Crise no Planeta – Encruzilhada na Missão
por Timóteo Carriker e Matheus Ortega
Em novembro, o planeta estará diante de uma encruzilhada. Essa geração será lembrada pelas decisões que serão tomadas entre 1 a 12 de novembro, na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (COP-26). Existe hoje um consenso científico preocupante: não há mais como conter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, número acima da média global do período pré-industrial até 2040.
Para muitos leitores, isto pode parecer ter pouquíssima importância. Entretanto, o aumento da temperatura nos últimos cinquenta anos é maior que em qualquer período nos últimos milhares de anos. Isso significa que estamos vivendo uma era de aquecimento global sem precedentes na história da humanidade.
Por que o aquecimento global é um problema tão crítico?
O aumento na temperatura tem causado distorções no ecossistema e cada vez mais eventos climáticos extremos. Hoje há quatro vezes mais inundações, duas vezes mais secas e incêndios e duas vezes mais tempestades no mundo. O aquecimento global causa o derretimento das geleiras, que aumenta o nível do mar e coloca em risco milhões de pessoas que vivem perto da costa. Ele também faz com que a terra se torne improdutiva (um processo chamado desertificação), e o oceano fique mais ácido (hoje o oceano está 30% mais ácido do que cinquenta anos atrás), causando a morte de corais e a extinção de espécies marinhas.
Ainda pior: essas consequências afetam o ser humano, principalmente os mais vulneráveis. Por exemplo, 1,47 bilhões de pessoas estão expostas a eventos severos de inundações, sendo que 89% delas vivem em países de renda baixa ou média (principalmente no sudeste asiático, África e América Latina). Desde 2010, 21,5 milhões de pessoas por ano foram forçadas a deixarem seus lares por causa de questões climáticas – o dobro do número de refugiados por causa de conflitos. Ou seja, a mudança do clima é um dos problemas mais críticos que temos no mundo hoje.
O que tem causado o aquecimento global?
O grande problema é este: desde a Revolução Industrial, mais especialmente durante os últimos cinquenta anos, as emissões de carbono e de outros gases de efeito estufa na atmosfera têm se multiplicado exponencialmente. Isso está intimamente vinculado a dois fatores – a explosão populacional do último século e o desejo desenfreado de adquirir coisas (consumo) que por sua vez alimenta a indústria e a agricultura. Hoje, 97% dos cientistas concordam que o aquecimento global se deve ao fator humano (veja o gráfico no final do artigo).
Mas como podemos ter tanta certeza de tudo isto? E do ponto de vista bíblico, afinal de contas, Deus não é soberano? E as Escrituras não nos dão esperança? Essas três perguntas tratam de duas áreas principais: a científica e a bíblica. Vamos ver uma de cada vez.
O que a ciência diz sobre o aquecimento global?
Em 1988, as Nações Unidas estabeleceram o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas, mais conhecido pela sigla em inglês, IPCC, que é hoje a maior autoridade científica sobre o assunto. O mais recente relatório de avaliação (AR6) do IPCC saiu no dia 6 de agosto de 2021 e tratou sobre a explicação científica das mudanças climáticas no mundo hoje. Suas afirmações, finalizadas e aprovadas por 234 autores cientistas de 195 países, são muito preocupantes. Resumindo mais de 6 mil páginas, elas revelam que:
• As atividades humanas aqueceram o globo em ritmo sem precedentes nos últimos 2 mil anos. Em 2019, as concentrações de carbono, metano e óxido nitroso (principais gases de efeito estufa) foram as maiores já registradas na história.
• O prognóstico para os próximos anos é mais preocupante ainda: o planeta deve alcançar 1,5°C de aquecimento acima do período pré-industrial até o ano 2030 e 2,0 graus até 2040. Antes deste relatório, a previsão de alcançar 2,0 de aquecimento era para 2050. O alerta sobre o aquecimento global vem desde a Conferência de Estocolmo em 1972 quando a população mundial era de 4 bilhões. Hoje, com uma população global de quase 8 bilhões, já passou a hora de medidas drásticas internacionais e este é justamente o assunto da COP-26 no próximo mês de novembro.
• Muitas mudanças já experimentadas e porvir serão irreversíveis por séculos e até milênios, especialmente as mudanças no oceano, nas camadas de gelo e no nível global do mar. Por exemplo, o CO2 que emitimos hoje fica de 300 a 1.000 anos na atmosfera – ou seja, as consequências do que fazemos hoje serão sentidas por muitos séculos.
Infelizmente, o relatório do AR6 de agosto diz ser inequívoco que tanto os limites de aquecimento de 1,5°C como de 2°C serão ultrapassados durante o século 21, a menos que reduzamos a emissão de gases de efeito estufa a zero até 2050.
Fonte: ultimato.com.br