A compreensão de missão nos séculos 19 e 20
De expansão geográfica da fé para participação da igreja na missio Dei
Fernanda Schimenes
No século 19, a missão era entendida como uma tarefa da igreja. Mas uma nova compreensão foi surgindo e, no século 20, concluiu-se que missão é algo central para a igreja e que define a sua identidade.
Aos poucos, praticamente todas as tradições cristãs adotaram o conceito abrangente de missio Dei. Missão é, sobretudo, a missão do Deus trino de renovação de toda a criação e toda a vida humana, e a igreja participa da missão de Deus. Uma série de avanços conceituais decorreram disso.
Missão não mais diz respeito à expansão geográfica da fé do Ocidente cristão para o não-Ocidente não-cristão. A igreja é enviada por Deus a toda área habitada do mundo para manifestar de modo visível e dar a conhecer as boas-novas.
A concepção restrita a termos geográficos, inclusive, trata igreja e missão como coisas distintas, sendo que a igreja deve ser missionária, e a missão deve ser eclesial. Como diz Dean Flemming: “Não fazemos missões simplesmente. ‘Missão’ é quem somos”.
O teólogo Hendrikus Berkhof, por sua vez, chama a atenção para o caráter triplo da igreja. Além de instituição e comunidade, ela deve ser vista em termos de sua orientação para o mundo, em termos de sua influência no mundo como sal e fermento. Em todas as áreas da vida humana, a igreja é chamada a se envolver como uma presença que cura ao mesmo tempo em que é testemunha do governo de Jesus Cristo.
Essa visão mais abrangente da missão, contudo, não desconsidera a importância do aspecto transcultural da missão hoje, mas vai além do privilégio que temos de tornar o evangelho conhecido entre os chamados povos-não-alcançados.
Todos esses conceitos estão no capítulo 2 da obra A Missão da Igreja Hoje, de Michael Goheen, publicada pela Editora Ultimato em parceria com o Martureo e o Seminário Teológico Servo de Cristo.
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