Globalização: entrave ou oportunidade para glorificar a Deus por meio dos negócios?

O capitalismo neoliberal dá a empreendedores cristãos a chance de ocupar o palco principal da globalização com seus dons

Mateus de Alhambra

Na breve reflexão a seguir, falarei de ideias dos seguintes conteúdos:

Em primeiro lugar, ressalto que os dois textos têm sido de grande valia em minha preparação para atuar com Negócios como Missão (ou, no inglês, Business as Mission – BAM) na Ásia. Eles reforçam o papel-chave que os empreendedores podem desempenhar para testemunhar do amor de Deus e ser um sinal de seu reino. Recomendo a leitura!

Ainda que haja 13 anos de diferença entre os conteúdos do LOP 30 e do livro de Myers – período no qual o mundo enfrentou a crise de 2008-2009, que levantou suspeitas em relação ao capitalismo neoliberal; bem como a eleição de Trump em 2016, reforçando o nacionalismo – os dois textos concordam que nossa missão, como corpo de Cristo, é exercer influência em pelo menos três “domínios da globalização” (Myers, p. 44) ou “modeladores de pensamento” (LOP 30, Apêndice B):

  1. Economia ou negócios;
  2. Arte ou cultura;
  3. Governo.

Como o documento de Lausanne pontua com precisão:

Um enorme desafio para os cristãos no futuro é como integrar a influência do evangelho com os demais agentes de influência no processo de globalização. Se isso puder ser alcançado, então o evangelho terá um maior impacto na sociedade que na história recente. Isso seria uma missão holística. (LOP 30, Apêndice B)

Nas palavras de Myers:

Dizer que a globalização é um fenômeno emergente de um sistema social complexo que não pode ser dirigido ou gerenciado não significa dizer que ela não possa ser moldada ou influenciada. (p. 55-56)

E qual seria a principal área de influência no mundo globalizado de hoje?

Lançando mão da metáfora já utilizada por outras pessoas sobre o oceano, distinguimos globalização de globalismo da seguinte forma:

  • Globalização – processos transfronteiriços: superfície do oceano;
  • Globalismo – forças ideológicas globais: (sub)correntes do oceano.
Segundo Myers, os cristãos podem moldar e influenciar a globalização segundo os valores do reino de Deus.

Assim, tanto o texto de Lausanne (p. 17, tópico 3.2) como o de Myers (p. 55) concordam que, neste século 21, o principal fator de influência – ponto central do globalismo – é o capitalismo liberal. Segundo o texto de Lausanne:

Se a globalização propriamente dita é o oceano, os globalismos são como as poderosas correntes e ressacas que empurram as pessoas em certas direções. Essas correntes direcionam a maneira como as pessoas, na costa ou na superfície, percebem e navegam nesses extensos corpos d’água. […] Sem dúvida, a forma mais poderosa de globalismo nas últimas décadas tem sido a do capitalismo neoliberal, o conjunto de ideias que controla tudo que sustenta uma reorganização mundial das instituições econômicas e políticas após a Segunda Guerra Mundial, que ganhou popularidade global no final dos anos 1970 e início dos anos 1980.

Uma vez que as bases para a construção do capitalismo neoliberal são negócios (isto é, empresas que buscam o lucro), empreendedores cristãos em todo o mundo têm a grande oportunidade de ocupar o palco principal da globalização com seus dons, talentos, habilidades e recursos como empresários para testemunhar fielmente de Jesus Cristo, seu CEO de segunda a segunda. A isso chamamos Negócios como Missão, modelo em que testemunhar de Cristo é tão importante quanto gerar lucro.

Com o objetivo de demonstrar o amor de Jesus, ao moderar e influenciar o capitalismo neoliberal nos negócios, empresas que atuam no modelo BAM buscam também um impacto social e ambiental positivo, reconciliando todas as coisas em Cristo.

Para um impacto social positivo, empresas são projetadas para contratar pessoas em situação análoga à escravidão, que estão na prostituição (Negócios de Liberdade[1]), moradores de favelas, refugiados ou pessoas em situação de rua, reconciliando-as com seus semelhantes e com Deus. Isso ajudaria a resolver o problema da desigualdade de renda, uma das questões centrais de preocupação da globalização.

Oferta de emprego a pessoas que estão se prostituindo, em situação de rua, em situação análoga à escravidão, refugiados e moradores de favelas: impacto social positivo

Para um impacto positivo em termos ambientais, os negócios devem ser projetados levando em conta práticas de sustentabilidade, dentre as quais a reciclagem do lixo, busca por fontes de energia renováveis e não poluentes, respeito às normas ambientais etc., reconciliando as pessoas com o meio ambiente e com Deus. Isso está relacionado com a “saúde do planeta”, uma das questões da globalização que Myers alerta como sendo preocupante (p. 60).

Nas palavras do movimento BAM Global, Negócios como Missão são:

  • Lucrativos e sustentáveis;
  • Intencionais quanto ao propósito do reino de reino de Deus e seu impacto sobre pessoas e nações;
  • Focados na transformação holística e com alvos e diretrizes nas áreas econômica, social, ambiental e espiritual;
  • Preocupados com os mais pobres do mundo e com as pessoas menos evangelizadas.

 

Quer saber mais sobre BAM?

Leia o artigo “Deus se interessa por negócios”.

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Sobre o autor

Mateus de Alhambra – o nome foi alterado por precaução pelo contexto sensível da região para onde vai se mudar em breve – está hoje nos EUA se preparando para, junto com sua esposa e filhos – ser testemunha do Senhor Jesus e de todo seu ensinamento em um contexto majoritariamente muçulmano na Ásia por meio de um negócio transformacional.

 

[1] Saiba mais em: http://www.freedombusinessalliance.com/.

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