas com acentuada clareza. As ilhas do arquipélago de Cabo Verde, Ilha da Madeira e Açores são mostradas na longitude perfeita. As ilhas Canárias estão afastadas por um grau de longitude. Os Andes surgem no mapa em 1513, apesar de não terem sido “descobertos” pelos europeus até 1527 com a chegada de Pizarro (QUICK, 1996, p. 16-17, apud ARAÚJO, 2005, p. 39).
5 Para melhor compreensão do assunto recomendo a leitura do trabalho de Eduardo José Santana de Araújo “Presença islâmica no nordeste do Brasil”, da Universidade Católica de Pernambuco, 2005.
Vanessa Karla Mota de Souza Lima é antropóloga e professora no Instituto Bíblico Betel Brasileiro em João Pessoa /PB. É casada há nove anos com José Neto e mãe da Sabrina e do Daniel.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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CHAGAS, Gisele Fonseca. “Identidades religiosas e fronteiras étnicas: um estudo do ritual da oração na comunidade muçulmana do Rio de Janeiro.” Dissertação de Mestrado, Niterói: UFF, 2006.
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