Globalização: entrave ou oportunidade para glorificar a Deus por meio dos negócios?
- 10/08/2021
- Postado por: Martureo
- Categorias: Blog, Especial BAM
O capitalismo neoliberal dá a empreendedores cristãos a chance de ocupar o palco principal da globalização com seus dons
Mateus de Alhambra
Na breve reflexão a seguir, falarei de ideias dos seguintes conteúdos:
- “Globalization and the Gospel: Rethinking Mission in the Contemporary World de Lausanne Paper on Globalization” [“A globalização e o Evangelho: Repensando Missões no Mundo Contemporâneo”], Lausanne Occasional Paper 30 (LOP 30), trabalho resultante do Fórum pela Evangelização Mundial de 2004 que aconteceu em Pattaya, Tailândia.
- As partes 1 e 2 do livro Engaging Globalization: The Poor, Christian Mission, and Our Hyperconnected World (Mission in Global Comunity) [Globalização envolvente: Os Pobres, A Missão Cristã e Nosso Mundo Hipercotectado (Missão na Comunidade Global)], de Bryant L. Myers (Ada, MI: Baker Academic, 2017).
Em primeiro lugar, ressalto que os dois textos têm sido de grande valia em minha preparação para atuar com Negócios como Missão (ou, no inglês, Business as Mission – BAM) na Ásia. Eles reforçam o papel-chave que os empreendedores podem desempenhar para testemunhar do amor de Deus e ser um sinal de seu reino. Recomendo a leitura!
Ainda que haja 13 anos de diferença entre os conteúdos do LOP 30 e do livro de Myers – período no qual o mundo enfrentou a crise de 2008-2009, que levantou suspeitas em relação ao capitalismo neoliberal; bem como a eleição de Trump em 2016, reforçando o nacionalismo – os dois textos concordam que nossa missão, como corpo de Cristo, é exercer influência em pelo menos três “domínios da globalização” (Myers, p. 44) ou “modeladores de pensamento” (LOP 30, Apêndice B):
- Economia ou negócios;
- Arte ou cultura;
- Governo.
Como o documento de Lausanne pontua com precisão:
Um enorme desafio para os cristãos no futuro é como integrar a influência do evangelho com os demais agentes de influência no processo de globalização. Se isso puder ser alcançado, então o evangelho terá um maior impacto na sociedade que na história recente. Isso seria uma missão holística. (LOP 30, Apêndice B)
Nas palavras de Myers:
Dizer que a globalização é um fenômeno emergente de um sistema social complexo que não pode ser dirigido ou gerenciado não significa dizer que ela não possa ser moldada ou influenciada. (p. 55-56)
E qual seria a principal área de influência no mundo globalizado de hoje?
Lançando mão da metáfora já utilizada por outras pessoas sobre o oceano, distinguimos globalização de globalismo da seguinte forma:
- Globalização – processos transfronteiriços: superfície do oceano;
- Globalismo – forças ideológicas globais: (sub)correntes do oceano.
Assim, tanto o texto de Lausanne (p. 17, tópico 3.2) como o de Myers (p. 55) concordam que, neste século 21, o principal fator de influência – ponto central do globalismo – é o capitalismo liberal. Segundo o texto de Lausanne:
Se a globalização propriamente dita é o oceano, os globalismos são como as poderosas correntes e ressacas que empurram as pessoas em certas direções. Essas correntes direcionam a maneira como as pessoas, na costa ou na superfície, percebem e navegam nesses extensos corpos d’água. […] Sem dúvida, a forma mais poderosa de globalismo nas últimas décadas tem sido a do capitalismo neoliberal, o conjunto de ideias que controla tudo que sustenta uma reorganização mundial das instituições econômicas e políticas após a Segunda Guerra Mundial, que ganhou popularidade global no final dos anos 1970 e início dos anos 1980.
Uma vez que as bases para a construção do capitalismo neoliberal são negócios (isto é, empresas que buscam o lucro), empreendedores cristãos em todo o mundo têm a grande oportunidade de ocupar o palco principal da globalização com seus dons, talentos, habilidades e recursos como empresários para testemunhar fielmente de Jesus Cristo, seu CEO de segunda a segunda. A isso chamamos Negócios como Missão, modelo em que testemunhar de Cristo é tão importante quanto gerar lucro.
Com o objetivo de demonstrar o amor de Jesus, ao moderar e influenciar o capitalismo neoliberal nos negócios, empresas que atuam no modelo BAM buscam também um impacto social e ambiental positivo, reconciliando todas as coisas em Cristo.
Para um impacto social positivo, empresas são projetadas para contratar pessoas em situação análoga à escravidão, que estão na prostituição (Negócios de Liberdade[1]), moradores de favelas, refugiados ou pessoas em situação de rua, reconciliando-as com seus semelhantes e com Deus. Isso ajudaria a resolver o problema da desigualdade de renda, uma das questões centrais de preocupação da globalização.
Para um impacto positivo em termos ambientais, os negócios devem ser projetados levando em conta práticas de sustentabilidade, dentre as quais a reciclagem do lixo, busca por fontes de energia renováveis e não poluentes, respeito às normas ambientais etc., reconciliando as pessoas com o meio ambiente e com Deus. Isso está relacionado com a “saúde do planeta”, uma das questões da globalização que Myers alerta como sendo preocupante (p. 60).
Nas palavras do movimento BAM Global, Negócios como Missão são:
- Lucrativos e sustentáveis;
- Intencionais quanto ao propósito do reino de reino de Deus e seu impacto sobre pessoas e nações;
- Focados na transformação holística e com alvos e diretrizes nas áreas econômica, social, ambiental e espiritual;
- Preocupados com os mais pobres do mundo e com as pessoas menos evangelizadas.
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Sobre o autor
Mateus de Alhambra – o nome foi alterado por precaução pelo contexto sensível da região para onde vai se mudar em breve – está hoje nos EUA se preparando para, junto com sua esposa e filhos – ser testemunha do Senhor Jesus e de todo seu ensinamento em um contexto majoritariamente muçulmano na Ásia por meio de um negócio transformacional.
[1] Saiba mais em: http://www.freedombusinessalliance.com/.