O mundo budista: como surgiu e onde há mais adeptos

Já considerou ser uma testemunha de Cristo entre eles?

Alex G. Smith

O Profeta Daniel estava em um palácio babilônico quando um príncipe hindu, Gautama Siddharta, nasceu em um palácio da tribo Shakya no norte da Índia (agora Nepal). Isso foi cerca de 560 anos antes do nascimento de Jesus Cristo. Israel já estava em cativeiro, sob o julgamento de Deus por falhar como seu povo. O templo glorioso tinha sido destruído 23 anos antes. Gautama tornou-se o fundador do budismo. Nesse período, além do budismo, outras religiões orientais começaram a ser difundidas, incluindo o confucionismo, o taoísmo, o xintoísmo e o jainismo. Parece que o fracasso espiritual de Israel abriu a porta para uma onda de novas religiões humanistas. Que lição para a igreja nos tempos pluralistas de hoje!

Três períodos

A vida de Gautama é vista em três períodos. Primeiro foi o da abundância. Seu pai o mimou com luxo e prazer, protegendo-o de ver dor e sofrimento e o impedindo de entrar em contato com a morte e o fracasso. Com 19 anos, ele era casado e tinha um filho.

O segundo período começou quando, certo dia, ele foi para além das paredes protetoras do palácio, e teve visões de quatro pessoas — velho, doente, morto e ascético. Isso o chocou, e, naquela noite, sem acordar sua esposa ou filho, ele saiu do palácio. Pelos próximos seis anos, Gautana seguiu a rigorosa seriedade de uma vida devota e disciplinada. Um dia, por causa da fraqueza do jejum, ele quase se afogou tomando banho. Ele percebeu, então, que esse caminho rigoroso não forneceu as respostas à vida.

De volta à Bodh Gaya, ele começou o terceiro período, o de busca e indagação. Gautama meditou profundamente sob a figueira de Bo por sete semanas. Foi durante esse tempo que ele recebeu o esclarecimento, que inclui as chamadas quatro nobres verdades:

  1. Tudo é sofrimento;
  2. A causa do sofrimento é o desejo;
  3. A solução é extinguir o desejo;
  4. O método para fazê-lo é por meio do nobre caminho óctuplo.

Negando a existência de Deus, alma ou seres espirituais, o Buda, como ele agora era chamado, ensinava que o carma (causa e efeito) de vidas passadas resulta no constante ciclo de nascimento, morte e renascimento (reencarnação). Ele acreditava que a única maneira de ser livre disso é por meio do esforço próprio e individual. Imediatamente, encontrou cinco homens devotos e pregou para eles no Parque das Gazelas. Eles foram convertidos e formaram a primeira sangha budista ou comunidade. Ele também viu muitos membros da família e pessoas famosas se tornando seus seguidores. O Buda morreu cerca de 480 a.C., provavelmente de intoxicação alimentar.

Expansão

Nos primeiros duzentos anos, o budismo ficou confinado ao norte da Índia. Durante o reinado de Asoka (274-232 a.C.), contudo, expandiu-se dramaticamente: o governante consolidou suas conquistas enviando missionários budistas para pregar e converter as pessoas em todas as frentes – norte, sul, leste e oeste. Assim, toda a Índia passou por uma influência budista. Asoka também enviou seu própio parente como missionário para o Ceilão. O budismo se espalhou para a China (país que hoje concentra a maior população budista do mundo), o Afeganistão e chegou até a Grécia e Cirene (norte da África). Mais tarde, expandiu-se pela península coreana e Japão, pelas Índias Orientais (Indonésia) e por todo o sudeste Asiático. Dentro de 1.500 anos, o budismo tinha coberto e controlado grande parte das culturas da Ásia. Ele mantém uma influência dominante na Ásia desde então.

Desde o início dos nestorianos até o Ceilão (537 d.C.) e para a China (635 d.C.), as missões cristãs enfrentaram uma forte resistência dos povos budistas. Em termos numéricos, foram mínimos os frutos para o cristianismo (geralmente menos de 1%), exceto na Coreia do Sul, embora mais de dois terços desse país ainda não reconheça Cristo. O alcance cristão em terras budistas é como cortar a água de um lago com uma espada: imediatamente depois, nenhuma impressão perceptível é vista.

Assimilação

Em contrapatida, por onde o budismo se espalhou, teve o efeito de um aspirador de pó, sugando as religiões nativas sob seu amplo guarda-chuva. Assim, dominou e integrou estruturas de crenças locais, incluindo animismo e outros ismos, mas sem excluí-los nem destrui-los. Surgiram, então, uma grande variedade de sociedades budistas. A fusão de muitos elementos religiosos sob o budismo produziu uma forte identidade nacional, racial e religiosa com o budismo. Isso se tornou a mais forte barreira à conversão e um teimoso obstáculo à evangelização. “Ser tailandês, birmanês, tibetano, laociano… é ser budista”. A força da filosofia e conceito implícitos entre os povos asiáticos foi vista quando a pressão repressiva e severa do comunismo foi relaxada no início dos anos 90. O budismo imediatamente se recuperou em países como Mongólia, Vietnã e China, assim como uma bola de borracha é restaurada imediatamente quando a pressão do polegar é liberada.

Uma religião global

Hoje, em suas formas variadas, a influência onipresente de uma cosmovisão budista satura os povos da Ásia e cobre todos os continentes, incluindo os avanços populares do século 20 para o Ocidente. Ele recuou na Índia quando foi reabsorvido pelo hinduísmo, embora um novo movimento de renascimento tenha surgido recentemente por lá. O budismo hoje influencia cerca de um bilhão de pessoas[1], principalmente do sul da Rússia à Indonésia e do oeste da Índia ao Japão. Essa região citada é a metade oriental da chamada Janela 10/40, onde quase metade da humanidade vive e onde a maioria dos povos não alcançados pelo evangelho se encontra. Boa parte dos que ali vivem é afetada por alguma forma de budismo.

Desse modo, o desafio para a igreja do século 21 é se sacrificar e mostrar paciência, perseverança e pureza de vida para alcançar esse grande bloco budista restante. Trata-se de um chamado para:

  • Orar;
  • Ir;
  • Enviar;
  • Evangelizar;
  • Plantar igrejas entre todos os povos budistas da Ásia.

A OMF atua entre os budistas há 135 anos. Que tal se juntar a nós para promover o evangelho entre eles no século 21?

Quer saber mais sobre o budismo e as religiões asiáticas?

Acesse aqui uma seleção de 16 artigos sobre o tema.

Sobre o autor
Alex Smith é missionário da OMF Internacional há 45 anos. Serviu por duas décadas entre budistas na Tailândia, e, desde então, ministra ao redor do mundo. Ele dá aulas sobre o Budismo, Cristianismo e Religiões Globais em seminários na Ásia e no ocidente.

Esse blogpost é o capítulo 3 do livro O Budismo através do olhar cristão, de Alex Smith, publicado pela OMF Internacional (OMF Books) em parceria com a Sepal. A edição em português é de 2017 e segue versões anteriores em alemão e espanhol. A publicação pelo Martureo foi devidamente autorizada pela OMF.

[1] Apesar de influenciar cerca de 1 bilhão de pessoas, aproximadamente 500 milhões (cerca de 7% da população mundial), declaram-se budistas no mundo hoje.

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